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Em Cazã, Maduro defendeu nova agenda económica mundial

Ao intervir esta quinta-feira no encerramento da XVI Cimeira do BRICS, o presidente da Venezuela defendeu a necessidade de uma nova agenda económica mundial e a refundação das Nações Unidas.

No dia em que a cimeira na cidade russa de Cazã teve uma sessão em formato ampliado (BRICS+), com a participação de quase 40 delegações e mais de duas dezenas de chefes de Estado, Nicolás Maduro fez um apelo à criação de uma nova ordem económica mundial, que responda às necessidades dos países do Sul, sublinhando que as reformas parciais ao sistema financeiro internacional não são suficientes para garantir o desenvolvimento inclusivo de que os países emergentes precisam.

«Estamos todos conscientes de uma nova necessidade e não se trata apenas de fazer pequenas reformas no sistema monetário e financeiro, que às vezes parece não aguentar reformas, porque os velhos países gostariam de impor a sua hegemonia através dos mecanismos da moeda hegemónica, do sistema financeiro, dos pacotes e das condições económicas», afirmou, citado pela TeleSur.

O chefe de Estado sul-americano também instou à consolidação, «com passos mais audazes», do Banco de Desenvolvimento do BRICS, que considerou uma ferramenta para financiar projectos de investimento nos países em vias de desenvolvimento.

«Este banco deve tornar-se o motor económico do Sul Global, facilitando o acesso a recursos a países que historicamente foram excluídos pelas instituições financeiras tradicionais», frisou.

Nicolás Maduro referiu-se também à necessidade de avançar para um novo sistema de pagamentos alternativo ao SWIFT, que foi utilizado pelas potências ocidentais como «arma para agredir», para sancionar e isolar economicamente determinados países – como a Venezuela.

Refundar as Nações Unidas

Recordando a importância histórica do Movimento dos Países Não Alinhados e do G77 na luta pela soberania dos povos do Sul, Maduro afirmou que, agora, cabe ao BRICS assumir esse legado, construindo um novo paradigma nas relações internacionais.

«Este é um momento histórico, em que as potências emergentes, juntamente com países modestos como a Venezuela, a América Latina e as Caraíbas, devem erguer a voz e reclamar o seu direito a um mundo mais justo», declarou.

Neste contexto, o presidente venezuelano destacou a necessidade de refundar o sistema das Nações Unidas, cujo papel criticou duramente, afirmando que a organização perdeu relevância na defesa dos direitos dos povos do Sul.

Criticando a ONU pela incapacidade em travar os crimes contra os povos da Palestina e do Líbano, e questionando a falta de acção do Tribunal Internacional de Justiça, Maduro disse que «é hora de refundar as Nações Unidas, para que actuem de forma justa e imparcial na defesa dos mais vulneráveis».

Em seu entender, «um novo mundo é possível», e já surgiu com o BRICS, que «é o epicentro do nascimento e parto histórico desse novo mundo, com valores e princípios profundamente humanos».

O chefe de Estado da Venezuela agradeceu o convite endereçado ao seu país para participar na XVI Cimeira do BRICS, no âmbito da qual se ficou a saber, no dia anterior, que 13 novos países passam a integrar o bloco como parceiros.

Mas a Venezuela não é um deles. Trata-se de Argélia, Bielorrússia, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Indonésia, Malásia, Nigéria, Tailândia, Turquia, Uganda, Uzbequistão e Vietname.

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