Entre Janeiro e Junho deste ano, o Sada Social Center – organismo que acompanha as redes sociais na Palestina – registou 425 violações contra conteúdos digitais palestinianos, o que, segundo a agência WAFA, se fica a dever às iniciativas oficiais de Israel «para combater a narrativa palestiniana».
Em comunicado, o organismo afirma que o Facebook ocupa o primeiro lugar na eliminação de conteúdos palestinianos, tendo documentado 273 situações em que isso ocorreu nos primeiros seis meses de 2022.
Durante este período, acrescentou, outras empresas entraram na «guerra» a conteúdos digitais palestinianos, como a WhatsApp (60 casos), Tik Tok (21), Youtube (14), Twitter (12) e Clubhouse (10).
Diversos jornalistas palestinianos lançaram um processo contra o Facebook por «censurar arbitrariamente» e «eliminar perfis» de agências noticiosas e outras entidades palestinianas. O escritório de advogados Bindmans, com sede em Londres, mandatado pelo Centro Internacional de Justiça para os Palestinianos (ICJP), apresentou a queixa contra o Facebook em nome do Sada Social Center e de diversos jornalistas, escritores e agências noticiosas palestinianas, informa a agência WAFA. «O processo pede ao Facebook que reveja os seus procedimentos para suspender e encerrar contas palestinianas, e se algum algoritmo foi utilizado ou deixado ao critério dos funcionários para tomar decisões relativas ao encerramento de contas palestinianas», revelou em nota de imprensa o Sada Social Center – organismo que acompanha as redes sociais na Palestina. Este processo – afirmou o Sada Social Center – deve-se à intransigência da administração do Facebook ao lidar com as reclamações que recebe do centro e de outras partes palestinianas interessadas nos direitos digitais, usuários de contas, organizações mediáticas e instituições de imprensa. O centro de monitorização dos media confirmou que o Facebook intensificou as suas medidas contra conteúdos palestinianos em 2021. Das 1593 reclamações de violações que registou ao longo do ano passado, 64,4% diziam respeito à Meta (nome da empresa que passou a integrar o Facebook e outras plataformas). De acordo com o Sada Social, a censura exercida pelo Facebook sobre conteúdos relacionados com a Palestina representa um problema mais amplo, que é «de longo alcance e de natureza sistémica». A Meta está agora a exercer uma espécie de julgamento das contas palestinianas, com um viés flagrante a favor da ocupação israelita, informa a WAFA, acrescentando que a administração do Facebook respondeu a mais de 90% dos pedidos da ocupação israelita sobre contas palestinianas, tendo encerrado centenas delas ou aplicado restrições. Em 2021, a censura sobre perfis e contas palestinianos atingiu o pico nos meses de Maio e Junho, coincidindo com as agressões israelitas ao bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental ocupada, e à Faixa de Gaza cercada. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Jornalistas palestinianos processam Facebook por censura
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Na maior parte dos casos, aquilo que se verificou foi a eliminação de contas e a imposição de restrições a publicações, especialmente quando estas contêm determinados termos associados à situação política, como as palavras árabes para «ocupação», «acampamento de refugiados de Jenin», «mártir» ou «resistência».
Entretanto, um inquérito realizado pelo Sada Social Center nos últimos meses a 195 jornalistas e activistas revelou que 97% deles sofreram algum tipo de restrição nas redes sociais devido a publicações relacionadas com a «causa palestiniana», revela a WAFA.
Quase um terço dos inquiridos (29%) disse ter sido alvo de censura pelo menos 11 vezes; cerca de 43% dos participantes no inquérito afirmaram que as suas contas foram bloqueadas nas plataformas digitais entre três e cinco vezes, indica a mesma fonte.
ONG denuncia agressões israelitas a jornalistas
Num comunicado emitido este domingo, o Comité de Apoio dos Jornalistas afirmou que as tropas israelitas assassinaram uma jornalista palestiniana em Junho, Ghufran Harun Warasneh, de 31 anos, quando se dirigia para o seu emprego numa rádio local, na cidade al-Khalil (Hebron).
A organização não governamental deu conta ainda de ataques verbais e físicos a jornalistas palestinianos que realizavam o seu trabalho na Margem Ocidental e Jerusalém Oriental ocupadas, por parte de forças de segurança e colonos israelitas.
As agressões deliberadas incluíram palavras racistas e ofensivas, assim como pontapés, agressões com paus e culatras de espingardas, disparos com munição real, com balas de borracha ou com gás lacrimogéneo, disse o Comité, citado pela Prensa Latina.
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