O antigo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), George H. W. Bush, morreu pouco depois das 22h00 de 30 de sexta-feira (4h00 da manhã de sábado em Lisboa), aos 94 anos de idade.
À altura da sua morte era o patriarca da influente família Bush. O seu filho, George Walker Bush (n. 1946), foi presidente dos EUA entre 2001 e 2009. Apenas um outro presidente norte-americano, John Adams (1735-1826), teve um filho que também se tornou presidente.
Foi conhecido simplesmente como George Bush até à eleição do filho como Presidente dos EUA, em 2001. A partir daí foi publicamente designado como George H. W. Bush ou George Bush Sénior, mas a continuidade e a força da sua influência pode medir-se pela forma como, no meio dos serviços secretos norte-americanos, continuou a ser discretamente designado: «George Bush, o verdadeiro (the real one)».
Durante a sua longa carreira política, como membro proeminente do Partido Republicano, foi congressista pelo Texas (1966-1971), embaixador dos EUA nas Nações Unidas (1971-1973), presidente do comité nacional do Partido Republicano (1973-1974), enviado norte-americano à China (1974-1975), director da Central Intelligence Agency (CIA) entre 1976 e 1977, Vice-Presidente dos EUA (1981-1989) sob Ronald Reagan, e Presidente dos EUA entre 1989 e 1993.
A sua vida interligou, de uma forma talvez única na política americana, negócios, política aberta e serviços secretos. Foi o único director da CIA que se tornou presidente dos EUA.
Enquanto director da CIA apoiou activamente as ditaduras militares latino-americanas, incluindo a infame Operação Condor. Utilizou os serviços dos exilados cubanos que previamente tinham sido suspeitos de cumplicidade no atentado ao presidente John Kennedy e depois se celebrizaram nas «operações sujas» da política interna e externa norte-americana, como Felix Rodriguez.
Como vice-presidente e presidente dos EUA, na política externa deu apoio aos contras da Nicarágua, invadiu o Panamá, declarou a operação Desert Storm durante primeira Guerra do Golfo, mas promoveu também, com Mikhail Gorbachov, o tratado de redução de armas nucleares conhecido como START.
Faleceu em 30 de Novembro de 2018, em casa, cerca de oito meses depois da morte da sua esposa, Bárbara Bush.
Antecedentes
George Herbert Walker Bush nasceu a 12 de Junho de 1924 numa família ligada ao negócio do petróleo e das armas, filho de Prescott Sheldon Bush (1895-1972) e de Dorothy Walker Bush.
O pai de Prescott era um sócio da família Rockfeller na Remington Arms Company. Durante a Primeira Guerra Mundial, Prescott Bush chefiou o departamento responsável pelo fornecimento de armas ligeiras (small arms) e munições ao Exército Americano, na agência governamental War Industries Board. Cerca de 50% das armas pequenas e de 70% das espingardas usadas pelos Estados Unidos na guerra pertenceram à Remington.
Em 1919 Prescott começa a trabalhar com o magnata George Herbert Walker e em 1921 casa com a sua filha Dorothy. A partir daí assume uma posição relevante nas empresas do sogro, que homenageia ao dar ao filho, futuro presidente dos EUA, o nome daquele.
Nos anos 20 e 30 desenvolvem negócios ligados à indústria alemã do aço com a família Thyssen e, após a ascensão de Hitler ao poder (fortemente apoiado por aquele magnata), Prescott Bush e o sogro participam num lobby financeiro pró-alemão. Com a entrada dos EUA na guerra e a nacionalização de interesses alemães, a família regista perdas elevadas.
Em 1942, com 18 anos, George Herbert Walker Bush alistou-se como voluntário na aviação norte-americana e combateu na frente japonesa como piloto de guerra.
Depois da guerra estudou Economia na Universidade de Yale, onde foi – tal como seu pai tinha sido e seu filho viria a ser – membro da influente sociedade secreta Skull and Bones. Em 1953, tendo como sócio e impulsionador um agente da CIA, forma a Zapata Oil, que mais tarde se funde com outras companhias para formar a poderosa Pennzoil (1963). O negócio do petróleo, tal como o das armas, está presente na família desde então.
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