Mais de 600 organizações de agricultores, em conjunto com outras, promoveram manifestações em municípios como Aguachica (departamento de Cesar), Neiva (Huila), Cartagena (Bolívar), Montería (Córdoba), Sincelejo (Sucre), Santa Marta (Magdalena), Riohacha (La Guajira), Barranquilla (Atlántico), Tame (Arauca), Villavicencio (Meta) e Caucasia (Antioquia), mobilizando milhares de pessoas no apoio à reforma agrária.
«Que esta maciça mobilização por todo o país seja um apelo para que o Congresso, que hoje inicia uma nova legislatura, responda aos agricultores aprovando o debate da Jurisdição Agrária e as demais iniciativas para cumprir com o Acordo de Paz», afirmou a propósito a ministra da Agricultura, Martha Carvajalino.
O Comité Promotor da Coordenadora Camponesa das Caraíbas afirmou que o campesinato tem de cuidar da Reforma Agrária, pois, ao ser uma das principais bandeiras do actual governo, é alvo de ataques por parte dos sectores de direita e até dos tribunais superiores, que se recusam a favorecer as transformações urgentes exigidas pelo campo, refere a Prensa Latina.
A jornada de mobilização coincidiu com a divulgação de uma decisão do Tribunal Constitucional que declarou inexequível parte da Lei 2294 de 2023, referente aos processos de Reforma Agrária e relativos à recuperação de baldios ocupados indevidamente.
O presidente da República, Gustavo Petro, considerou que essa decisão, divulgada no dia anterior, «restringe seriamente o cumprimento do acordo de paz no seu aspecto central: a reforma agrária pacífica».
«Uma questão fundamental»
Ao discursar na abertura das sessões ordinárias do Congresso colombiano, em Bogotá, Gustavo Petro referiu-se à decisão do alto tribunal e sublinhou que «as nossas normas, as nossas leis não nos permitem fazer uma reforma agrária».
Com o chumbo do artigo sobre os baldios, para evitar que as terras públicas, comuns fossem «submetidas a mãos concentradoras e muitas vezes sanguinárias», Petro denunciou que «hoje não temos instrumentos reais para fazer uma reforma agrária», tendo ainda lembrado que se trata de uma «questão fundamental para construir uma cultura democrática e pacífica».
Ainda neste contexto, Petro falou da pobreza, da exclusão e da extrema desigualdade que afectam o país sul-americano, tendo afirmado que, se não forem resolvidos, «falar de paz não passa de um discurso estúpido».
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