Cerca de 7,3 milhões de bolivianos foram às urnas neste domingo, nos nove departamentos do país e no estrangeiro, para eleger o presidente, o vice-presidente, 130 deputados e 36 senadores, para o mandato de 2020-2025.
As urnas abriram às 8h e encerraram às 16h locais (20h em Lisboa) e a votação decorreu sem incidentes de maior à excepção daquele que ocorreu em Santa Cruz de La Sierra, quando a polícia deteve 106 jovens partidários de um dos candidatos da direita, Óscar Ortiz, sob a acusação de estarem a violar as leis eleitorais, para isso tendo de utilizar gás lacrimogéneo. A localidade, na região oriental do país, tem sido objecto de actos de vandalismo promovidos por sectores de direita e extrema-direita.
Mais de 39 mil polícias foram escalados para trabalhar no processo eleitoral em todo o país. Cerca de 230 observadores internacionais acompanham a votação e o apuramento para verificar possíveis violações de direitos, fraudes ou equívocos na contagem.
Durante o acto eleitoral não circulam carros, ónibus nem teleféricos em La Paz, capital do país, e o comércio permanece fechado até as 13h. Também os voos nacionais estão suspensos durante o dia.
A expectativa do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), segundo a cadeia Telesur, é a de que os resultados parciais comecem a ser divulgados a partir das 20h (00h em Lisboa). Cerca de 95% das mesas não tiveram nenhuma ocorrência ou percalço técnico.
Com o encerramento das urnas e o início do apuramento dos votos cresce a expectativa quanto à divulgação dos primeiros resultas do mais disputado processo eleitoral dos últimos anos na Bolívia, que podem ser um importante indicador dos resultados finais da eleição.
As pesquisas de intenção de voto mostram que nenhum partido ou governo terá dois terços do parlamento. Segundo o portal Brasil de Fato, que acompanha de perto as eleições na Bolívia, especialistas prevêem que o resultado das urnas possa gerar conflitos e romper com um ciclo de estabilidade política que dura há mais de 13 anos.
A disputa presidencial
Quanto à disputa presidencial, para vencê-la no primeiro turno o candidato mais votado deve recolher ou 50% dos votos e mais um, ou receber 40% dos votos e deixar o segundo classificado a pelo menos 10% do seu resultado. Caso contrário, os dois candidatos mais votados disputarão uma segunda volta em 15 de Dezembro próximo.
Segundo as sondagens promovidas pelo instituto IPSOS e citadas pelo Brasil de Fato, o actual presidente Evo Morales, do Movimento al Socialismo (MAS), lidera as intenções de voto com 40%. Morales, de 60 anos, é o líder histórico dos cocaleros de Cochabamba e concorre ao seu quarto mandato.
Em segundo lugar nas pesquisas, com 22%, aparece o liberal Carlos Mesa, da Comunidade Cidadã (CC), ex-presidente da Bolívia entre 2003 e 2005, derrubado após a violenta e mortífera repressão de manifestações populares. Aos 66 anos, Mesa propõe-se unir os opositores de esquerda e de direita a Morales para inverter o actual modelo económico e social, afastando o horizonte socialista defendido pelo seu opositor.
O empresário e senador Óscar Ortiz, do Bolívia Diz Não, representa a direita «pura e dura». Tem 50 anos e é o terceiro colocado na disputa, com 10% das intenções de voto.
Em quarto lugar, com 6% nas sondagens mas tendo crescido rápido nas sondagens na recta final da campanha está Chi Hyun Chung, do Partido Democrata Cristão. Fundador de mais de 70 igrejas presbiterianas, este boliviano de origem sul-coreana tem-se distinguido, segundo o Brasil de Fato, «por uma agenda ultra-conservadora e agressiva, com bandeiras semelhantes às que elegeram Jair Bolsonaro no Brasil».
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