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Director do Hospital Kamal Adwan sujeito a maus-tratos nas cadeias israelitas

As informações sobre tortura, maus-tratos e negligência nas prisões israelitas vieram a público após um primeiro encontro de Hussam Abu Safiya com o seu advogado, ao cabo de 47 dias de detenção.

Hussam Abu Safiya, director do Hospital Kamal Adwan, na Faixa de Gaza Créditos / EuroMed Human Rights Monitor

Levado para parte incerta pelas forças de ocupação a 27 de Dezembro de 2024, o director do Hospital Kamal Adwan, em Beit Lahia (Norte da Faixa de Faza), encontrou-se com o seu advogado no passado dia 11 de Fevereiro, na prisão de Ofer – depois de sucessivos pedidos, repetidamente recusados.

A visita do advogado confirmou as suspeitas de que o médico estaria a ser submetido a maus-tratos desde a sua detenção arbitrária na unidade hospitalar, de onde foi levado juntamente com outros médicos e trabalhadores da saúde, pacientes e civis.

O Centro Al Mezan para os Direitos Humanos informou, no seu portal, que Abu Safiya foi submetido a maus-tratos e abusos idênticos aos que têm sido revelados por outros presos palestinianos sob custódia das forças de ocupação, nomeadamente passar horas algemado, ser obrigado a ajoelhar-se e sentar-se horas seguidas na gravilha.

«Foi também sujeito a abusos físicos severos», afirma a organização, que se refere a espancamentos com bastões, choques eléctricos e golpes repetidos no peito – maus-tratos semelhantes aos apontados por outros presos palestinianos, que sofreram sequelas duradouras (fracturas, dificuldades respiratórias e dores no peito).

Tal como os demais presos, que vêem os seus pedidos de cuidados médicos sistematicamente recusados por guardas e soldados israelitas, Abu Safiya denunciou que lhe foi repetidamente negado o acesso a um exame especializado e a cuidados essenciais, tendo em conta que sofre de hipertensão arterial e aumento do músculo cardíaco.

Entretanto, a família informou que já lhe foram prestados alguns cuidados médicos, mas que permanece subnutrido, recebendo apenas uma refeição de baixo valor nutricional por dia, e que está a sentir as consequências da permanência prolongada em regime de solitária.

Solitária, interrogatórios prolongados, brutalidade... tal como os demais presos

Tanto o Al Mezan como a sua família alertaram que Abu Safiya permaneceu na solitária durante 25 dias, depois de ter sido transferido do campo de Sde Teiman para a cadeia de Ofer, que a ocupação detém perto de Ramallah. A organização de defesa dos direitos humanos sublinha que este facto em si mesmo «constitui uma forma de tortura».

À imagem das experiências de outros prisioneiros, Hussam Abu Safiya foi submetido a interrogatórios prolongados durante dias a fio, tendo sempre negado firmemente todas as acusações que os captores lhe imputaram, sublinhando que é «um médico cujo único dever é prestar cuidados de saúde aos doentes e feridos».

Entretanto, mesmo sem notícias de qualquer imputação, Abu Safiya continua detido, tal como milhares de palestinianos. Nos últimos meses, têm vindo a público vários testemunhos que documentam a brutalidade, a violência física e psicológica, os abusos sexuais a que os prisioneiros palestinianos são sujeitos no interior dos cárceres israelitas.

Neste contexto, o Centro Al Mezan para os Direitos Humanos pede ao mundo que tome medidas imediatas com vista à «libertação imediata e incondicional do Dr. Abu Safiya», assim como de centenas de outros de trabalhadores da saúde.

Outras organizações de defesa dos direitos humanos repetiram, esta quarta-feira, o apelo à libertação dos trabalhadores da saúde palestinianos levados à força da Faixa de Gaza e detidos sem acusação pelas forças de ocupação sionistas.

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