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Com milhares nas ruas, centrais sindicais confirmam greve geral contra Bolsonaro

Num 1.º de Maio marcado por mobilizações unitárias inéditas no Brasil, em defesa do emprego, das pensões e por «Lula Livre», sindicatos confirmaram a convocação de uma greve geral para 14 de Junho.

Cerca de 200 mil pessoas mobilizaram-se em São Paulo no Dia Internacional do Trabalhador
CréditosRodrigo Pilha / Brasil de Fato

A proposta de reforma da Previdência e o desemprego, que atingiu mais de 13,4 milhões de brasileiros em Março, estiveram no centro das manifestações do Dia Internacional do Trabalhador no Brasil, segundo refere o Brasil de Fato.

Também a luta contra a prisão política do ex-presidente Lula da Silva e a exigência da sua libertação imediata se fizeram sentir fortemente nas mobilizações deste Primeiro de Maio, que assumiram um carácter unitário inéditos no país, ainda segundo a mesma fonte.

Sobre a realização de uma greve geral, no próximo dia 14 de Junho, contra as políticas de «retrocesso» do governo de Jair Bolsonaro, os dirigentes das várias forças sindicais foram unânimes ao destacar a sua «importância».

A única forma de defender o direito dos brasileiros à reforma é «a luta nas ruas, é a greve geral», destacou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, em declarações à imprensa. «A proposta de Bolsonaro e do seu guru, Paulo Guedes [ministro da Economia], é cruel para o povo. Querem acabar com a ajuda-doença, dificultar o auxílio-maternidade, acabar com o direito dos trabalhadores, sobretudo dos mais pobres, de receber as pensões e reformas. É por isso que vamos parar no dia 14», disse, citado pela Prensa Latina.

Por seu lado, o líder nacional da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, alertou que, se a proposta não for travada, isso representará practicamente o fim do direito à reforma. Acrescentou que «quem está a pagar a conta da crise é a classe trabalhadora», referindo-se ao governo de Bolsonaro como um executivo «desqualificado, despreparado, sem um projecto para o país».

200 mil em São Paulo

A manifestação do Primeiro de Maio reuniu na capital paulista cerca de 200 mil pessoas, segundo os organizadores. Guilherme Boulos, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Tecto (MTST), destacou a importância da união dos trabalhadores na greve geral para a defesa dos direitos da população: «Aqui começa a luta que vai barrar a reforma da Previdência; no dia 14 de Junho o Brasil vai parar contra esse projecto que quer destruir a previdência pública. Eles não querem enfrentar privilégios, isso é mentira. Eles estão a atacar direitos», declarou.


No Rio de Janeiro, foi colocada uma faixa nos Arcos da Lapa, no centro da cidade, com o rosto figurado de Lula da Silva e a exigência da sua libertação. Ali perto, na Praça Mauá, teve lugar a mobilização unitária promovida pelas centrais sindicais, em que participaram cerca de 10 mil pessoas.

Entre outros aspectos o acto ficou marcado pela exigência da libertação de Lula, preso político desde Abril de 2018, a denúncia da política de retrocessos imposta pelo governo de Bolsonaro, a lembrança de Marielle Franco e do seu legado, e a evocação da cantora carioca Beth Carvalho, que faleceu dia 30 de Abril e costumava participar das celebrações do Primeiro de Maio.

Direitos dos trabalhadores, Brasil afora

O Dia Internacional do Trabalhador foi também assinalado em estados como Ceará, Paraná, Paraíba, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pernambuco. Na capital pernambucana, Recife, a juventude saiu às ruas em protesto contra a reforma da Previdência e contra os ataques à Educação promovidos pelo governo de Bolsonaro. Rosa Amorim, que é membro do Levante Popular da Juventude, afirmou que, se a reforma for aprovada, os jovens vão entrar num mercado de trabalho «sem direitos».

Mobilizações pelo mundo

De acordo com o Brasil de Fato, no Primeiro de Maio, brasileiros protestaram contra a reforma da Previdência e em defesa da liberdade de Lula em pelo menos dez cidades europeias: em Estocolmo, Hamburgo, Berlim, Colónia e Munique; em Barcelona, Lisboa, Genebra, Copenhaga e Bruxelas.

Também em pelo menos duas cidades da América do Norte – Cidade do México e Nova Iorque – houve manifestações de rua em que a actual conjuntura brasileira não foi esquecida.

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