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O governo de Macri «trouxe a fome de volta»

Milhares de trabalhadores argentinos – mais de 100 mil, segundo os organizadores – participaram esta quarta-feira, em Buenos Aires, na 4.ª marcha por «Paz, Pão, Terra, Tecto e Trabalho».

De acordo com os organizadoresm, mais de 100 mil pessoas participaram na marcha desta quarta-feira entre o Bairro de Liniers e o Congresso, em Buenos Aires
CréditosBernardino Avila / Página 12

O dia de São Caetano (padroeiro do trabalho) voltou a ser assinalado com uma grande mobilização na capital argentina em defesa do prolongamento da declaração de emergência social, da declaração de emergência alimentar, bem como de maiores apoios sociais, de apoios para a agricultura familiar e para as infra-estruturas nos bairros.

Promovida pela Confederação de Trabalhadores da Economia Popular (CTEP), a Bairros de Pé, a Corrente Classista e Combativa (CCC), a Frente Popular Darío Santillán, a edição deste ano da marcha ficou marcada pelo forte apoio sindical, pela proximidade das eleições (as primárias disputam-se este fim-de-semana) e pelo elevado nível de pobreza no país (35%, segundo dados do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina).

«Este governo disse que vinha governar para todos os argentinos mas trouxe a fome de volta. Destruiu o emprego. Condenou metade dos nossos pibes [miúdos, jovens] a ser pobres», afirmaram representantes das organizações promotoras no encerramento, junto ao Congresso.

Além de denunciarem o modelo económico imposto pelo executivo de Mauricio Macri, que classificaram como «gerador de catástrofe social», os organismos solicitaram ao governo que for eleito em Outubro que assuma as reivindicações das organizações sociais, segundo informa a Página 12.

Esteban Castro, da CTEP – organização que esteve envolvida nesta marcha desde a sua primeira edição, em Agosto de 2016, com Macri no poder havia oito meses –, sublinhou que o «governo não pode andar mais para trás» e que as propostas em defesa das populações e dos bairros mais carenciados são claras, tendo sido já todas apresentadas ao Congresso.


«As propostas são claras. A questão é que não temos a capacidade mediática para as divulgar. Por isso, temos de aproveitar estes meses de debate político para apresentar a agenda das organizações sociais», disse.

Num comunicado, as organizações referidas exigiram ainda, entre outras coisas, a aplicação de um programa urgente de reforço nos refeitórios escolares e comunitários, e que as camadas populares tenham acesso a produtos alimentares básicos a preços mais em conta.

Também alertaram para a gravidade da situação que se vive nos bairros populares de Buenos Aires devido «à pressão de grupos criminosos de narcotráfico», que «impõem um regime de medo aos habitantes e um futuro de morte aos pibes». Neste sentido, solicitaram às autoridades «a declaração imediata de emergência relativa a dependências» e o «reforço de dispositivos» nesta área, indica o Resumen Latinoamericano.

«Mais quatro anos com eles não se aguentam»

Ao intervir, Juan Carlos Alderete, da Corrente Classista e Combativa, classificou o actual governo argentino como «infame», lembrando que enganou os trabalhadores no que respeita aos impostos, que «despediu milhares de trabalhadores e encerrou empresas todos os dias». «Mais quatro anos com eles não se aguentam», declarou, citado pelo Página 12.

Outra militante da CCC, Ramona Cantero, do bairro de Berazategui, disse ao periódico que não consegue continuar a pagar a factura da luz e que lhe cortaram o serviço. «Nos refeitórios já não conseguimos pagar a garrafa de gás e passámos a cozinhar a lenha, com aquilo que encontramos», explicou.

Por seu lado, Beatriz Sosa, de Florencio Varela, na região Sul da Grande Buenos Aires, disse que esta é a sua primeira marcha de São Caetano, depois de ter perdido o emprego o ano passado. «Trabalhava na casa de uma família e deixaram de me poder pagar», relatou.

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