Num comunicado conjunto, divulgado terça-feira, ambos os grupos de defesa dos presos criticam as condições na cadeia israelita de Ofer, localizada na Cisjordânia ocupada, referindo que a situação ali é «trágica».
A este propósito, condenaram uma «inspecção» recente às celas, que foi «acompanhada de agressões aos prisioneiros com bastões e gases», provocando a muitos deles ferimentos e hematomas.
O texto refere que o «motivo do assalto foi um protesto dos detidos, que bateram nas portas para exigir à administração que prestasse tratamento médico a um deles».
Num outro texto, também divulgado pela agência Wafa, as duas organizações sublinharam ontem que os prisioneiros continuam «a enfrentar condições extremamente duras».
De acordo com um advogado da Comissão, que recolheu depoimentos aos detidos, a administração prisional «intensificou as medidas de repressão» contra eles, nelas se incluindo raides três vezes por semana, nos quais são visadas três ou quatro celas de cada vez.
O advogado informou ainda que os reclusos palestinianos não têm água quente há 45 dias e que a maior parte deles não tomou banho desde então.
As mesmas fontes revelaram que, até ao início deste mês, havia mais de 9500 presos palestinianos nas cadeias da ocupação, 350 dos quais são menores, 21 mulheres e 3405 detidos administrativos – sem acusação formada ou julgamento.
Jornalistas palestinianos libertados confirmam tortura sistemática por parte de Israel
Vários jornalistas libertados na quinta-feira passada, no âmbito do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, deram conta de aspectos relativos às suas detenções e interrogatórios, e revelaram detalhes dos maus-tratos e torturas a que foram submetidos por parte dos seus captores.
Mahmoud Ailwa, detido a 18 de Março de 2024 no interior do Complexo Hospitalar al-Shifa, falou dos métodos de tortura, que incluíram tareias e tortura psicológica.
«"Por causa da tua profissão, vamos duplicar a tua tortura", disseram-me depois de saberem qual era o meu trabalho», relatou Ailwa, cujo testemunho foi divulgado pelo Centro Palestiniano para a Protecção dos Jornalistas.
Ailwa, que esteve detido quase um ano sem qualquer acusação formal, referiu-se à cadeia de Ofer como um «inferno».
Por seu lado, Mohammed al-Sultan, que foi preso no campo de refugiados de Jabalia em Setembro de 2023, disse que foi submetido a «oito duras sessões de interrogatório». «Também sofri abusos físicos e verbais, o que me fez viver num estado de tormento constante», frisou.
Khader Abdel Aal, detido em Março de 2024, também falou dos tormentos a que foi submetido no cárcere israelita de Ofer, que descreveu como «um inferno para os jornalistas», em virtude das torturas que ali teve de enfrentar, bem como a falta de comida ou a negligência médica.
No final de Fevereiro, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros reclamou uma investigação internacional que esclareça os crimes perpetrados contra os presos palestinianos.
Em comunicado, a tutela disse encarar com grande preocupação o número crescente de mortes entre os detidos palestinianos (pelo menos 59 desde 7 de Outubro de 2023).
Também denunciou «as práticas atrozes e os métodos letais de tortura contra os prisioneiros», assinalando que muitos deles estão em parte incerta e que as autoridades da ocupação não facultam dados sob os seus destinos.
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