A greve na Função Pública, convocada pela Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), fez-se sentir esta quarta-feira em toda a Argentina, tendo havido mobilizações nas ruas da capital, Buenos Aires, e em províncias como Santa Fé, Missões, Chaco, Corrientes e Terra do Fogo.
De acordo com a Prensa Latina, a adesão foi forte, num sector que tem sido duramente penalizado pelos despedimentos e pelas políticas de austeridade de Macri praticamente desde que este tomou posse, no final de 2015.
No sector público têm decorrido algumas das lutas laborais mais emblemáticas dos tempos recentes no país austral, como nos estaleiros navais, nos hospitais, na agência noticiosa Télam, na Educação e na Cultura, cujo ministério foi transformado há pouco numa secretaria, no âmbito das medidas tomadas por Mauricio Macri para «fazer frente à crise» da desvalorização da moeda, que também incluem cortes na despesa, impostos mais elevados sobre as exportações e, segundo o próprio reconheceu, «mais pobreza».
Falando para os trabalhadores concentrados nas imediações do Ministério da Agro-indústria, o secretário-geral da ATE, Hugo Godoy, afirmou que se tratava de «uma jornada histórica de luta pelo trabalho, pela produção e pela soberania», destacando a elevada adesão dos trabalhadores.
«Muitos estão nas ruas, dizendo ao governo que já basta de despedimentos, de encerramentos de fábricas, "não" ao acordo com o Fundo Monetário Internacional [FMI], "não" a um orçamento de fome», declarou.
Contra a fome, exigência da «emergência alimentar»
Também ontem, milhares de pessoas manifestaram-se em Buenos Aires para denunciar a situação de pobreza de milhões de argentinos e exigir ao governo a implementação da Lei de Emergência Alimentar.
Na enorme concentração que promoveram na Avenida 9 de Julho, as organizações Confederação dos Trabalhadores da Economia Popular (CTEP), Corrente Classista e Combativa, Bairros de Pé, Frente Popular Darío Santillán e Frente de Organizações em Luta alertaram para a situação em que sse encontram «as camadas populares, que não aguentam mais», indica o Resumen Latinoamericano.
«Os bairros não resistem. Precisamos que os putos [pibes] tenham a comida garantida. Num país que produz alimentos para 400 milhões de habitantes, é preciso ser tão inútil e tão cínico para tomar medidas que causem a fome?», perguntou Daniel Menéndez, da Bairros de Pé, que denunciou o facto de os responsáveis políticos trazerem o FMI para o país. «Todos sabemos que a situação vai piorar», alertou, no final da mobilização.
O protesto foi acompanhado, em todo o país, pela organização de cantinas populares nas ruas, onde se distribuiu comida à população.
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