«Todo o planeta é vítima da globalização cultural», sublinhou Prieto, presidente da Casa das Américas, ao intervir, esta terça-feira, no II Congresso Internacional Ciência e Educação, que decorre em Havana.
«Os grandes centros de poder impõem os seus modelos, paradigmas e estilos de vida numa tentativa de apagar a história dos países», disse, citado pela agência Prensa Latina.
«Devemos enfrentar esse fenómeno com urgência, e não sou alarmista quando se trata de algo tão tóxico», acrescentou.
«Não ouvimos estrondos de bombas, nem observamos um notável destacamento de armas, nem sentimos os danos das armas químicas, mas o colonialismo cultural passa quase desapercebido e muitos não têm a plena consciência da necessidade de travar esse processo», referiu.
«A globalização parece ingénua, surge disfarçada de modernismo e aí está a armadilha», alertou o presidente da Casa das Américas, chamando a atenção para a expressão «surfar na Internet», que, em seu entender, consiste em ver o superficial de uma notícia, não aprofundar a informação, e isto, juntamente com a preguiça intelectual, é uma «verdadeira doença».
«Qualquer enigma do pensamento é rejeitado, e apela-se à perigosa mescla entre o real e a mentira, daí a importância de que os professores ensinem a história do seu país, a trajectória dos seus heróis e, deste modo, dêem a conhecer o lugar que ocupa essa nação no contexto universal», frisou.
«Os jovens têm novos códigos para comunicar entre si e, através deles, há que transmitir-lhes o amor à sua terra, porque é inadmissível que saibam da vida de cantores famosos ou influencers, e desconheçam quem foi o mexicano Benito Juárez, o venezuelano Simón Bolívar, o argentino José de San Martín e os cubanos José Martí e Fidel Castro», disse.
«Um elemento que poderia contribuir para a batalha contra o colonialismo cultural é o uso das redes sociais e das aplicações móveis», propôs Prieto.
«Algo chave para pôr travão à loucura anti-cultural seria a actuação, de forma coerente, da escola, das instituições, dos realizadores de televisão, dos criadores de conteúdo nas redes, entre outros factores da sociedade», defendeu o intelectual.
O II Congresso Internacional Ciência e Educação, que começou na segunda-feira, continua até sexta-feira no Centro de Convenções e Eventos do Ministério da Educação, em Havana, devendo contar com a participação de 1600 docentes de 13 países, segundo informou a presidente do comité organizador, Silvia Navarro.
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