O concurso lançado há mais de um ano pela Amazon prometia a instalação da sua segunda sede, pomposamente apelidada «HQ2» pela empresa, que iria criar mais de 50 mil postos de trabalho altamente qualificados e bem pagos. Em troca, a Amazon pediu tudo o que cada cidade lhe pudesse dar: borlas fiscais, promessas de investimento ou, pura e simplesmente, dinheiro.
A escolha, anunciada a 5 de Novembro, confirmou as previsões, ainda que de uma forma inesperada: afinal, a HQ2 vai dividir-se entre duas zonas próximas às cidades de Nova Iorque e de Washington, D.C., os centros financeiro e político dos EUA.
As promessas por parte dos responsáveis estaduais e locais devem permitir à Amazon encaixar, pelo menos, 4,6 mil milhões de dólares (4 mil milhões de euros) de subsídios públicos. O valor, calculado pela organização Good Jobs First, é o dobro do anunciado pela Amazon, revela o The Intercept.
Apesar de esta ser uma prática comum nos EUA, o autêntico leilão entre 238 cidades ganhou uma dimensão extrema, não só pelo número de interessados como pelos valores em causa. As ofertas ascenderam a mais de 8 mil milhões de dólares, de acordo com os dados que são conhecidos – a Amazon impôs um acordo de confidencialidade aos participantes na segunda fase do processo, após a selecção de 20 cidades, em Janeiro.
Os críticos do processo – como vários eleitos locais, estaduais e federais que participaram num protesto, esta quarta-feira, no bairro nova-iorquino seleccionado –, acusam a Amazon de ter empolado as suas intenções para garantir ganhos importantes. A escolha de Nova Iorque e da área metropolitana da capital federal era esperada, argumentam, lembrando que o governo federal é um dos principais clientes da empresa.
Com o leilão, a Amazon recolheu informação importante sobre os planos de desenvolvimento das autoridades públicas dos principais centros urbanos dos EUA. E pode ter conseguido instalar-se nos sítios onde se iria instalar de qualquer forma com benefícios que não teria de outra forma.
A empresa, fundada e presidida por Jeff Bezos, considerado o «homem mais rico do mundo» pela revista Forbes, apresentou recentemente lucros trimestrais superiores a mil milhões de dólares pela quarta vez consecutiva.
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