|Grécia

Greve geral na Grécia em defesa dos direitos e contra a economia de guerra

Com o lema «Os lucros deles ou as nossas vidas», o sindicalismo de classe faz um apelo à adesão em massa dos trabalhadores gregos, lembrando que a greve de 9 de Abril é a dos que não acatam as imposições.

Imagem da manifestação em Atenas no contexto da greve geral de 24 horas realizada na Grécia a 28 de Fevereiro de 2025 Créditos / Twitter (X)

No país helénico, o movimento sindical combativo já está a aquecer os motores para a greve geral de 9 de Abril próximo, prometendo paralisar o sector produtivo e encher as ruas, no âmbito das múltiplas acções de protesto que ali têm tido lugar nos últimos meses.

No seu portal, a Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) lembra que a jornada de luta irá decorrer sob o lema «Os seus lucros ou as nossas vidas» e exorta os trabalhadores a participar nela de forma massiva, para exigir mudanças estruturais nas condições de trabalho e de vida.

A greve geral é a continuação da luta por um movimento sindical que não se contenta com migalhas e que não é complacente perante a lógica do mal menor, sublinha a central, acrescentando que o lema «Os seus lucros ou as nossas vidas» é o que tem marcado as grandes mobilizações no país mediterrânico nos últimos dois anos, ao colocar no centro a questão fulcral para os trabalhadores.

Recorde-se que, desde o final de 2024, a Grécia tem sido palco de múltiplas paralisações e grandes manifestações de rua, que reflectem o mal-estar dos trabalhadores e da população em geral com as políticas de austeridade, a estagnação salarial e o ataque aos direitos conquistados.

Uma «normalidade» que os trabalhadores rejeitam

No seu apelo à mobilização, a PAME destaca que a «normalidade» que governo e patrões pretendem impor «visa unicamente defender os lucros de uma mão cheia de parasitas».

No actual contexto, um «Estado hostil e injusto» é «incapaz de proteger as nossas vidas precisamente porque é capaz de defender os lucros dos grupos económicos; é capaz de nos envolver em guerras e de exigir sacrifícios ao nosso povo», explica a PAME, frisando que, agora, os trabalhadores precisam de travar a sua luta organizada com uma firmeza ainda maior.

No documento, a central sindical que lidera o apelo à greve geral de 9 de Abril destaca a inflação «que aflige as famílias», a estagnação salarial, a pobreza energética – enquanto a banca, os grupos da energia, as grandes superfícies comerciais, o grande capital engordam.

Os trabalhadores «não aceitam que as suas necessidades básicas e diárias sejam sacrificadas para dar milhares de milhões aos armamentos da NATO», afirmou a PAME em Atenas durante a greve geral de 20 de Novembro de 2024 / PAME Greece

Também chama a atenção para o ataque ao sector da saúde, com infra-estruturas degradadas e unidades hospitalares sem pessoal suficiente, do mesmo modo que alerta para situação nos vários níveis do ensino (cada vez mais classista) ou na habitação, com rendas exorbitantes e os trabalhadores e as camadas mais desfavorecidas a serem despejados de suas casas.

Outro aspecto destacado é o da «selva laboral», criada por todos os governos para «satisfazer os grupos económicos» e embaratecer o trabalho num país que, critica a PAME, que se transformou «numa vasta base da NATO» e cujos governos «glorificam […] a União Europeia [UE] dos lóbis corruptos, da inflação, da pobreza energética, da abolição dos direitos laborais, do "algoritmo" para o salário mínimo, do trabalho até à cova, da comercialização e da privatização da Saúde e da Educação».

A mesma UE que «apoia o genocídio do povo palestiniano pelo Estado assassino de Israel» e que «decidiu há alguns dias dar mais 800 mil milhões para ser virar para a economia de guerra e prosseguir a guerra na Ucrânia», denuncia.

«Não haverá tolerância para os que destroem as nossas vidas»

Contra este estado de coisas, a PAME declara que a luta não vai parar e que não haverá «tolerância para os que destroem as nossas vidas».

«Lutamos para que sejamos capazes de respirar», clama a Frente, sublinhando que a única via é a do reforço da luta organizada e nas ruas – contra a política de privatizações e de liberalização levada a cabo pela UE e os governos gregos ao serviço do capital em áreas como os transportes e a água.

A PAME exige igualmente a implementação de medidas que assegurem a saúde e a segurança em todos os locais de trabalho, medidas contra inflação, em defesa do direito à habitação e que garantam o reforço do financiamento na saúde, na educação, na Segurança Social e nos serviços públicos.

É igualmente vincada a rejeição da legislação danosa para os trabalhadores, nomeadamente no que respeita ao salário mínimo, aos acordos colectivos e ao trabalho suplementar não pago. No mesmo contexto, a PAME afirma a prevalência da negociação colectiva, dos aumentos salariais, da semana de 35 horas e da reposição dos 13.º e 14.º meses no sector público.

O reforço da defesa do direito à actividade sindical é outro elemento propugnado, bem como a «saída da Grécia dos matadouros da guerra» e a oposição à economia de guerra.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui