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Museu do Neo-Realismo dedica três dias a Margarida Tengarrinha

De 25 a 27 de Outubro, o Museu do Neo-Realismo terá uma programação especial dedicada a Margarida Tengarrinha, artista plástica, escritora e resistente antifascista.

Créditos / Terratreme

O museu chama-lhe um fim-de-semana de homenagem, com a programação a arrancar na sexta-feira. O documentário Clandestina, de Maria Mire, será apresentado às 21h na presença da realizadora. Integrado no Ciclo de Cinema Realismos Contemporâneos, o trabalho parte do livro Memórias de Uma Falsificadora – A Luta na Clandestinidade pela Liberdade em Portugal, de Margarida Tengarrinha, que se tornou falsificadora de documentos para garantir a segurança de outros resistentes à ditadura salazarista. «Para pensar as actuais práticas de dissidência política, mergulhamos no passado e acompanhamos a vivência de uma jovem artista», que, «convidada a entrar na clandestinidade em Portugal na segunda metade do século XX, [...] desempenhou um importante papel na resistência antifascista, tornando-se falsificadora por militância política», refere o museu na apresentação. «Através do anacronismo temporal, Clandestina é como uma missiva a um tempo porvir, uma premonição da possibilidade trágica da História se estar a repetir», acrescenta.

No sábado, 26, a partir das 16h, decorrerá uma sessão de homenagem a Margarida Tengarrinha, com a estreia do filme Alfobre, de Max Fernandes. A obra revela a conversa entre Margarida Tengarrinha e Max Fernandes a partir do texto de apresentação da Exposição Geral de Artes Plásticas, que decorreu na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Julho de 1946. Esta sessão conta com a presença do realizador e de David Santos, director científico do Museu do Neo-Realismo.

Ao longo do último dia será apresentada a gravação da entrevista realizada em casa de Margarida Tengarrinha, em 2022, no âmbito do podcast «Aviso à Navegação».

A resistente antifascista (1928-2023), militante e dirigente do PCP, manteve «uma relação de amizade e proximidade» com o Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa, a quem doou, em 1997, o espólio artístico de José Dias Coelho, seu companheiro. Em 2008, a artista fez nova doação de bens culturais próprios e de José Dias Coelho, assassinado pela PIDE em Dezembro de 1961. O museu recorda que, no ano da doação, Margarida Tengarrinha prestou uma «preciosa colaboração», no âmbito da exposição «O Desenho na Obra de José Dias Coelho», tendo sido presença assídua em diversas ocasiões.

Em 2022, a artista doou a litogravura de sua autoria, A morte de Catarina Eufémia, que integra a exposição de longa duração do Museu do Neo-Realismo – «A coragem da gota de água é que ousa cair no deserto».

Margarida Tengarrinha faleceu no dia 26 de Outubro de 2023, em Portimão. 

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