|Bolívia

Ex-presidente golpista boliviana desviou mais de um milhão de dólares

Jeanine Áñez, ex-presidente golpista da Bolívia, desviou 1 210 000 dólares de fundos petrolíferos, com o pretexto de os utilizar na luta contra a Covid-19, revelaram as autoridades do país.

A senadora de direita Jeanine Áñez proclamou-se presidente interina da Bolívia, mesmo sem existir quorum na Assembleia Legislativa Plurinacional, tal como a Constituição exige
Créditos / elpais.com.uy

A golpista utilizou de forma irregular esse montante, retirado de um total de 1 731 000 dólares que tinha solicitado à empresa estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), explicou ontem o presidente desta entidade, Wilson Zelaya.

O dinheiro, noticia a Prensa Latina, fazia parte de um programa criado pela empresa para combater a pandemia, por orientação do ex-ministro de Hidrocarbonetos, Víctor Zamora, e do então presidente da petrolífera, Herland Soliz.

«Decretou-se que a YPFB e as suas empresas subsidiárias, de forma extraordinária, pode-se dizer, apoiassem a luta contra a doença», acrescentou a directora de Transparência Corporativa da instituição, Erika Chávez.

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Golpistas presos na Bolívia

A ex-presidente «de facto» e outros participantes no golpe de Estado que derrubou Evo Morales são acusados de «sedição e terrorismo».

A ex-presidente «de facto Jeanine Áñez no momento da sua detenção na região de Beni, Bolívia, a 13 de Março de 2021
Créditos / ABI

A ex-presidente «de facto» Jeanine Áñez presa na madrugada de sábado em Trinidad, na Bolívia, tendo sido transferida para La Paz, onde será ouvida pela Força Especial de Luta Contra o Crime (FELCC) sobre os seus vínculos ao golpe de Estado que derrubou o presidente eleito Evo Morales em 2019, segundo a Agência Boliviana de Informação (ABI).

A sua detenção foi anunciada pelo ministro de Governo, Eduardo del Castillo, que agradeceu o trabalho das diversas forças policiais envolvidas «nesta grande e histórica tarefa de fazer justiça ao povo boliviano».

Na sexta-feira, pela mesma razão, tinham sido detidos os ex-ministros da Justiça e da Energia, respectivamente Álvaro Coímbra e Rodrigo Guzmán.

A Procuradoria Departamental de La Paz emitira, no mesmo dia, uma ordem de prisão contra a ex-presidente e vários dos seus ministros, por existirem elementos suficientes para acusação», a respeito da provável «participação dos acusados nos delitos de terrorismo, sedição e conspiração», e por terem «um fluxo migratório activo», fazendo recear risco de fuga.

São também procurados pelas autoridades o ex-comandante da Polícia, coronel Yuri Calderón, e o ex-comandante das Forças Armadas, general Williams Kaliman Romero, e outros participantes na conspiração, entre os quais se contam os ex-ministros Arturo Murillo, Yerko Núñez e Fernando López.

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A funcionária explicou que a irregularidade foi detectada no decurso de uma investigação promovida pela secção que dirige, da qual resultou uma auditoria interna para encontrar mais detalhes e apurar responsabilidades.

Chávez disse ainda que serão tomadas «as acções legais correspondentes» contra quem violou as normas que propiciaram o desfalque na empresa e no Ministério de Hidrocarbonetos.

A ex-presidente golpista Jeanine Áñez foi presa em meados de Março e terá de enfrentar a Justiça, na sequência do golpe de Estado de 2019, que levou à renúncia do então presidente Evo Morales, provocou dezenas de mortos e esteve associado a outros actos de corrupção.

Nacionalizações tiveram impacto positivo

Entre 2006 e 2019, durante o governo de Evo Morales, as nacionalizações geraram 24 mil milhões de dólares e a taxa média de crescimento foi de 5%, o que implicou importantes mudanças sociais, disse Jaime Durán, investigador em temas de desenvolvimento.

Nesse período, o desemprego caiu para 4%, enquanto em 2020, com o golpe de Estado, o desemprego atingiu os 12%, o que evidencia a péssima contribuição do modelo neoliberal, referiu o especialista em declarações à Bolivia TV.

As nacionalizações tiveram um impacto positivo e foram uma decisão correcta para o progresso nacional, disse o antigo director-geral de Planeamento dos ministérios de Mineração e Metalurgia e Economia, acrescentando que os recursos provenientes da nacionalização dos hidrocarbonetos permitiram reduzir a pobreza na Bolívia.

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