|Síria

Centenas de refugiados sírios regressam finalmente a casa

São já largas centenas os refugiados sírios que deixaram o Líbano para regressar às suas casas nos arredores rurais de Damasco que as forças governamentais sírias libertaram em fins de Abril passado.

Uma refugiada síria e os seus filhos preparam-se para regressar a casa, em 3 de Julho de 2018.
CréditosRuth Sherlock/NPR / WUWM 89.7

Centenas de refugiados sírios do campo de refugiados de Arsal, no Líbano, estão a regressar às suas casas no distrito de Qualamoun, na região de Damasco, informa a agência SANA.

Os refugiados, sobretudo mulheres e crianças, estão a atravessar a fronteira sírio-libanesa em Zonrani desde o final do mês passado, como resposta à iniciativa do governo sírio para restaurar a vida normal nas áreas libertadas pelas forças governamentais nos últimos meses.

Um terceiro grupo de refugiados atravessou hoje a fronteira, em Zomrani. Os que não dispõem de transporte próprio têm à espera autocarros fretados pelo governo sírio para o transporte até às aldeias e cidades da periferia de Damasco.

Vários refugiados expressaram à SANA «a sua vontade de colaborar na reconstrução das suas terras», devastadas pela prolongada ocupação da al-Queda, sublinhando que «um ser humano fora da sua terra não tem dignidade nem futuro».

Foi em finais de Junho que o primeiro grupo, de mais de 450 refugiados, deixou Arsal com destino à Síria, nomeadamente em direcção às localidades de al-Jibba, Aasal al-Ward, Yabrud, Ras al-Maara e Filita, em Qalamoun ocidental, bem como em direcção a al-Rahiba e Jeroud, em Qalamoun al-Sharqi, nos arredores rurais de Damasco.

«Queira Deus que estejamos seguros!»

Foi com estas palavras que Hala, uma refugiada síria de 35 anos, ao volante da sua carrinha pick-up e rodeada pelos três filhos, se despediu de uma jornalista da NPR, que a descreve «abraçando o seu bebé de 10 meses, sentada no banco da frente da carrinha carregada com os poucos haveres da família (colchões, cobertores, uma pequena mala)», antes de iniciar a viagem de regresso à sua terra natal. A jornalista assistiu à partida «dos 472 sírios que se registaram para atravessar a fronteira» em 28 de Junho passado.

A repórter refere que «cerca de 3000 pessoas» responderam a um apelo recente para que os refugiados de Arsal regressem a casa em condições de segurança. O apelo foi divulgado pelos «poderosos» serviços de informação libaneses – assim refere a repórter – os quais garantem, através de ligação aos seus homólogos sírios, que os refugiados não estão a ser procurados pelas autoridades sírias por crimes nesse país.

Mais de um milhão de sírios refugiaram-se no Líbano desde o início da agressão à Síria, colocando em tensão as infraestruturas do país o qual, recorde-se, não terá mais de quatro milhões de naturais libaneses e, além dos refugiados sírios, conta com meio milhão de refugiados palestinianos.

A jornalista da NPR, insuspeita de qualquer simpatia pelo governo sírio, reconhece que as organizações humanitárias das Nações Unidas não têm tido qualquer iniciativa no regresso dos refugiados ao seu país e uma vida normal. «Não estamos a encorajar – nem a organizar – o regresso dos refugiados sírios dos seus países de asilo, incluindo o Líbano» – foram as declarações recolhidas de Rula Amin, porta-voz do Alto Comissário da ONU para os Refugiados no Médio Oriente e Norte de África - «mas respeitamos as escolhas daqueles que decidiram regressar».

Os resultados pacíficos das vitórias militares

Começam a estar à vista os resultados da libertação, pelo exército sírio, da zona estratégica de Ghouta Oriental e de Qualamoun, bem como dos diversos acordos de cessar-fogo e amnistia mediados pelos militares russos entre grupos rebeldes e o governo. Centenas de localidades retomam uma vida pacífica e o objectivo principal do governo e das populações é a reconstrução das regiões devastadas pela guerra e a retoma do convívio pacífico nas comunidades.

Ontem o AbrilAbril noticiava a chegada das tropas sírias à fronteira da Jordânia, numa imparável ofensiva na província de Daraa, no sul do país. Hoje o jornal Haaretz (Israel) informa que oficiais do autodenominado Exército Livre da Síria «enviaram mensagens às forças governamentais» dizendo que «baixariam as armas se fossem autorizados a permanecer nas suas aldeias e casas».

A Press TV (Irão) reporta a mesma notícia mas esclarece que os combatentes abrangidos pelo cessar-fogo pertencem ao grupo terrorista Frente Al-Nusra – que tinha na província de Daraa um dos seus bastiões – e que lhes foi permitido viver em condições pacíficas nas suas casas, após o desarmamento, ou, a quererem manter as armas, seriam autorizados a juntar-se às restantes forças do grupo, cujo centro de comando se encontra em Idlib, no norte da Síria.

O presidente sírio Bashar al-Assad avisou os países ocidentais que estimularam a guerra na Síria, e que agora aparecem a candidatar as suas empresas aos trabalhos de reconstrução, que os países que participaram activamente na destruição das infraestruturas sírias não devem esperar ver as suas empresas participar na reabilitação aquelas.

 

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