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Autoridade Palestiniana: assassinato de socorristas é «crime de guerra»

A diplomacia palestiniana apontou como «crime de guerra» o assassinato em Rafah, perpetrado pela ocupação, de oito paramédicos do Crescente Vermelho, cinco elementos da Protecção Civil e um trabalhador da ONU.

Socorristas palestinianos estiveram desaparecidos cerca de uma semana Créditos / PressTV

Numa nota emitida esta segunda-feira e divulgada pela agência Wafa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros afirma que os socorristas foram «torturados» e «executados», e que os seus corpos foram atirados para um poço, numa zona da cidade de Rafah, «sem qualquer escrúpulo moral ou legal».

No texto, o ministério sublinha que tais acções «constituem um crime de guerra» e exorta a chamada «comunidade internacional» a fazer com que a ocupação sionista preste contas pelo massacre perpetrado no Sul da Faixa de Gaza.

«Tais acções enquadram-se na guerra de genocídio, deslocação forçada e anexação contra o nosso povo e evidenciam as atrocidades cometidas» pelas forças de ocupação israelitas, frisou o texto, lembrando que essas forças cometem crimes e violações diariamente contra civis palestinianos, equipas humanitárias, das Nações Unidas, médicos e jornalistas.

«O objectivo é matar todas as formas e componentes da vida, e tornar a Faixa de Gaza uma terra não apta para os seres humanos», afirmou o ministério.

Depois de uma semana sem se saber nada deles, este domingo pessoal do Crescente Vermelho Palestiniano e do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Unocha) conseguiu aceder ao local onde se encontravam «enterrados» 14 corpos – oito paramédicos, cinco elementos da Protecção Civil e um trabalhador da ONU.

Na quinta-feira passada, o Crescente Vermelho Palestiniano e a Unocha já tinham conseguido recuperar, na zona de Tel al-Sultan, o corpo «desmembrado» de Anwar Abdul Hamid al-Attar, o líder da missão da Protecção Civil em Gaza, indica a agência Anadolu.

Um nono paramédico continua desaparecido, com o Crescente Vermelho Palestiniano a apontar para a possibilidade de ter sido detido por parte das forças de ocupação.

PressTV

Num comunicado onde se mostra «devastado» pela confirmação da morte de oito dos seus paramédicos em Rafah, o organismo denuncia que estes foram atingidos pelo Exército israelita quando, no passado dia 23 de Março, estavam «a cumprir funções humanitárias, em resposta a um pedido para socorrer os feridos, na sequência de um ataque israelita na zona de Hashashin, em Rafah, Faixa de Gaza».

FICV «revoltada» com o assassinato de oito paramédicos

A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) mostrou-se «revoltada» com o assassinato de oito paramédicos do Crescente Vermelho no cumprimento do dever, no Sul de Gaza.

Em comunicado, a federação afirmou que os oito corpos foram recuperados «após sete dias de silêncio e de acesso negado ao local de Rafah onde tinham sido vistos pela última vez».

O secretário-geral da FICV, Jagan Chapagain, disse que estava «profundamente entristecido» com as mortes dos trabalhadores humanitários, sublinhando que estes estavam a tentar ajudar pessoas feridas.

«Usavam emblemas que os deviam proteger; as suas ambulâncias estavam claramente marcadas», disse, citado pela PressTV.

«Mesmo nas zonas de conflito mais complexas, existem regras. Estas regras do Direito Internacional Humanitário não podiam ser mais claras – os civis devem ser protegidos; os trabalhadores humanitários devem ser protegidos. Os serviços de saúde devem ser protegidos», sublinhou.

Desde o reinício da ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza, a 18 de Março último, mais de mil palestinianos foram mortos e pelo menos 2259 ficaram feridos. Desde 7 de Outubro até ontem, foram mortos pelo menos 50 357 palestinianos (havendo cerca de 14 mil desaparecidos e dados como mortos).

Os feridos ascendem a pelo menos 114 400, de acordo com números oficiais.

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