Com o lema «Trabalho, igualdade e salários dignos numa Galiza com direitos», a Confederação Intersindical Galega (CIG) promoveu mobilizações, esta segunda-feira, nas sete cidades e em Vilagarcía de Arousa, evocando dessa forma as lutas dos trabalhadores galegos em 1972, no contexto das quais a Polícia franquista assassinou em Ferrol os trabalhadores Amador Rei e Daniel Niebla.
Como é habitual no Dia da Classe Operária Galega, a central sindical realizou uma oferenda floral junto ao monumento ao 10 de Março, em Ferrol, com o secretário-geral, Paulo Carril, a apelar ao confronto «com os governos espanhol e galego e com o patronato», tendo em conta que «as políticas favoráveis aos trabalhadores não são uma concessão generosa nem nascem da concertação social». «Os direitos conquistam-se lutando», afirmou o dirigente sindical, citado pelo Nós Diario.
Na ocasião, Carril mostrou-se preocupado com os apelos dos governos ao aumento das despesas militares e condenou a «apologia belicista da guerra, quando continua a aumentar a precariedade e a pobreza laboral, os salários empobrecem, persistem as desigualdades e a desigualdade de género, e avança a falta de protecção social».
Tais políticas respondem «às ordens dos EUA para reforçar o seu papel imperial, com a NATO como instrumento de guerra», referiu o dirigente da CIG, que alertou para «novos cortes nas políticas sociais e nos serviços públicos» e chamou a atenção para um contexto em que «ter trabalho não permite aceder a direitos básicos como a alimentação e a habitação, especialmente entre os jovens e as mulheres».
O secretário-geral da CIG disse que «esta realidade de precariedade e falta de estabilidade laboral é resultado da aplicação, pelo governo espanhol, das receitas neoliberais e das constantes reformas que ou são muito insuficientes para avanços nos direitos ou são claramente regressivas, mas apresentadas com muita propaganda de progressismo».
Neste contexto, o líder da central sindical denunciou o recurso à concertação social «para branquear estas políticas» e «o papel dado à desmobilização da CCOO e UGT, enquanto o capital reforça a sua agenda».
Redução da semana de trabalho e aumento do salário mínimo
No seu discurso, Paulo Carril deu ênfase à questão da redução da semana de trabalho para as 35 horas e ao aumento do salário mínimo, tendo lembrado que a Carta Social Europeia estabelece que o salário mínimo deve ser 60% do salário médio no Estado.
Chamou também a atenção para a necessidade de reverter uma política fiscal que, no Estado espanhol, penaliza mais os rendimentos do trabalho que os do capital, e alertou para o impacto «destas políticas» na Galiza, onde o efeito «se multiplica em virtude da acção governativa do PP».
«Com formas autoritárias e antidemocráticas, impõe uma concepção de país ao serviço das grandes empresas que vêm espoliar os nossos recursos, reforçando a nossa dependência económica e política», afirmou Carril, ao denunciar a acção do governo da Xunta.
Neste sentido, considerou «fundamental exercer com normalidade o direito a negociar e decidir na Galiza os nossos acordos colectivos, com as soluções mais adequadas à nossa realidade laboral, social, industrial, económica e demográfica».
«Reconhecer este direito significa poder democratizar a negociação face à permanente centralização em acordos estatais negociados pelas cúpulas sindicais e sem a participação dos trabalhadores», sublinhou.
Carril destacou ainda que é na capacidade de organização sindical e de luta que é possível travar o retrocesso e a precariedade. «É fundamental intensificar a luta e melhorar a acção sindical para conquistar direitos e conseguir políticas alternativas perante os governos e o patronato», disse.
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