|Colômbia

Assassinados dois guardas indígenas no Norte do Cauca

A Provedoria de Justiça colombiana confirmou este sábado a morte dos 2 indígenas. O desrespeito pelos direitos dos povos originários na Colômbia esteve em destaque esta semana na sede do CPPC, em Lisboa.

O departamento do Cauca continua a ser um dos mais violentos da Colômbia, registando-se ali inúmeros ataques a dirigentes sociais, defensores dos direitos humanos e membros dos povos originários
Créditos / Semana

O provedor de Justiça da Colômbia, Carlos Negret, confirmou o homicídio de dois indígenas, na sequência de um ataque de um grupo armado ilegal no município de Caloto, no departamento do Cauca, considerado um dos mais violentos do país. Outros cinco indígenas foram atingidos a tiro.

De acordo com a Asociación de Cabildos Indígenas del Norte del Cauca (Acin), o ataque ocorreu na via principal de Caloto depois de um grupo de guardas indígenas ter sido alertado pela população do município para a colocação de engenhos explosivos.

Os indígenas assassinados são Eugenio Tenorio Yosado, de 46 anos, e Kevin Ademir Mestizo, de 23, revelou a Acin num relatório clínico, noticia a TeleSur.

A onda de assassinatos em comunidades indígenas da Colômbia levou a Organização Nacional Indígena da Colômbia (ONIC) a declarar o estado de «emergência humanitária, social e económica em todas as localidades indígenas» do país andino-amazónico.

A organização denuncia que, desde a assinatura do acordo de paz, em 2016, entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), 158 indígenas foram assassinados no país.

«Minca em defesa da vida» em Lisboa

A sede do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), em Lisboa, acolheu, no passado dia 7, a iniciativa «Minca em defesa da Vida», promovida pela associação Colombianos pela Paz, com o apoio do Fórum Indígena de Lisboa e do CPPC, segundo revela este organismo na sua página de Facebook.

No encontro, que contou com a participação e a intervenção de Abel Coicué, dirigente da comunidade Nasa e exilado político, «foi denunciado o consecutivo desrespeito, por parte do governo colombiano, pelos direitos reconhecidos constitucionalmente à população indígena» naquele país, «com ataques que passam pela violência contra as populações, pela perseguição judicial e mesmo por inúmeros e frequentes assassinatos de líderes sociais», lê-se na nota publicada pelo CPPC.

Tanto no testemunho de Coicué como no documentário exibido na ocasião – Sangre y Terra, de Ariel Arango Prada (2016) – esteve patente a repressão contra a população indígena e, em simultâneo, a sua resistência e luta pelo direito de «usufruírem das suas terras e procurarem um desenvolvimento sustentável que respeite a "Mãe Terra", recusando nestes territórios a presença do grande agronegócio», com as suas «práticas destrutivas».

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