Na sua 10.ª conferência, recentemente concluída, a Federação dos Trabalhadores das Plantações de Toda a Índia (AIPWF, na sigla em inglês) apelou a uma luta mais forte contra as políticas neoliberais levadas a cabo pelo governo central.
Quando passam 50 anos sobre a sua fundação, precisamente em Darjeeling – uma região montanhosa de Bengala Ocidental famosa pelo seu chá –, a estrutura sindical exigiu, entre outras reivindicações, melhor segurança social, salários mínimos e cartões de saúde para os trabalhadores da indústria das plantações, refere o Newsclick.
Tapa Sen, secretário-geral do Centro dos Sindicatos Indianos (CITU, na sigla em inglês), afirmou no final da conferência que mais de quatro milhões de trabalhadores estão ligados ao sector das plantações, que inclui as plantações de chá, borracha e café do país sul-asiático.
Por toda a Índia, o governo e as grandes empresas estão a tentar apoderar-se das terras das plantações, uma tendência perigosa que tem de ser combatida e travada, alertou.
Em vez disso, o dirigente sindical defendeu que as autoridades devem melhorar as infra-estruturas e os serviços nas comunidades que vivem e trabalham nas zonas das plantações, nomeadamente escolas e outras instalações educativas, serviços de saúde e estradas em redor das áreas de plantação.
O direito dos habitantes e trabalhadores das plantações à terra e o seu direito a um salário mínimo foram igualmente abordados na intervenção de Tapa Sen.
A 10.ª conferência da AIPWF, cuja abertura coube a K. Hemlata, presidente do CITU, contou com a participação de vários partidos e sindicatos da região montanhosa, nomeadamente o Hamro, o GNLF e o Chia Kaman Majdoor Union, entre outros, e trouxe a Darjeeling 143 delegados de outras regiões de Bengala Ocidental, de Kerala e Tamil Nadu, no extremo Sul do país, de Karnataka, Assam e Tripura.
Uma das decisões importantes tomadas no encontro foi a de agendar uma mobilização para dia 5 de Abril na capital do país, Nova Déli, envolvendo pequenos e médios agricultores e trabalhadores do campo na indústria das plantações.
Ao cabo de dois dias de trabalhos, CK Unnikrishnan foi eleito o presidente da Federação dos Trabalhadores das Plantações de Toda a Índia e Zia ul Alam tornou-se o seu secretário.
Exploração extrema e agravamento das condições de vida
Ao falar à imprensa, Zia ul Alam destacou a importância da indústria das plantações para o país, que envolve quatro milhões de pessoas directamente e outros dois milhões de forma indirecta.
Mais de 400 mil trabalhadores de 370 plantações em Bengala Ocidental (Índia) fizeram uma greve de três dias, exigindo um aumento de 40 cêntimos diários ao governo estadual e aos donos das plantações. A greve foi convocada pelo Joint Forum of Tea Garden Workers [Fórum Conjunto dos Trabalhadores das Plantações de Chá] para exigir um aumento de 20% no salário mínimo diário, ou seja, que os trabalhadores das plantações passem a auferir diariamente 203 rupias (2,57 euros), em vez das actuais 169 rupias (2,14 euros), segundo revelou à AFP o dirigente sindical Aloke Chakraborty. Os cerca de 20 sindicatos que apoiaram a greve, que teve início na terça-feira e durou três dias, exigiram também que o pagamento da electricidade, da roupa e da educação dos filhos dos trabalhadores esteja a cargo das entidades patronais ou do estado de Bengala Ocidental, no Leste da Índia. Os mais de 400 mil trabalhadores das plantações da região de Darjeeling, localizadas nas encostas dos Himalaias e famosas pelo chá que exportam para todo o mundo, entraram em greve na terça-feira depois de, nesse dia, os donos das plantações não terem comparecido à reunião agendada com os sindicatos e representantes do governo estadual para discutir as reivindicações dos trabalhadores, segundo informa o Indian Express. Na quarta-feira, segundo dia de paralisação, os trabalhadores das plantações de chá levaram a cabo manifastações e concentrações no Norte do estado. Anuradha Talwar, membro do sindicato Paschimbanga Khet Mazdoor Samiti, disse ao Indian Express que as «reivindicações dos trabalhadores das plantações de chá são inteiramente justas» e que «tanto o governo como os donos das plantações têm a obrigação de pagar aos trabalhadores um salário que lhes permita viver; aquilo que recebem agora é um salário para morrer à fome», denunciou. Para dia 13 deste mês foi agendada uma nova reunião entre sindicatos, governo local e donos das plantações, que, através da Associação do Chá da Índia, já se queixaram das «grandes perdas económicas causadas pela greve», uma vez que esta época coincide com um dos picos de produção. Enquanto vestígio da época colonial britânica, as plantações de chá no Norte e no Nordeste da Índia são tema habitual na imprensa indiana, em virtude dos salários de miséria que são pagos neste sector – inferiores aos do resto da agricultura –, das péssimas condições de trabalho e das lutas laborais frequentes. A Federação Sindical Mundial expressou o total apoio às centenas de milhares de trabalhadores em luta nas plantações de Darjeeling. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Trabalhadores das plantações de chá em greve contra salários de miséria
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No entanto, denunciou, o lucro do trabalho diário é retirado pelos proprietários, e os trabalhadores são explorados ao máximo.
Referindo-se às plantações de chá de Bengala Ocidental, disse que as condições de vida dos trabalhadores se agravam diariamente. «Isto é uma vergonha para o estado e para o país. Nas plantações de chá, faltam serviços básicos como água potável e cuidados de saúde», lamentou, acrescentando que o governo foi incapaz de impor os salários mínimos no sector e que o descontentamento está a crescer nas plantações.
A situação que se vive nos estados de Bengala Ocidental e Assam contrasta com a dos trabalhadores das plantações em Kerala e Tamil Nadu, afirmou Alam, que responsabilizou tanto os governos estaduais como o central pelo facto.
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