|América Latina

50 anos do Dia Internacional da Alfabetização

América Latina na vanguarda da luta contra o analfabetismo

O relatório da Unesco de 2015 refere que 98% da população jovem latino-americana estuda e possui níveis básicos de educação e alfabetização. Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua são países livres de analfabetismo.

Com o programa «Yo, sí puedo» foram alfabetizadas cerca de oito milhões de pessoas em todo o mundo
CréditosGranma

Há 50 anos, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês) declarou 8 de Setembro como Dia Internacional da Alfabetização, tendo como propósito mobilizar a comunidade internacional para a questão, e fomentando a alfabetização como instrumento de poder para as pessoas, as comunidades e as sociedades.

O 50.º aniversário da declaração do Dia Internacional da Alfabetização é comemorado pela Unesco sob o lema «Ler o passado, escrever o futuro» e visa assinalar cinco décadas de esforços e progressos, realizados à escala nacional e internacional, para aumentar as taxas de alfabetização no mundo, informa a TeleSur.

América Latina na vanguarda

O último relatório da Unesco, relativo a 2015, aponta os grandes avanços registados na América Latina e nas Caraíbas, sendo que 98% da sua população jovem estuda e possui níveis básicos de educação e alfabetização – o que a situa muito à frente de outras regiões do mundo.

Ainda assim e de acordo com os dados a Comissão Económica para a América Latina e as Caraíbas (Cepal), 9% da população latino-americana encontra-se em situação de analfabetismo absoluto.

No ano 2000, a Unesco estabeleceu um conjunto de objectivos a alcançar no âmbito do programa Educação para Todos (EPT). No relatório de monitoramento publicado o ano passado, intitulado «Educação para Todos 2000-2015: progressos e desafios», refere-se que apenas um em cada três países alcançaram essas metas – e Cuba foi o único no contexto da América Latina e das Caraíbas.

Com o programa de alfabetização «Yo, sí puedo» [Sim, eu posso], criado em Março de 2001, estima-se que a ilha caribenha tenha ajudado a alfabetizar oito milhões de pessoas em 30 países, incluindo a Venezuela e a Bolívia, que foram declarados livres de analfabetismo em 2005 e 2008, respectivamente.

Em 2009, também o Equador e a Nicarágua passaram a ser reconhecidos como países de onde o analfabetismo foi erradicado. Em Setembro de 2014, o Equador recebeu, da Unesco, o prémio de alfabetização «Rei Sejong», para destacar a excelência e a inovação nesta área.

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Redução drástica do analfabetismo

Baseando-se em dados de diversas entidades, como a Unesco e a Cepal, a TeleSur sublinha que, nos últimos cinco anos, a taxa de analfabetismo na América Latina e nas Caraíbas sofreu uma redução de 38%, persistindo, no entanto, indicadores preocupantes em diversos países.

Os países com o menor índice de analfabetismo são, de acordo com os dados referidos, o Uruguai (1,7%), a Argentina (1,9%), o Chile (4,2%) e o Paraguai (5,4%).

Países como o Peru (6,3%), o México (7,2%), a República Dominicana (9,7%), El Salvador (11,8%), o Brasil (14%) e a Guatemala (23,2%) são apontados como estando «no caminho para erradicar o analfabetismo». No caso da Guatemala e das Honduras, refere-se ainda que entre 10% e 14% dos jovens não sabem ler nem escrever.

Programas na Argentina e no Brasil com futuro?

O Programa Brasil Alfabetizado (PBA) foi criado em 2003 pelo Ministério da Educação brasileiro, com o intuito de combater o analfabetismo entre os jovens com mais de 15 anos, os adultos e os idosos. O programa, que envolve um grande número de entidades, formadores e alunos, desenvolve-se em todo o território brasileiro, com especial incidência nos municípios onde as taxas de analfabetismo são mais elevadas.

No entanto, o programa pode estar em risco, na sequência do golpe parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff e com os pacotes de medidas neoliberais anunciados e já implementados pelo presidente em exercício, Michel Temer.

Também na Argentina a questão do risco se coloca, uma vez que o actual presidente, Mauricio Macri, não tem sido parco na aplicação de medidas contra as camadas populacionais mais desfavorecidas. O Programa Nacional de Educação Básica para Jovens e Adultos, lançado em 2004 e fomentado pelos governos kirchneristas através do Ministério da Educação, Ciência e Tecnologia, visa alcançar 100 mil analfabetos, reduzindo de forma drástica o número de pessoas que não sabem ler e escrever.

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