|Uruguai

Aumenta no Uruguai a população em situação de rua

O Ministério do Desenvolvimento Social (Mides) do Uruguai reconheceu que 3907 pessoas se encontram em situação de rua, o que representa um aumento de 16% por comparação com 2020.

Créditos / Infoqom

De acordo com o inquérito divulgado pelo Mides, a grande maioria das pessoas sem abrigo são homens, têm em média 38 anos de idade, enquanto 18% se situam na faixa etária que vai dos 18 aos 39 anos, informa o elpais.com.uy.

O relatório divulgado pela tutela registou 3907 pessoas em situação de rua, o que representa um aumento de 16% em relação a 2020, e sublinha que há também mais pessoas (+20%) a acorrer a refúgios nocturnos e mais pessoas a dormir nas ruas (+4%), metade das quais teve pelo menos um contacto com os serviços do Ministério.

O levantamento de pessoas em situação de rua, informa a fonte, diz respeito apenas à capital, Montevideu, e foi realizado na madrugada do dia 27 de Julho, também com o apoio das Nações Unidas.

Existe «pobreza» e «crise sócio-económica»

Comentando no Twitter estes números, a deputada comunista Micaela Melgar afirmou que «cada vez mais gente acaba nas ruas com este governo» e que «são necessárias políticas para travar esta crise social».

|

Milhares de famílias no Uruguai recorrem ao apoio alimentar em tempos de pandemia

No contexto da crise económica associada à Covid-19, em 2020 surgiram cerca de 700 locais para ajudar a alimentar a população, onde chegaram a acorrer, diariamente, 55 mil pessoas.

Milhões de refeições foram distribuídas a população carencidada e afectada pela crise através do movimento popular organizado no Uruguai 
CréditosGastón Britos / montevideo.com.uy

Outros dados agora revelados mostram que 41% destes locais, conhecidos como ollas populares, foram organizados em Montevideu e 59% no resto do país. Na grande maioria dos casos, recorrem a este tipo de ajuda popular e comunitária famílias que perderam rendimentos por motivo de desemprego.

Abril e Maio foram os meses em que mais pessoas se alimentaram nestes locais. Na terceira semana de Abril do ano passado, a média semanal de refeições fornecidas atingiu as 385 mil, numa fase em que 55 mil pessoas recorriam às ollas (literalmente, panelas) diariamente.

Estes e outros dados foram divulgados anteontem pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade da República (Udelar), com a publicação do estudo intitulado Entramados comunitarios y solidarios para sostener la vida frente a la pandemia [Redes comunitárias e solidárias para manter a vida face à pandemia].

A Associação de Bancários do Uruguai (AEBU) foi uma das organizações que contribuíram para a realização do estudo. De acordo com o seu secretário-geral, Fernando Gambera, o dado «mais destacado» do informe reside no facto de 58,4% das ollas ter origem de bairro ou familiar.

Para Gambera, isso evidencia a «dimensão da importância que a solidariedade possui nos laços sociais actuais». Além dos locais dinamizados por moradores e famílias, existem ainda os que dependem de clubes desportivos, de sindicatos e de organizações sociais com militância de diverso tipo, refere elpais.com.uy.

Organização popular e desemprego

O estudo indica que 38% das pessoas encarregues de organizar os espaços de alimentação estavam desempregadas em Março de 2020, quando começou a pandemia do novo coronavírus. Por faixas etárias, 55% dos organizadores das ollas têm entre 18 e 39 anos e 35% entre 40 e 59.

|

Partidos e sindicatos uruguaios querem referendo para revogar «lei anti-popular»

Diversas organizações mobilizaram-se para recolher as primeiras 100 mil das cerca de 700 mil assinaturas necessárias para levar a referendo a Lei de Urgente Consideração, promovida pelo governo de direita.

Ponto de recolha de assinaturas «pelos nossos direitos» e contra a legislação neoliberal e anti-popular da direita
Créditos / Prensa Latina

A Frente Ampla, sindicatos e organizações sociais do Uruguai instalaram mesas, este fim-de-semana, em mais de 300 locais espalhados pelo país, com o intuito de recolher as primeiras 100 mil assinaturas do total necessário à realização de um referendo que permita revogar a Lei de Urgente Consideração (LUC), contra a qual milhares de trabalhadores se pronunciaram, em Montevideu, em Junho de 2020.

No início do mês seguinte, foi aprovada definitivamente no Senado, com o apoio da maioria de direita no poder, e promulgada pelo poder executivo.

Marcelo Abdala, secretário-geral do Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores (PIT-CNT), afirmou então que a LUC não só não dá resposta «aos problemas actuais do povo» como «não está à altura das necessidades das grandes maiorias populares», além de pôr em causa as liberdades individuais e o direito à greve.

Por seu lado, a Frente Ampla foi uma das organizações que reclamaram que a lei fosse sujeita a um amplo debate social, devido ao seu conteúdo «sensível», mas a direita argumentou que isso não era possível, em virtude das restrições impostas pela pandemia de coronavírus.

O Partido Comunista do Uruguai caracterizou a LUC como um «programa de restauração conservador, neoliberal e anti-popular», e a central sindical PIT-CNT definiu-a, na sua conta de Twitter, como «lei privatizadora, anti-popular, repressiva e concentradora».

100 mil, 300 mil, 680 mil assinaturas para travar o «desmantelamento do Estado»

A meta traçada para este fim-de-semana pela central sindical foi reunir 100 mil assinaturas, sendo que, até 8 de Julho, pretende conseguir as 700 mil requeridas – na realidade, 680 mil (25% dos eleitores inscritos nos cadernos eleitorais) – para que a autoridade eleitoral do país sul-americano possa convocar o referendo – que visa a revogação de 135 dos quase 400 artigos que a LUC contém, indica a TeleSur.

Há alguns dias, o Sindicato Único da Construção já tinha entregado 15 462 assinaturas, obtidas em diversas obras e bairros, à Comissão Pró-Referendo, que no próximo dia 11 deverá fazer um balanço desta primeira fase de recolha.

As organizações sindicais estimam que, se se mantiver o nível de mobilização actual, a campanha possa ter já 300 mil assinaturas entre o final de Fevereiro e o princípio de Março.

«Derrotar» a LUC é uma «tarefa prioritária», bem como «travar a coligação de direita no governo, o desmantelamento do Estado, a aposta na repressão e restrição da participação e do debate democrático», disse Javier Miranda, presidente da Frente Ampla, citado pela TeleSur.

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

As mulheres representam 57% dos participantes, pelo que, juntamente com os jovens, constituem o principal motor dinamizador do empenho na ajuda de emergência humanitária, destacou a Udelar.

Tendo em conta os dados qualitativos recolhidos no estudo, a Faculdade de Ciências Sociais identificou neste movimento de apoio popular dois objectivos principais: garantir «os insumos necessários para o seu funcionamento» e «transcender a questão da alimentação, seja no presente ou no curto prazo, a partir de reivindicações diversas que incluem o trabalho ou a habitação».

A questão da «politização»

Um grupo de pessoas responsáveis pela organização da olla popular do Bairro Palermo, em Montevideu, manifestou-se contra a Lei de Urgente Consideração (LUC), promovida pelo governo de direita e que partidos políticos de esquerda e sindicatos têm denunciado.

Mas isso não foi do agrado de outras organizações de apoio alimentar e gerou-se o debate em torno da assumpção de posições políticas e revindicações por parte de algumas delas.

O estudo refere que a Red de Ollas al Sur (à qual pertence a de Palermo) tomou uma posição favorável ao combate à LUC, enquanto outros colectivos, como a Red de Bella Italia, consideraram que a discussão era «fracturante». Assim, decidiu-se que cada organização de bairro teria autonomia «para apoiar ou não a derrogação» da LUC.

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

Por seu lado, a deputada Ana Olivera (Frente Ampla) disse à imprensa que o aumento das pessoas em situação de rua está relacionado com o aumento da pobreza no país e acusou o actual governo, liderado por Lacalle Pou, de incapacidade para prevenir uma situação para a qual foi avisado com antecedência.

De acordo com um relatório publicado em Maio do ano passado pelo Instituto de Economia da Faculdade de Economia, seria necessária a injecção de 22 milhões de dólares mensais para evitar que 100 mil pessoas caíssem em situação de pobreza no país, refere o portal da Frente Ampla.

Também da Frente Ampla, o senador Mario Bergara comentou na sua conta de Facebook que «o panorama económico e social continua muito complicado e preocupante». Referindo-se a números do Instituto Nacional de Estatística, disse que «100 mil compatriotas caíram para baixo da linha da pobreza», sem que se veja «uma reacção nas políticas sociais que aponte para uma mudança de cenário».

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui