Este domingo realizaram-se mobilizações em mais de 200 cidades norte-americanas, organizadas pela Associação Nacional de Carteiros (NALC, na sigla em inglês), em protesto contra as tentativas da administração de Trump de desmantelar o USPS (Serviço Postal dos EUA), no âmbito dos «ataques contínuos aos trabalhadores e aos serviços sociais», refere o Peoples Dispatch.
De Waco, no estado do Texas, até Rochester, no de Nova Iorque, os trabalhadores dos correios mostraram cartazes a apelar à luta e contra a privatização.
Estas mobilizações seguem-se a várias afirmações que dão a entender que a privatização dos correios está na calha, depois de Donald Trump ter proposto, a 21 de Fevereiro último, a fusão entre o USPS e o Departamento do Comércio.
Por seu lado, Elon Musk, principal conselheiro de Trump e que está à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), que está a liderar a investida nos cortes nas despesas federais e nos esforços de privatização, terá dito numa conferência no início deste mês: «Penso logicamente que devemos privatizar tudo o que possa ser privatizado, de forma razoável. Penso que devemos privatizar os Correios e a Amtrak, por exemplo... Devemos privatizar tudo o que pudermos.»
Também no início deste mês, o director-geral dos Correios, Louis DeJoy, disse ao Congresso que o USPS planeava cortar mais de dez mil empregos no serviço postal, em coordenação com o DOGE de Musk. Esta segunda-feira, DeJoy demitiu-se do cargo, indica a fonte.
Em resposta, o presidente do NALC, Brian L. Renfroe, defendeu que o DOGE podia ajudar a resolver alguns problemas para os quais os trabalhadores têm chamado a atenção, nomeadamente questões de pensões e «mudanças de política […] necessárias para melhorar a viabilidade financeira do Serviço Postal». No entanto, deixou claro que a privatização é «uma ideia errada».
As pessoas antes do lucro
Intervindo numa manifestação em Los Angeles (Califórnia), o dirigente do NALC sublinhou que o que está em causa é um ataque aos 640 mil trabalhadores directamente empregados nos correios e aos quase oito milhões de pessoas que têm empregos associados ao serviço postal.
Brian L. Renfroe destacou que os trabalhadores dos correios realizam um serviço essencial e que os planos de privatização do USPS são um ataque «às 51,5 milhões de famílias e empresas rurais».
«Um serviço postal privatizado funcionaria onde fosse rentável», disse Renfroe. «Mas não entregariam [cartas] onde não é rentável. E nós entregamo-las todos os dias, onde alguém estiver, pelo mesmo preço», acrescentou.
Num relatório intitulado «The war against the Postal Service» [A guerra contra o serviço postal], Monique Morissey destaca a importância do serviço postal público para os EUA.
Em seu entender, «embora a política e a ideologia desempenhem um papel nos esforços de privatização, a força motriz são os interesses particulares – grandes corporações como a United Parcel Service, a FedEx e a Pitney Bowes, que procuram tirar partido da mesma rede e das economias de escala do Serviço Postal para captar uma fatia ainda maior dos mercados de envio e processamento de correio sem assumir as responsabilidades de serviço público dos Correios».
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