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Assassinado na Colômbia Wilson Saavedra, ex-comandante das FARC-EP

Com o crime cometido em Tuluá (Vale do Cauca), sobe para 130 o número de ex-combatentes das FARC-EP assassinados desde a assinatura dos acordos de paz, em Novembro de 2016.

Wilson Saavedra, ex-comandante das FARC-EP, contribuiu para o processo de paz de Havana e trabalhava actualmente num projecto agrícola
Créditos / El Periódico

Wilson Saavedra, antigo comandante da Frente 21 e da coluna Víctor Saavedra Ramos, das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), foi atacado a tiro, esta terça-feira, quando se encontrava num restaurante em Tuluá, no departamento de Vale do Cauca (Ocidente da Colômbia).

Saavedra, de 49 anos, trabalhava actualmente em projectos agrícolas com outros ex-combatentes farianos, depois de ter abandonado as armas no espaço de reintegração de Marquetalia (departamento de Tolima), pelo qual foi responsável durante algum tempo. De acordo com a Contagio Radio, foi um promotor activo do processo de paz e da reintegração de ex-combatentes da guerrilha na vida civil.


Victoria Sandino, senadora pela Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC), denunciou o assassinato na sua conta de Twitter, sublinhando que «a situação de quem assinou a paz é cada vez mais crítica» e que «o governo [de Iván Duque] não mostra qualquer vontade de a resolver».

Em declarações ao periódico El Espectador, Luis Alberto Albán Urbano, também do partido FARC, disse que «Wilson era um homem dedicado à luta revolucionária, subordinado na guerra, disciplinado na paz, com a qual estava comprometido e convencido». Acrescentou que, à «campanha para dar visibilidade aos dirigentes sociais e exigir o fim destes crimes», «a extrema-direita responde com o apelo ao ódio e à estigmatização; ao assassinato e aos atentados».

Giovany Murillas, ex-combatente fariano morto na sexta-feira

Ex-guerrilheiro das FARC-EP a cumprir a fase de reintegração do departamento de Guaviare, Giovany Murillas foi morto na sexta-feira passada, depois de, dias antes, ter sido ameaçado pelas chamadas Autodefensas Gaitanistas de Colombia (AGC).

A notícia foi divulgada inicialmente pela senadora do FARC Sandra Ramírez na sua conta de Twitter, na qual mostra o panfleto ameaçador das AGC, que declara ter um «plano de extermínio» para «os guerrilheiros camuflados nas várias organizações sociais e sindicais». A este propósito, Ramírez denuncia que «o paramilitarismo continua a fortalecer-se e o Estado é cúmplice».

Perseguição política na Colômbia em crescendo

Um relatório recente do Centro de Investigação e Educação Popular (Cinep) revelou que, em 2018, morreram 648 pessoas na Colômbia como consequência da violência política.

O estudo, publicado em Bogotá com o título «Violência camuflada: a base social em risco», referiu ainda que o ano passado se registaram 1151 ameaças de morte, 22 desaparecimentos, 66 torturados e 48 atentados.

Estes números podem ser muito superiores, sublinhou o director do Cinep, Luis Guillermo Guerrero, tendo afirmado que, em mais de metade dos casos de violência registados, os perpetradores são grupos paramilitares.

Outra conclusão do relatório é a de que a violência política na Colômbia atingiu sobretudo membros de juntas de acção comunal, organizações de base que promovem processos comunitários, sobretudo em bairros e zonas rurais.

O Cinep destaca também o elevado nível de impunidade, sendo que, em 800 casos de violência contra diregentes sociais, o Ministério Público apenas decretou 34 sentenças – todas contra autores materiais, nenhuma contra os autores intelectuais dos crimes.

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