A afirmação foi feita num artigo de Xi Jinping divulgado esta segunda-feira pelo diário Nhan Dan (Povo), a propósito da visita de Estado ao Vietname que o secretário-geral do Partido Comunista e presidente da China iniciou ontem.
«A China está pronta para trabalhar com o Vietname para desenvolver as conquistas do passado, escrever um novo capítulo na construção da comunidade China-Vietname com um futuro partilhado e contribuir ainda mais para a construção de uma comunidade com um futuro partilhado para a humanidade», lê-se no artigo divulgado pelo jornal vietnamita.
Sublinhando que esta é a sua quarta visita ao país vizinho, Xi disse que esperava renovar os laços de amizade com os dirigentes vietnamitas e discutir formas de dinamizar a cooperação entre vizinhos que são «socialistas e amigos», e «partilham os mesmos ideais e amplos interesses estratégicos».
«A profunda amizade entre os dois partidos e os dois povos, forjada há décadas, tornou-se mais forte à medida que explorámos um caminho socialista adequado às nossas respectivas condições nacionais e avançámos nos nossos respectivos esforços de modernização», afirma.
Neste sentido, o presidente chinês insiste na importância da construção de uma comunidade Pequim-Hanói com um futuro partilhado que possua significado estratégico, na medida em que serve os interesses de ambos os países e contribui para a paz, a estabilidade, o desenvolvimento e prosperidade da região e fora dela.
China, maior parceiro comercial do Vietname há duas décadas
Xi louva o rumo que a cooperação bilateral conheceu, «mais estreita nas cadeias industriais e de abastecimento, no meio de uma lenta recuperação económica global».
«A China tem sido o maior parceiro comercial do Vietname há mais de 20 anos consecutivos, com um comércio bilateral total superior a 260 mil milhões de dólares em 2024», sublinha, antes de apontar vários exemplos concretos, como a ligação ferroviária entre os dois países e o projecto de desenvolvimento de portas fronteiriças inteligentes, que avançam de forma constante, ou os painéis solares e outros projectos de energias limpas.
No texto, Xi Jinping refere-se também às grandes mudanças – «transcendentais e históricas» – que têm lugar a nível mundial «como nunca antes», e colocam o mundo num «novo período de transformação turbulenta».
Neste contexto, defende que a Ásia representa «um novo patamar na cooperação e desenvolvimento mundiais», e diz que «a China garantirá a continuidade e a estabilidade da sua diplomacia de vizinhança», assente nos princípios de «amizade, sinceridade, benefício mútuo e inclusão».
Defender sistema centrado na ONU, multilateralismo e interesses dos países em desenvolvimento
O texto lembra que este ano se assinala o 80.º aniversário da vitória na guerra de resistência do povo chinês contra a agressão japonesa e na Guerra Mundial Antifascista, bem como o 80.º aniversário da fundação das Nações Unidas.
«Os nossos dois países devem defender firmemente o sistema internacional centrado na ONU e a ordem internacional assente no direito internacional», declara Xi, que também defende a promoção de «um mundo multipolar equitativo e ordenado» e de «uma globalização económica inclusiva e benéfica para todos», bem como o trabalho com o Sul Global, com vista à «defesa dos interesses comuns dos países em desenvolvimento».
«As guerras comerciais e as guerras tarifárias não terão vencedores, e o proteccionismo não levará a lado nenhum», destaca Xi, afirmando que China e Vietname «devem salvaguardar decididamente o sistema de comércio multilateral, as cadeias industriais e de abastecimento globais estáveis e o ambiente internacional aberto e cooperativo».
O presidente chinês e a delegação de alto nível que o acompanha chegaram esta segunda-feira ao aeroporto internacional de Noi Bai, em Hanói, capital do Vietname. Ali, Xi Jinping foi recebido pelo presidente vietnamita, Luong Cuong.
Manteve depois encontros com o secretário-geral do Partido Comunista do Vietname, To Lam, e o primeiro-ministro vietnamita, Pham Minh Chinh.
A quarta visita de Xi Jinping ao país vizinho desde assumiu os seus actuais cargos prolonga-se esta terça-feira e ocorre também no âmbito da celebração dos 75 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países.
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