|Bolívia

Governo boliviano garante controlo das Forças Armadas após intentona

Arce agradeceu ao povo boliviano que veio para as ruas, esta quarta-feira, protestar contra a tentativa de golpe de Estado e defender a democracia. O ministro da Defesa assegurou o controlo das Forças Armadas.

Luis Arce dirige-se à população concentrada frente à sede do governo, em La Paz Créditos / ABI

«Temos controlo total e absoluto das nossas Forças Armadas, através do comando militar. Já está tudo sob controlo. E os processos de investigação a nível ordinário e militar vão decorrer», afirmou o ministro da Defesa, Edmundo Novillo, numa conferência de imprensa na Casa Grande do Povo (sede do governo), rodeado por altos cargos das Forças Armadas.

Disse ainda que foi decretada «uma profunda e severa investigação aos autores deste lamentável e vergonhoso facto, que devem receber o castigo que a população espera», em alusão à tentativa de golpe de Estado.

Segundo refere a Agencia Boliviana de Información (ABI), dois dos cabecilhas da intentona, o ex-comandante do Exército ex-general Juan José Zúñiga e o ex-comandante da Armada Boliviana ex-vice-almirante Juan Arnez Salvador foram presos e apresentados na TV pela acção golpista contra o presidente Luis Arce.

O golpe frustrado chegou ao centro político do país sul-americano, a Praça Murillo, em La Paz, envolvendo tanques e centenas de efectivos militares, e prolongou-se por mais de cinco horas, com a população a resistir nas ruas em defesa da democracia. Pelo menos 12 pessoas ficaram feridas.

De acordo com o ministro boliviano da Defesa, esta tentativa de golpe militar foi planeada e nela intervieram, além de Zúñiga e Arnez, o ex-comandante da Força Aérea Boliviana Marcelo Zegarra.

Golpe em curso em La Paz, na Bolívia, a 26 de Junho de 2024 / ABI

Novillo disse que a razão que motivou o movimento das tropas foi a destituição de Zúñiga, na sequência de uma entrevista que deu a uma TV na segunda-feira passada, na qual fez várias declarações de teor político e ameaçou prender o ex-presidente Evo Morales.

Por essas declarações, refere a ABI, o presidente boliviano decretou a substituição de Zúñiga e de outros elementos do comando militar. A decisão foi-lhe comunicada pelo ministro da Defesa e pela ministra da Presidência, María Nela Prada, numa reunião na Casa Grande do Povo, em La Paz, esta terça-feira.

Então, o militar reconheceu ter cometido «alguns excessos» e colocou-se à disposição de Luis Arce. No entanto, ontem, fontes de confiança deram o alerta para movimentos militares em determinadas zonas do Departamento de La Paz. Elementos do governo tentaram contactar o oficial golpista, sem êxito.

Em simultâneo, refere a ABI, soube-se que havia uma ordem de aquartelamento na sétima, oitava e nona divisão do Exército. Luis Arce foi informado e de imediato convocou o Alto Comando Militar para uma reunião, sem que nenhum dos três respondesse.

Nessa altura, o governo foi também informado de movimentos de tropas em direcção ao centro de La Paz e, nesse contexto, decidiu apressar as alterações no comando militar.

Luis Arce cara a cara com Zúñiga, um dos militares golpistas / Prensa Latina

Nesse momento, disse Novillo, já os efectivos comandados por Zúñiga tinham tomado a Praça Murillo e derrubado a porta principal do Palácio Quemado com o objectivo de chegar à Casa Grande do Povo. Foi aí que Luis Arce foi ao encontro do general golpista, se colocou à sua frente e lhe deu ordens para desmobilizasse as tropas, sem que Zúñiga as acatasse.

Assim, explicou Novillo, José Sánchez Velásquez passou a ser o comandante do Exército; Gerardo Zabala Álvarez, da Força Aérea, e Renán Guardia Ramírez, da Armada.

Mal tomou posse do cargo, Sánchez deu ordens às tropas na Praça Murillo que regrassem aos seus quartéis, o que foi cumprido.

Luis Arce agradece ao povo e à comunidade internacional que se pronunciou contra o golpe

Também na noite desta quarta-feira, o presidente da Bolívia agradeceu a quem veio para as ruas defender a democracia no país.

«Saudamos e expressamos o nosso mais sincero agradecimento às nossas organizações sociais e a todo o povo boliviano, que vieram para as ruas e se expressaram através de vários meios de comunicação contra a intentona golpista», disse Arce nas redes sociais.

Em simultâneo, destacou o apoio recebido a nível internacional, tendo garantido que a democracia e a vontade do povo boliviano serão defendidas «custe o que custar».

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