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Cooperação cubana mostrou que um país pequeno pode fazer muito pela humanidade

O encarregado de negócios na Embaixada de Cuba no Brasil alertou numa entrevista para o «recrudescimento do bloqueio por parte dos EUA» contra o país caribenho, que afecta a cooperação médica.

Com a colaboração médica cubana, El Alto possui neuropediatria de vanguarda
Créditos / bmcbolivia.com.bo

Numa entrevista recente concedida ao jornalista Beto Almeida, da TV Comunitária de Brasília, Rolando Gómez qualificou como «genocida» a campanha lançada contra a colaboração médica que o seu país desenvolve a nível mundial, sob um princípio de solidariedade e tendo como base o lema de José Martí, o herói nacional de Cuba, de que «Pátria é a humanidade».

Gómez, que é encarregado de negócios na Embaixada de Cuba em Brasília, sublinhou que esse princípio foi transformado pelo líder histórico da Revolução cubana, Fidel Castro, «em património do nosso povo». «Essa concepção filosófica, humanista, de solidariedade, Fidel inculcou-a desde o início do processo revolucionário [Janeiro de 1959] na Ilha», disse.

Rolando Gómez lembrou que o país quase ficou sem médicos no início da Revolução, porque a maioria deixou a Ilha; no entanto, «face ao apelo e a uma necessidade imperiosa do povo irmão da Argélia, enviou [para lá] uma brigada médica e todos os seus serviços», frisou.

No âmbito das mudanças que a Revolução propugnava, em termos de dar prioridade aos cuidados médicos primários, «foram sendo criadas escolas de medicina, foram-se formando médicos, especialistas, com uma concepção de serviço à população e de prestação com a maior qualidade possível», referiu.

Precisou que, na sequência de fenómenos naturais – como furacões, terramotos e epidemias surgidas em muitos países, na maior parte dos casos do Terceiro Mundo –, nasceu a «colaboração médica internacional de Cuba», que foi «um modo de mostrar ao mundo que um país pequeno e sujeito a um bloqueio é capaz de fazer tanto pela humanidade quanto poderiam fazer países desenvolvidos e com recursos».

Gómez defendeu que «esse foi o exemplo que Fidel transmitiu à humanidade» e que Cuba passa em termos solidários ao mundo, «que todos queremos que seja melhor». Neste sentido, insistiu que os médicos cubanos são formados no espírito do humanismo, de não encarar a medicina como um negócio, mas como um serviço à população.

Reconheceu que a exportação de serviços médicos se tornou o principal patamar financeiro para a Ilha, superando inclusive as verbas que entram no país caribenho a partir do turismo.

«E que decidiu Donald Trump? Atingir de qualquer forma esses recursos do país. Essa é a explicação. Tenta por todos os meios impedir que Cuba possa contar com as verbas da colaboração médica», disse o encarregado de negócios, denunciando que a campanha contra esta colaboração tem origem no «recrudescimento do bloqueio por parte dos EUA e na escalada das suas agressões» contra a maior ilha das Antilhas.

Assim, alertou que Washington pressiona vários governos para que ponham fim aos convénios firmados com Cuba e acabem com a colaboração médica cubana, presente em 65 países, apesar de os povos reconhecerem a qualidade dos profissionais cubanos.

A este título, Rolando Gómez lembrou que «o povo brasileiro conheceu» essa qualidade. «Aqui, nos 27 estados do país, chegaram a trabalhar 11 400 médicos da Ilha e sabe-se que se dedicavam por inteiro a cuidar dos seus pacientes», sublinhou.

«Solidaridade distingue Cuba como país»

«56 anos de cooperação médica cubana, com presença em 164 países e participação de mais de 400 mil colaboradores da saúde evidenciam os princípios que defendemos», escreveu hoje o ministro cubano dos Negócios Estrangeiros, Bruno Rodríguez, na sua conta oficial de Twitter.


«A solidariedade distingue-nos como país», disse, acrescentando: «Pômo-la em prática, como diria Fidel, "com actos, não com belas palavras".» Também a conta oficial de Twitter do Ministério destaca a cooperação médica cubana, que se evidencia igualmente pelo número de médicos estrangeiros que formou.

Recorde-se que a administração norte-americana tem nos ataques a esta cooperação um dos seus principais alvos, visando aprofundar um bloqueio que dura há quase 60 anos e que desde 2017 perseguiu com mais empenho transacções financeiras e compra de crude, bem como voos e cruzeiros.

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