|Síria

Ataques mais recentes da «coligação internacional» matam 40 pessoas na Síria

Pelo menos 40 civis foram mortos, este sábado, após os raides mais recentes da coligação liderada pelos EUA em Deir ez-Zor. A Rússia denunciou a situação «escandalosa» no campo de refugiados de Rukban.

Caças da coligação internacional liderada pelos EUA na Síria
Créditos / Sputnik News

Fontes locais revelaram à agência SANA, sob anonimato, que a aliança militar liderada pelos Estados Unidos bombardeou intensamente a aldeia de al-Buqa'an, perto da cidade de Hajin, junto ao rio Eufrates, cerca de 100 quilómetros a sudeste de Deir ez-Zor, matando pelo menos 40 civis – na sua maioria mulheres e crianças.

Este «massacre» tem lugar ocorre apenas dois dias depois de os caças da chamada «coligação ocidental» terem disparado mísseis para a aldeia de al-Bubadran, matando 23 civis. Na mesma semana, foram alvo de ataques as localidades de al-Shafa e al-Susah, também na província de Deir ez-Zor.

De acordo com a SANA, mais de cem civis terão perdido a vida nestes raides em que a aliança militar liderada pelos EUA alega estar a combater o Daesh – com forte presença ao longo do Eufrates, perto da fronteira com o Iraque.

No entanto, as autoridades sírias têm repetidamente acusado esta aliança militar de fazer vista grossa às acções do Daesh e de, a coberto de uma pretensa luta contra o terrorismo, «estar deliberadamente a massacrar civis sírios» e a provocar o êxodo da população na província de Deir ez-Zor.

Bombas de fósforo branco, de fragmentação e silêncio internacional

O Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros também acusa os EUA – como o fez recentemente em mais duas missivas enviadas às Nações Unidas – de recorrerem a munições com fósforo branco e bombas de fragmentação, banidas internacionalmente.

Nas cartas, as autoridades sírias afirmam que o «silêncio vergonhoso da comunidade internacional tem encorajado a coligação liderada pelos EUA a matar mais sírios e a destruir as suas propriedades», e solicitam à ONU que crie um «mecanismo internacional, independente e imparcial para investigar os crimes» que estão a ser cometidos por essa coligação.

Pela voz de Maria Zakharova, representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a Rússia reiterou a acusação, esta quinta-feira, de que os EUA estão a usar bombas de fósforo branco na província de Deir ez-Zor.

Em declarações à Sputnik, Sean Ryan, porta-voz das forças norte-americanas, disse que eram «falsas as notícias sobre a utilização de bombas de fragmentação no Leste da Síria» e que todas as operações «são realizadas ao abrigo do Direito Internacional Humanitário».

Campo de refugiados de Rukban como um «campo de concentração»

Esta sexta-feira, o Ministério russo da Defesa lançou fortes acusações aos EUA a propósito da «situação escandalosa» do campo de Rukban, localizado na Síria, junto à fronteira com a Jordânia, numa região controlada pelos EUA em redor da base ilegal de al-Tanf.

De acordo com o Ministério, vivem no campo cerca de 50 mil pessoas, 6000 das quais são membros do grupo terrorista Maghawir al-Thawra, apoiado pelos Estados Unidos. «A responsabilidade total da situação humanitária escandalosa em Rukban é dos EUA […], que usa os problemas humanitários dos refugiados para legitimar a sua presença militar no Sul da Síria», acusam os responsáveis da defesa russa, citados pela PressTV.

Para o coronel Mikhail Mizintsev, que participou em Genebra numa conferência sobre cessar-fogo e questões humanitárias, o campo de refugiados sírio faz lembrar os «campos de concentração da Segunda Guerra Mundial» – o que torna mais «lamentável», na sua perspectiva, o blackout existente sobre o assunto por parte da comunidade internacional e dos órgãos de comunicação social.

«Como é que a comunidade global, tão preocupada com os direitos humanos, se mantém teimosamente calada sobre a catástrofe humanitária dos residentes no campo de Rukban, quando, na verdade, eles são reféns?», perguntou.

Russos e sírios acusam os Estados Unidos e seus aliados de não permitirem a membros do Crescente Vermelho a entrada no campo de Rukban, além de facilitar aos terroristas o controlo do campo, bem como a utilização dos refugiados como escudos humanos.

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