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ONU: «Iémen enfrenta o pior surto de cólera do mundo»

As Nações Unidas estimam que o número de pessoas atingidas pela infecção bacteriana seja superior a 200 mil. Mais de 1300 pessoas morreram desde que, em Abril, o surto de cólera se tornou epidémico no país devastado pela guerra.

Número de pessoas infectadas com cólera pode chegar a 300 mil no final de Agosto, alerta a ONU
Créditos / sbs.com.au

Os dados foram divulgados, este sábado, num comunicado conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês).

«Em apenas dois meses, a cólera espalhou-se por quase todas as províncias» do Iémen, diz o texto, acrescentando que, em média, há 5000 novos casos por dia. Sublinha-se ainda que, das 1300 vítimas mortais registadas, um quarto são crianças – «e espera-se que o número de mortos venha a aumentar», alerta-se.

Para a OMS e a Unicef, trata-se do «pior surto de cólera no mundo» e é «consequência directa dos dois anos de intenso conflito» no Iémen, que conduziu ao «colapso dos sistemas de saúde, água e saneamento», elevou as taxas de má-nutrição e levou a que muitos trabalhadores do sector da Saúde não sejam pagos há pelo menos dez meses.

A ONU está a «trabalhar a toda a velocidade para detectar a propagação da doença» e, entre outras medidas, equipas de «resposta rápida estão a ir de casa em casa» para «informar as pessoas sobre as formas de se protegerem», lê-se no texto.

O número de infectados e mortos é contabilizado desde 27 de Abril deste ano. A infecção por cólera tornou-se então epidémica, e encontra-se actualmente espalhada por 20 das 21 províncias do país árabe.

Trata-se do segundo surto de cólera em menos de um ano no Iémen – o primeiro tornou-se epidémico em Outubro de 2016 e, até Dezembro, provocou 143 mortes, sobretudo na região de Al-Wehda (província de Saná).

Na sexta-feira, Meritxell Relano, porta-voz da Unicef, alertou para a possibilidade de o número de iemenitas infectados com cólera ser superior a 300 mil no final de Agosto.

De acordo com a ONU, cerca de 18 milhões de pessoas – aproximadamente dois terços da população do Iémen – enfrentam carências alimentares e necessitam de ajuda humanitária. Quase sete milhões estão à beira da fome.

Brutal campanha, há mais de dois anos

Desde Março de 2015 que o Iémen é submetido a uma brutal campanha militar liderada pela Arábia Saudita. Apoiada pelos EUA e o Reino Unido, uma coligação de países, sob a batuta da casa de Saud, lançou então uma poderosa ofensiva contra o mais pobre dos países do mundo árabe, com ataques aéreos em vários pontos do território.

O objectivo, declarado, é recolocar no poder Abd Rabbuh Mansur Hadi, um aliado próximo de Riade que se demitira da presidência, e esmagar a resistência do movimento Ansarullah. De acordo com estimativas recentes, a guerra de agressão contra o Iémen já provocou mais de 12 mil mortos entre a população civil.

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