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«Aproveitar o Fórum para reforçar a unidade e retomar a iniciativa política»

As palavras são de José Ramón Balaguer, responsável das Relações Internacionais do PCC, no decorrer da primeira sessão do XXIV Fórum de São Paulo, que começou domingo e termina terça-feira em Havana.

Mais de 400 delegados participam no XXIV Fórum de São Paulo, em Havana, que decorre entre 15 e 17 de Julho
Créditos / Cancillería de Cuba

Os mais de 400 delegados participantes no Fórum centram hoje as suas atenções e debates na questão da necessidade da integração latino-americana e caribenha. De acordo com a Prensa Latina, este dia ficará ainda marcado pela realização de encontros de jovens, mulheres e deputados em que serão partilhadas as experiências dos partidos e movimentos de esquerda que se fazem representar na capital cubana.

Na jornada inaugural, este domingo, ficou patente a defesa da solidariedade para com governos da região que são alvo de ataques por parte da direita e do imperialismo, como a Venezuela, Nicarágua, Cuba e Bolívia, e com Lula da Silva, no Brasil.

Resistir e arremeter

Fundado no início dos anos 90 pelo líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, e pelo dirigente político e depois presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o Fórum de São Paulo decorre hoje num contexto de forte investida contra as forças progressistas no hemisfério. Ambas as ideias foram vincadas pela secretária executiva do organismo, Mónica Valente, no seu discurso de abertura.

«A ideia visionária destes dois líderes de constituir uma plataforma política anti-imperialista e anti-neoliberal, sob o lema da unidade e do consenso, parecia uma utopia que jamais alcançaríamos», disse Valente. «Mas, ao longo dos anos, a ideia de uma América Latina e Caraíbas soberana, integrada, com desenvolvimento económico e social para todos tornou-se possível, verdadeira, concreta», acrescentou.

No entanto, alertou para a «forte contra-ofensiva do imperialismo e do neoliberalismo» que hoje se vive, para «os ataques […] mais brutais que podíamos imaginar quando estávamos a construir esta nova América Latina e Caraíbas», indica o Cuba Debate.

Valente, que enalteceu a importância da resistência política, pediu que se faça uma «análise profunda da actual situação».

Grande apoio a Lula

Esta primeira sessão contou com a participação de várias personalidades latino-americanas, como Dilma Rousseff, presidente destituída do cargo, no âmbito do golpe em curso no Brasil, e o lutador independentista porto-riquenho Óscar López Rivera. Entre os delegados presentes, havia representantes convidados de partidos e movimentos de esquerda da Ásia, da Europa e da África.

Na sua intervenção, a ex-presidente brasileira afirmou que «o seu crime e o de Lula foi defender os humildes e a soberania sobre os recursos naturais». «Nós nunca aceitámos a entrega às transnacionais do petróleo e dos recursos do país, por isso nos perseguiram e ocorreu o golpe», declarou, citada pela Prensa Latina.

Em nome dos pequenos estados das Caraíbas, falou o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, que chamou a atenção para os ataques do imperialismo e da direita, e também não esqueceu a situação de Lula: «Um dia é a Venezuela, outro o Brasil e depois a Nicarágua. Lembremo-nos sempre do golpe de Estado contra o governo de Manuel Zelaya nas Honduras em Junho de 2009. Agora Luiz Inácio Lula da Silva está preso, mas o povo apoia-o porque continua a vê-lo como seu líder», referiu.

Sublinhou que o imperialismo fez mossa e «nos dividiu muito», mas mostrou-se confiante em que a juventude leve por diante «a luta anticolonialista, anti-imperialista, anti-neoliberal». «Para eles, devemos construir uma unidade mais ampla», frisou.

«Construir a unidade foi e é fundamental»

Falando no Palácio das Convenções, onde decorre o Fórum, o dirigente do Partido Comunista de Cuba (PCC) José Ramón Balaguer pediu aos partidos e movimentos progressistas da região que trabalhem juntos face às investidas do neoliberalismo e lembrou os apelos de Fidel Castro em prol da unidade.

«As suas reflexões a favor da mais ampla unidade anti-imperialista e em prol da integração latino-americana e caribenha, as suas críticas ao neoliberalismo e os seus apelos de firmeza e optimismo face à desintegração da URSS ainda ecoam neste recinto», disse Balaguer, que dedicou a Fidel e a Lula, «artífices da criação do Fórum», esta nova edição.

Balaguer disse que o PCC tudo fará para contribuir para que este encontro termine com acordos práticos e com uma maior consciência da necessidade de avançar na unidade: «Para os revolucionários cubanos, essa unidade continental é essencial», disse, acrescentando que «construir a unidade foi e é fundamental para neutralizar qualquer ofensiva adversária», indica o Cuba Debate.

Ramón Balaguer salientou que «a direita dedica grandes recursos financeiros para desqualificar as experiências de governos progressistas e denegrir as políticas sociais», e, por isso, pediu que não se caia no jogo de quem vê mais falhas que conquistas no momento de analisar as experiências dos últimos anos.

E insistiu: «Entre nós há mais coincidências que divergências […]. As possibilidades de vitória multiplicam-se se houver unidade.»

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