De acordo com a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (Unrwa), estima-se que cerca de 400 mil pessoas tenham sido deslocadas na Faixa de Gaza desde que as forças israelitas de ocupação quebraram, a 18 de Março último, o cessar-fogo vigente desde 19 de Janeiro.
«Estão agora também a sofrer o mais longo bloqueio de ajuda e de fornecimentos comerciais desde o início da guerra», afirmou a organização esta sexta-feira na sua conta de Twitter (X).
A agência da ONU apelou à renovação imediata do cessar-fogo e ao fluxo sem restrições de ajuda humanitária e de fornecimentos comerciais.
A ocupação israelita impede desde 2 de Março a entrada de mantimentos vitais, incluindo comida e água, na Faixa de Gaza – o que agudizou a crise humanitária no território, elevando para níveis catastróficos a fome entre a população.
Três quartos das missões da ONU impedidas de entrar em Gaza
No dia anterior, quinta-feira, o director-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, também chamou a atenção para o agravamento da situação humanitária no enclave costeiro, tendo afirmado que 75% das missões das Nações Unidas foram impedidas de ali entrar, devido ao bloqueio e aos ataques israelitas.
Em conferência de imprensa, Ghebreyesus alertou para as consequências do bloqueio imposto pela ocupação, na medida em que travou a entrada de mantimentos essenciais, incluindo alimentos e medicamentos.
O funcionário da ONU disse que as famílias palestinianas enfrentam a fome, a má-nutrição, bem como a falta de água potável, abrigo e cuidados médicos – algo que potencia de forma significativa o risco de doenças e morte.
Neste contexto, em que se incluem ataques sucessivos da ocupação às infra-estruturas de saúde e ao pessoal do sector, o responsável reiterou o apelo ao levantamento imediato do bloqueio, à protecção dos serviços de saúde, à entrada sem restrições de ajuda humanitária e ao cessar-fogo imediato, indica a Wafa.
Medicamentos escasseiam
Ainda no âmbito das consequências do bloqueio israelita, o Ministério da Saúde em Gaza emitiu um alerta em que dá conta da descida para «níveis perigosos e sem precedentes» do abastecimento de medicamentos e materiais médicos, e em que apela à ajuda urgente do mundo.
De acordo com a entidade, que chama a atenção para o agravamento da crise humanitária no enclave e para os desafios acrescidos que o pessoal da saúde enfrenta, há 80 mil pacientes diabéticos e 110 mil hipertensos que não têm medicamentos devido ao cerco israelita.
O massacre continua
Esta sexta-feira, a Wafa deu conta de ataques israelitas em vários pontos do enclave – metade do qual a ocupação já controla –, nomeadamente em Rafah, Khan Younis, Beit Lahia e Cidade de Gaza. Como resultado desta agressão contínua, pelo menos 1542 civis perderam a vida e 3940 ficaram feridos desde 18 de Março último.
Desde o início da ofensiva, a 7 de Outubro de 2023, até ontem, foram mortas pelo menos 50 912 pessoas – mulheres e crianças na maioria – e 115 981 ficaram feridas. Estima-se que, sob os escombros, haja cerca de 11 mil desaparecidos.
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