Numa mensagem publicada na sua conta de Twitter, Evo Morales reagiu às declarações do representante da UE na Bolívia, Joerg Schreiber, de acordo com as quais o bloco europeu está a definir um programa de cooperação com o país andino para os próximos sete anos, tendo como contraparte a administração da presidente autoproclamada e inconstitucional Jeanine Áñez.
O ex-presidente, obrigado a renunciar na sequência do golpe de Estado de 2019, disse lamentar que, quando faltam dois meses para as eleições gerais na Bolívia, a UE defina um programa com um «governo que não foi eleito, que viola sistematicamente os direitos humanos e que está mergulhado em corrupção».
Morales, que se encontra refugiado na Argentina, solicitou ainda ao alto representante da UE para os Assuntos Externos, Josep Borrell, que o referido programa de cooperação seja definido com as autoridades eleitas pela maioria dos bolivianos.
O governo golpista da Bolívia tinha como único mandato convocar eleições num prazo de três meses. No entanto, os golpistas, com Áñez como presidente ilegítima, ainda se mantêm no poder, tendo adiado as eleições por três vezes.
Alerta para manobra com vista a nova suspensão das eleições
O portal plurinacional.info, citado pela Prensa Latina, alertou ontem para eventuais manobras do governo golpista de Áñez para, em conluio com forças de direita – como os chamados comités cívicos –, suspender as eleições gerais na Bolívia, para se manter no poder.
De acordo com a análise divulgada, a manobra consiste em conseguir a renúncia colectiva dos vogais do Supremo Tribunal Eleitoral, de modo a deixar a instância sem quorum e poder adiar ou cancelar as eleições marcadas para 18 de Outubro próximo, em que os candidatos do Movimento para o Socialismo (MAS) surgem como claros favoritos.
Ainda segundo o plurinacional.info, o Comité Cívico pro Santa Cruz – que teve um papel destacado no golpe de Estado de Novembro de 2019 – defende uma alteração no sistema eleitoral de modo a diferenciar os votos de áreas urbanas e rurais, com o «claro objectivo de retirar apoio ao MAS, uma vez que esta força política conta com o apoio da maioria do povo nas zonas rurais do país andino-amazónico».
Para além disso, o portal reitera a denúncia sobre os planos da direita, liderada pelo governo golpista, para deixar o MAS de fora da contenda eleitoral através da proscrição, perseguição política e criminalização dos seus candidatos.
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