Num comunicado lançado a propósito da manifestação, que começa às 16h na Praça Gino Bartali, o Comité procura desmontar vários argumentos que têm sido apresentados a favor da instalação da infra-estrura militar.
«Disseram-nos que a criação do Comando da NATO será uma oportunidade económica: isto é simplesmente falso. Pelo contrário, todos os serviços ligados ao Comando serão pagos com fundos públicos, enquanto os nossos bairros continuarão privados de serviços essenciais», denuncia.
Relativamente ao argumento de que «a criação do Comando da NATO representará uma oportunidade de intercâmbio cultural», o Comité afirma que «o único intercâmbio que a NATO consegue produzir está ligado ao aumento da pressão sobre as escolas com o objectivo de se alistarem na guerra».
E acrescenta: «Não é por acaso que o restabelecimento do serviço militar obrigatório está a ser evocado em muitos quadrantes: precisam de soldados e de carne para canhão. Devemos reiterar um conceito simples: as escolas são escolas e não quartéis.»
Outro aspecto sublinhado pelos promotores da mobilização é o de que, no caso de uma nova escalada da guerra, os centros de comando são considerados «objectivos militares legitimamente elegíveis», o que significa expor a capital toscana «a riscos imprevisíveis e incalculáveis», mais ainda numa fase «em que a NATO está a movimentar engenhos nucleares».
Os promotores acusam ainda a Aliança Atlântica, o governo italiano e o Ministério da Defesa de estarem a transformar Florença numa zona de guerra a coberto de «confidencialidade» e «segredos militares». «Tudo se passa sobre as nossas cabeças», afirma o texto divulgado pelo Comité.
É preciso «enviar um sinal claro»
Os promotores destacam a importância de «enviar um sinal claro de que os estrategas de guerra não são bem-vindos nesta cidade», bem como a exigência de inverter a tendência que consiste no aumento das despesas militares em detrimento das sociais.
«Enquanto os orçamentos das indústrias de armamento continuam a aumentar graças à despesa pública», os custos da vida quotidiana dos cidadãos são «agora insustentáveis», denunciam, referindo-se a transportes, combustíveis, facturas, compras do supermercado, habitação ou listas de espera nos cuidados de saúde públicos.
«A paz não é o período que vai do último bombardeamento ao seguinte. A paz não é a fase que separa uma guerra da outra. A paz é o resultado de uma nova sociedade que supera a lógica da exploração e da desigualdade», frisam.
Baixar as armas, subir os salários
Centenas de pessoas participaram, em Ancona, na mobilização organizada pelo comité local «Não à Guerra, Não à NATO», exigindo o fim da «participação» italiana na guerra e o fim da escalada em curso. A mobilização deste sábado na capital da região italiana das Marche é uma de várias que têm tido lugar no país transalpino em defesa da paz, contra a sujeição de Itália aos mandamentos da União Europeia (UE) e pela saída do país da Aliança Atlântica. Segundo refere o portal cronacheancona.it, a manifestação na cidade adriática foi organizada conjuntamente por vários movimentos da sociedade civil e contou com a participação de representantes sindicais, de partidos políticos e diversas associações. Com o lema «Itália fora da guerra, Itália fora da NATO», os manifestantes seguiram até à Praça Cavour, onde deixaram clara a sua discordância com as opções políticas de governos anteriores e do neofascista que acabou de tomar posse. Segundo referiram os representantes das organizações promotoras nas suas intervenções, estes governos são «fiéis executores dos ditames» da Europa do capital e «não defendem os interesses do povo italiano». Em seu entender, o dinheiro que os governos têm gasto e gastam com armamento devia servir para a construção de casas, escolas e hospitais. Além disso, consideram que se assiste a uma «perigosa escalada» na Ucrânia e que tal se deve à «intransigência da NATO, que «se recusa a negociar com a Rússia», e, nesse sentido, insistiram na saída de Itália do bloco militar, bem como no fim do envio de armas para a Ucrânia. [Ver vídeo de Comitato No Guerra No Nato Ancona.] Outro aspecto que foi destacado na mobilização é o facto de o povo italiano e os povos europeus já estarem a sofrer «uma guerra económica», pois as «sanções contra a Rússia são apenas o pretexto para justificar a especulação sobre os preços da energia (que aumentaram para níveis incomportáveis para as famílias e as empresas, que estão fechar aos milhares)», denunciaram. O objectivo desta especulação é levar à «desindustrialização da Europa», para «benefício do sistema de produtivo norte-americano e britânico», afirmaram os promotores, defendendo que o «grave momento histórico […] requer uma grande coragem e o empenho de todos». Na manifestação, em que o conhecido jornalista Manlio Dinucci alertou para o nível de «desinformação» existente, exigiu-se também a libertação de Julian Assange, o fundador do WikiLeaks, bem como o fim da russofobia, «pela paz e a fraternidade entre os povos». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Em Itália, reclama-se a paz e a saída da NATO
Guerra económica contra os povos europeus
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Prevê-se que na manifestação participem trabalhadores, activistas e representantes de organizações de toda a Itália: da Sardenha e da Sicília, de Nápoles e de Pisa, dos portos de Livorno e de Génova, refere o portal controradio.it.
Até ao momento, mais de quatro dezenas de organizações declararam apoio à manifestação. Uma delas é o sindicato USB, que, no seu portal, apela à mobilização contra o Comando da NATO e a economia de guerra.
Denunciando o envolvimento político-militar de Itália nas várias frentes de guerra, sinal do «carácter bárbaro e belicista do actual executivo», a USB chama também a atenção para as consequências «imediatas e devastadoras no plano económico e social, ou seja, nas condições de vida e de trabalho de milhões de trabalhadores».
São verdadeiras «vítimas sacrificiais» do «desvio de recursos cada vez maiores para financiar ataques a países terceiros e o consequente aumento das despesas militares», alerta.
Neste sentido, a USB voltará a mobilizar-se contra a guerra e a defesa dos trabalhadores, gritando «Baixem as armas, subam os salários».
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