Líderes das comunidades indígenas Mapuche convocaram, na semana passada, uma mobilização geral de 48 horas, com início ontem, para insistir junto do governo de Sebastián Piñera que se responsabilize pelo assassinato do jovem Camilo Catrillanca, perpetrado no passado dia 14 de Novembro, e continuar a exigir que os assassinos sejam levados à Justiça.
Em Santiago e na região de Araucânia, onde a população indígena é maioritária e os seus territórios originários são alvo da predação de poderosos grupos económicos, chilenos e estrangeiros, as mobilizações tiveram também como propósito reivindicar a desmilitarização da região e o reconhecimento dos direitos das comunidades Mapuche sobre os seus territórios.
Na concentração realizada na capital do Chile, os partcipantes, exibindo grandes fotos de Catrillanca e bandeiras mapuches, foram claros na exigência da demissão do ministro chileno do Interior, Andrés Chadwick, assim como da saída das forças especiais dos Carabineiros da região de Araucânia.
Ainda em Santiago, os manifestantes dirigiram-se à sede do executivo para entregar uma carta ao presidente com estas exigências. À TeleSur, o porta-voz da Coordenação Mapuche de Santiago, Ricardo Inalef, explicou que as manifestações eram uma resposta à «convocatória realizada pelos lonkos (líderes) de 48 horas de mobilização» e uma expressão de «repúdio pela política de terror levada a cabo pelo presidente».
Muitos protestos em Araucânia
Nesta região, localizada no Centro do país, registaram-se inúmeros cortes de estrada em comunas e localidades como Ercilla, Purén, Lumaco, Traiguén e Los Sauces. Numa das mobilizações encontrava-se Marcelo Catrillanca, pai de Camilo Catrillanca, que, com 24 anos de idade, foi morto a tiro por agentes do Grupo de Operações Policiais Especiais (GOPE) dos Carabineiros. O assassinato do jovem Mapuche esteve na origem de inúmeros protestos por todo o país.
O povo Mapuche denuncia com frequência os «abusos das forças policiais e militares» instaladas nas suas terras e que garantem a defesa dos interesses de grupos económicos, face à insistência dos Mapuche em reivindicar a autodeterminação e o reconhecimento dos seus territórios ancestrais – à semelhança do que ocorre na Argentina.
Em Araucânia, uma das reivindicações mais prementes é a saída das forças militares da região, não concretizada pelo governo de Sebastián Piñera, que insiste em manter forças especiais no terreno com o argumento de combater «acções terroristas», refere a Prensa Latina.
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