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Governo brasileiro suspende operações contra desflorestação e queimadas

Todas as operações de combate ao desmatamento ilegal na Amazónia e às queimadas no Pantanal serão suspensas a partir de dia 31, anunciou esta sexta-feira o Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Desmatamento registado em Julho de 2020, dentro da Área de Protecção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, no estado do Pará
CréditosChristian Braga / Greenpeace Brasil

A suspensão das operações resulta de um bloqueio financeiro de cerca de 60 milhões de reais destinados a órgãos de fiscalização ambiental. Segundo a nota emitida pelo MMA, uma verba de 20,9 milhões destinava-se ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e uma outra, de 39,7 milhões, ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ambos responsáveis pelo trabalho de preservação ambiental no Brasil.

Este corte orçamental, que, segundo a nota divulgada pelo MMA, foi decidido pela Casa Civil da Presidência da República e pela Secretaria de Governo do presidente Jair Bolsonaro, vem juntar-se ao corte de outros 120 milhões de reais no orçamento previsto para 2021 na área do meio ambiente.

O ministério brasileiro estima que, no combate à desflorestação ilegal, a decisão de Bolsonaro implique a desmobilização de 77 fiscais, 48 viaturas e dois helicópteros do Ibama, além de 324 fiscais do ICMBio.

Já nas operações de combate às queimadas, deixam de trabalhar 1346 brigadistas, 86 camionetas, dez camiões e quatro helicópteros do Ibama, e 459 brigadistas e dez aeronaves Air Tractor do ICMBio, revela o Brasil de Fato, que publica a nota na íntegra.


Recentemente, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou que a desflorestação na Amazónia brasileira entre Agosto de 2019 e Julho deste ano atingiu uma área de 9205 quilómetros quadrados e que se tinha verificado um aumento de 34,5% no alerta de desmatamento em relação ao período Agosto de 2018-Julho de 2019.

Comentando os dados divulgados pelo Inpe, Rômulo Batista, porta-voz da campanha Amazónia da ONG Greenpeace Brasil, disse à imprensa que «chama muito a atenção o número de grandes polígonos de alertas de desmatamento, com áreas de 3 mil, 4 mil e até 5 mil hectares derrubadas nos últimos 12 meses».

Em seu entender, estes dados mostram que a desflorestação da Amazónia «não é fruto da pobreza e do desespero de pessoas em situação de grande vulnerabilidade», mas, sim, de «um esquema organizado, patrocinado por grandes proprietários e grileiros de terra que se sentem protegidos pelo derretimento das políticas de protecção ambiental e do combate ao desmatamento».

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