Na sua conta de Twitter (X), Philippe Lazzarini, comissário-geral da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (Unrwa), lembrou que esta segunda-feira era o Dia Mundial da Saúde, «um dia em que devíamos celebrar a saúde e a cura». «Em Gaza, em vez disso, fazemos luto pela perda de ambos», denunciou.
No mesmo contexto, afirmou que os trabalhadores são ali mortos ou feridos, que os centros de saúde estão constantemente sob ataque e que se esgotam os materiais médicos, sob a agressão israelita.
«O pessoal médico está exausto, depois de ter dedicado incansavelmente as suas vidas à comunidade e aos feridos. Têm constantemente de tomar decisões difíceis sobre que vidas salvar», frisou o responsável, antes de afirmar que «dois milhões de pessoas estão marcadas para o resto da vida por traumas e choques, lutando contra feridas invisíveis de saúde mental».
Lazzarini, que exigiu o cessar-fogo agora e o levantamento do cerco imposto pelas forças sionistas, declarou que os profissionais de saúde da Unrwa «realizaram mais de oito milhões de consultas desde o início da guerra».
«Trabalham 24 horas por dia para servir as suas comunidades nos nossos centros de saúde, clínicas móveis e postos médicos, apesar do bombardeamento e do cerco rigoroso», destacou.
Na véspera, o organismo de que Lazzarini é o principal responsável tinha alertado para a diminuição dos abastecimentos humanitários no enclave costeiro para níveis «perigosamente baixos».
Em comunicado, a Unwra chamou a atenção para o agravamento rápido da situação e apelou ao fim do cerco israelita e à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Quase totalidade das grávidas e lactantes em Gaza sofre de má-nutrição aguda
Uma representante da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Harris, disse que 90% das grávidas e das lactantes na Faixa de Gaza sofrem de má-nutrição aguda, frisando que a falta de equipamento médico as impede de receber o tratamento necessário.
Numa nota a propósito do Dia Mundial da Saúde, a que a Wafa faz referência, Harris apontou a grande deterioração das condições de saúde no enclave, que é alvo de uma agressão israelita há mais de um ano e meio, nomeadamente das mães e das crianças.
«Muitos deles necessitam urgentemente de tratamento. Nenhum alimento ou ajuda médica está a chegar a Gaza neste momento. As mães e as crianças já estão a sofrer, e a situação está a piorar de dia para dia», disse.
Por contraste, referiu-se ao período de cessar-fogo que a ocupação violou a 18 de Março último, frisando que, nessa «acalmia de quase dois meses, alguns hospitais conseguiram retomar os serviços».
«Conseguimos enviar equipas médicas» e «recebemos um bom apoio internacional», disse, acrescentando que, «após o fim da trégua, muitos centros de saúde foram destruídos, incluindo o Hospital Nasser».
Actualmente, há cerca de 20 hospitais a funcionar de forma parcial em Gaza, mas estes não são capazes de operar sem materiais médicos, revelou Harris, que manifestou a sua gratidão a todos os trabalhadores da saúde, que dão tudo para salvar vidas e melhorar o bem-estar, num contexto de desafios extremos.
Entretanto, a Wafa deu conta de mais bombardeamentos israelitas em vários pontos do enclave palestiniano, revelando que, desde 7 de Outubro de 2023 até ontem, pelo menos 50 752 pessoas foram mortas e explicando que se trata de dados preliminares, uma vez que há pelo menos 11 mil desaparecidos. O número de feridos subiu para 115 475.
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