O pacto alcançado entre o futuro chanceler, Sebastian Kurz, e o líder do FPÖ, Heinz-Christian Strache, tem lugar dois meses após as eleições legislativas, realizadas a 15 de Outubro e fortemente marcadas pelo debate em torno da migração.
Os conservadores do ÖVP venceram as eleições com um discurso duro contra os migrantes que em parte se sobrepôs ao da extrema-direita. Ao longo da campanha eleitoral, esta assumiu uma postura claramente xenófoba e prometeu cortar apoios sociais aos migrantes. O FPÖ, partido fundado por antigos oficiais nazis, foi a terceira força mais votada, com 26% do sufrágio.
O chefe de Estado, Alexander Van der Bellen, antigo líder dos Verdes que o ano passado foi eleito derrotando um candidato do FPÖ, foi hoje informado do pacto de governo alcançado, ao qual deu luz verde.
Governo «pró-europeu»
Também hoje, numa conferência de imprensa conjunta e de apresentação do programa de governo, Heinz-Christian Strache fez saber que a extrema-direita abdica de um referendo sobre a saída da União Europeia (UE), que caracterizou como «projecto de paz».
O líder do FPÖ reconheceu que o seu partido preferia ter mantido a possibilidade de saída da UE em aberto, mas acabou por ceder nas negociações para a formação do executivo com o Partido Popular Austríaco, indica a Agência Lusa.
Por seu lado, o futuro chanceler e líder do ÖVP, Sebastian Kurz, voltou a referir-se às políticas de imigração e refugiados, recusando o sistema de «distribuição solidária».
Ainda assim, Kurz insistiu que o governo será «pró-europeu» e que ambos os partidos vão «contribuir de forma activa na UE». Em todo o caso, Kurz irá manter sob sua alçada as políticas europeias, à parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que será tutelado pelo FPÖ, refere a Reuters.
Os conservadores – que integram o mesmo grupo do PSD e do CDS-PP no Parlamento Europeu – vão controlar a chancelaria federal e sete ministérios. A extrema-direita ficará com as restantes seis pastas.
O novo ministro do Interior, Herbert Kickl (de extrema-direita), é conhecido por vários slogans xenófobos e islamofóbicos usados no passado pelo FPÖ. No início da carreira, escrevia os discursos de Jörg Haider, que enaltecia as políticas de emprego de Hitler e conduziu o FPÖ a «sucessos eleitorais».
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