A forte repressão ocorreu poucas horas depois de as autoridades israelitas terem retirado os detectores de metal e os torniquetes que tinham instalado à entrada dos portões que dão acesso ao complexo da mesquita, mas decidindo, em contrapartida, recorrer a um sistema de vigilância mais avançado – câmaras com tecnologia de reconhecimento facial.
O plano de segurança decidido pelo gabinete de segurança do governo israelita na segunda-feira à noite, que abrange o complexo da Mesquita de al-Aqsa e toda a Cidade Velha de Jerusalém, deve ser executado nos próximos seis meses, com um custo previsto de 28 milhões de dólares, e inclui ainda o reforço da presença policial, segundo revela a agência Ma'an.
Os palestinianos rejeitam estas medidas, exigindo que a situação regresse ao ponto anterior a 14 de Julho, quando um tiroteio no complexo foi aproveitado por Israel para aumentar o controlo sobre Jerusalém Leste ocupada e Al-Aqsa, violando os acordos que há muito regem o estatuto do local sagrado para os muçulmanos e que é administrado por uma entidade jordano-palestiniana.
Protestos e violentas cargas
Ontem à noite, as forças israelitas atacaram os palestinianos que realizavam as suas orações no exterior das muralhas da Cidade Velha, disparando granadas atordoantes e gás lacrimogéneo contra a multidão, procurando dispersá-la com cacetetes e balas de aço revestidas de borracha, empurrando e perseguindo idosos, mulheres e crianças, precisa a Ma'an.
O Crescente Vermelho prestou assistência médica no local a dezenas de feridos, alguns dos quais tiveram de ser levados para o Hospital al-Makassed: uma criança de dez anos atingida numa mão e na cabeça por uma granada atordoante, um homem também atingido na cabeça por uma granada atordoante e outro atingido na cabeça com uma bala de aço revestida de borracha.
Pessoal médico e jornalistas também foram atacados pelas forças israelitas, nomeadamente o operador de câmara palestiniano Fayiz Abu Rmeila, que foi filmado a ser violentamente espancado, deitado no chão, por um grupo de soldados israelitas, junto à Porta dos Leões.
Em resposta ao ataque das forças policiais e militares israelitas, grupos de jovens palestinianos entraram em confronto com elas em vários pontos de Jerusalém Leste. O Crescente Vermelho palestiniano revelou que, desde 14 de Julho, mais de 1100 palestinianos foram feridos pelas forças israelitas. De acordo os dados coligidos pela Ma'an, neste período foram mortos 11 palestinianos – quatro deles nos protestos contra as medidas impostas por Israel em Al-Aqsa – e cinco israelitas.
MPPM condena violência israelita em Jerusalém
O Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) emitiu um comunicado em que «condena a escalada de violência israelita em Jerusalém Oriental», nomeadamente «a restrição por Israel do acesso ao complexo de Al-Aqsa e o agravamento da repressão em toda a Jerusalém Oriental, numa escalada de tensão que visa aprofundar a política israelita de anexação do território palestino».
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