O líder do ÖVP (sigla em alemão), Sebastian Kurz, convidou o seu congénere do FPÖ (extrema-direita), Heinz-Christian Strache, para negociar a sua entrada no governo, após as eleições legislativas na Áustria, realizadas a 15 de Outubro.
De acordo com a Reuters, Kurz afirmou esta manhã, em conferência de imprensa, ter convidado Strache para negociações com vista à formação de uma coligação de governo. O «plano B», disse, é a formação de um executivo minoritário negociado com o Partido Social-Democrata da Áustria (SPÖ, na sigla em alemão), o parceiro de governo do ÖVP até Maio, quando Kurz foi eleito líder do partido.
Pouco depois das declarações do líder do ÖVP, Strache aceitou a proposta e revelou que equipas de ambos os partidos vão dar início às negociações amanhã, quarta-feira. No entanto, alertou que integrar o governo «só faz sentido se pudermos implementar as nossas importantes e correctas políticas».
Na campanha eleitoral, o FPÖ prometeu cortar os apoios sociais a migrantes e centrou a sua mensagem na imigração. À semelhança do que já aconteceu noutros países europeus, como na Alemanha, em França ou na Holanda, o seu discurso xenófobo conseguiu colocar, parcialmente, as suas propostas na boca do partido maioritário.
No final do ano passado, o candidato do FPÖ a Presidente Federal, Norbert Hofer, foi derrotado na segunda volta do acto eleitoral por Alexander Van der Bellen, ex-líder dos Verdes austríacos. Apesar dos protestos da formação de extrema-direita, que levaram mesmo à repetição da segunda volta, a derrota do FPÖ foi confirmada por uma diferença superior.
Partido de ex-oficiais nazis
Esta pode ser a segunda passagem do FPÖ pelo governo autríaco, depois de, entre 2000 e 2005, ter estado coligado com o ÖVP. Na altura, era liderado por Jörg Haider, conhecido pelas declarações de branqueamento dos crimes do nazismo e defensor da segregação, por exemplo, da minoria eslovena no Sul da região da Caríntia (onde foi governador entre 1989 e 1991, já então com o apoio do ÖVP).
O FPÖ, Partido da Liberdade da Áustria, tem as suas origens num grupo de antigos oficiais nazis. O seu primeiro presidente, Anton Reinthaller, foi ministro nos governos que se seguiram à anexação (Anschluss) da Áustria pela Alemanha Nazi. Em 1938 integrou as forças paramilitares SS, chegando a oficial general em 1941.
O partido mantém relações com outras formações de extrema-direita europeias, como a Frente Nacional (França), de Marine Le Pen, o PVV (Holanda), de Geert Wilders, o AfD (Alemanha) ou a Lega Nord (Itália), que integrou os governos de Berlusconi.
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