Na quarta-feira passada, trabalhadores bancários de todo o Brasil aderiram ao Dia Nacional de Paralisação dos funcionários do Banco do Brasil, que havia sido aprovado em plenário.
Tal como os Correios e o sistema Eletrobrás, o Banco do Brasil é uma das instituições que estão na lista de privatizações do governo de Jair Bolsonaro e, com a greve de 24 horas, os trabalhadores quiseram denunciar a reestruturação do banco, que implica a eliminação de milhares de postos de trabalho e a diminuição de salários.
No início de Janeiro, a administração do banco público anunciou ainda o encerramento de 361 unidades a partir de dia 22 de Fevereiro: 112 agências, 242 postos de atendimento e sete escritórios, segundo refere a Central Única dos Trabalhadores (CUT) no seu portal. Outras 243 agências deverão passar à categoria de postos de atendimento, acrescenta o Brasil de Fato.
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A administração do banco público anunciou o encerramento de 112 agências, 242 postos de atendimento e sete escritórios
Para entender os motivos da paralisação e o impacto das mudanças propostas pelo Banco do Brasil na vida da população, o Brasil de Fato conversou com Sandra Trajano, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de Pernambuco.
Trajano explicou que a questão não diz apenas respeito à perda do emprego e à diminuição do salário dos trabalhadores do Banco do Brasil, mas sobretudo à permanência de uma empresa com mais de 200 anos a prestar um determinado tipo de serviço à população.
Apesar da abertura de capital que deixou o banco mais próximo de um banco privado, a entidade ainda oferece serviços à população, assim como a Caixa Econômica Federal, que estão voltados para o desenvolvimento da região, frisou a dirigente sindical.
«Sem o BB, a região perde muito, é um empobrecimento para a cidade, para o município, para o estado»
Sandra Trajano
O Banco do Brasil (BB) tem como característica social trabalhar o desenvolvimento da região e linhas de crédito para plantações, para diversas formas de financiamento e desenvolvimento onde ele está localizado, explicou Sandra Trajano ao Brasil de Fato.
«Sem o BB, a região perde muito, é um empobrecimento para a cidade, para o município, para o estado onde o banco diminuiu a sua actuação, é sofrimento para a população, porque é menos crédito oferecido e e mais tempo perdido para resolver os seus problemas», afirmou.
Sobre as razões da greve de dia 10, a sindicalista destacou a suspensão do encerramento das agências e postos de atendimento que o banco está a realizar em todo o país, bem como o «Plano de Demissão Voluntária» que o banco iniciou e que está a levar muitas pessoas a sair da entidade.
«O banco público e as empresas públicas, como a Petrobras, os Correios, são para todos os brasileiros»
Sandra Trajano
Trajano destacou igualmente o modo como a desvalorização dos trabalhadores e a descaracterização da empresa afectam o serviço prestado à população, dando toda a impressão de ser feito «de forma pensada» pela administração para colocar a população contra os funcionários públicos.
«Aí acontece o que aconteceu com o Bandepe [Banco do Estado de Pernambuco, público] aqui em Pernambuco, [em] que destruíram por dentro a empresa e chegou a um ponto em que todo o mundo era a favor da privatização. Mal sabe a população que nós sofremos diversas perdas na área do desenvolvimento na nossa região pela falta de um banco nosso», afirma.
«O que é público é de todos», sublinhou Sandra Trajano. «O banco público e as empresas públicas, como a Petrobras, os Correios, são para todos os brasileiros, são empresas que têm o dinheiro dos nossos impostos do nosso trabalho aplicado, então elas estão resistindo para prestar serviço à população», destacou.
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