E lá fui de novo, cidadão obediente e bem comportado, receber mais uma dose, a terceira em seis meses, da vacina contra a Covid-19. Com a particularidade de me proporcionarem a possibilidade de ser mais um a testar a mistura da ora proscrita versão da AstraZeneca com a injecção-vedeta da rutilante Pfizer. Como o método de fabrico do produto desta marca nunca foi experimentado anteriormente em vacinas para os seres humanos, como a sua fase experimental continua em curso, como a ciência ainda não possui todos os dados sobre os resultados das novíssimas misturas de metodologias de produção diferenciadas, resta-nos a fé em Deus. Mesmo para os que não crêem.
As autoridades políticas e sanitárias, da Comissão Europeia aos governos, dos peritos seleccionados até aos meios de manipulação social, todos nos prometem, a toda a hora, que vai correr tudo bem. Isto é, garantem o que não podem assegurar porque a ciência, a única área que pode fazê-lo, ainda não está habilitada para isso, uma vez que não completou todos os passos de segurança. Por exemplo, corre por estes dias a notícia de que existem resultados promissores para uma vacina contra o HIV, na sequência de testes realizados em animais.
Nas vacinas contra a Covid esse procedimento não foi cumprido e deu-se a passagem directa das experiências para os seres humanos, transformados assim em cobaias. É verdade que as bases de dados norte-americana e europeia que registam casos de anomalias de saúde verificadas depois das inoculações contra a Covid-19 estão carregadas com centenas de milhares de ocorrências, muitas dos quais mortais. Se é impossível atribuir directamente estas situações às vacinas, como argumentam as autoridades, também será pouco realista garantir que não resultam das inoculações. Há muita investigação clínica e científica a fazer.
Um acordo de promessa de compra e venda entre o governo da República Dominicana e a Pfizer chegou ao domínio público. Tudo leva a crer que os articulados conhecidos sejam extensíveis a todos os contratos. A Comissão Europeia e os governos que se entregaram nas mãos do gigante farmacêutico Pfizer para administrar a vacina contra a Covid-19 produzida segundo métodos de manipulação genética nunca experimentados antes em animais e seres humanos aceitaram expressamente que os cidadãos sejam tratados como cobaias em relação a um produto sujeito «a riscos e incertezas significativas». Nos termos dos acordos confidenciais estabelecidos entre os governos e os fabricantes – neste caso a Pfizer, a BioNTech e as suas filiais – os governos e as pessoas inoculadas estão completamente indefesas em todas as situações em que o processo de vacinação corra mal. Isso é válido tanto em relação à saúde dos vacinados, que não podem processar o fabricante no caso de se registarem efeitos nefastos após o tratamento, como aos preços e gestão dos prazos de entrega praticados pela Pfizer. O pedido da OMS às farmacêuticas para que não subam preços reforça a necessidade de outra política relativamente às vacinas. Sem monopólios, o custo de vacinar poderia ser, pelo menos, 5 vezes mais baixo. Segundo um ministro francês citado pela agência noticiosa AFP, mas não identificado, a Pfizer/BioNTech e a Moderna, que beneficiaram de investimento público para produzir as vacinas contra a Covid-19, baseadas na tecnologia do ARN mensageiro, vão aumentar os preços das doses para a União Europeia, justificando a subida com a adaptação das vacinas às variantes do novo coronavírus. Esta quarta-feira, a subdirectora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), afirmou que, «numa situação de mercado normal, os preços devem baixar e não aumentar», tendo alertado para a importância de as farmacêuticas praticarem «preços acessíveis». Resta saber se um bem público, como são as vacinas, deverá estar sujeito à lógica do «mercado» e se, em vez de alertas deste tipo, não se deveria partir de uma vez para a suspensão das patentes e para a aposta na produção pública das vacinas, diminuindo a dependência externa de países como Portugal. Os incumprimentos no fornecimento de vacinas e os consequentes atrasos na imunização dos grupos de risco foram, juntamente com o facto de existirem na Europa fábricas impedidas de produzir vacinas contra a Covid-19 devido às patentes, alguns dos factos que colocaram o tema na agenda, mas que o Parlamento Europeu travou, ou não estivesse comprometido com os interesses dos grandes grupos económicos. Um relatório da People's Vaccine Alliance, divulgado recentemente no site da agência não governamental Oxfam, põe o dedo na ferida e expõe algumas das consequências da política de concentração das vacinas num pequeno grupo de farmacêuticas. De acordo com a análise, o custo de vacinar a população mundial contra a Covid-19 poderia ser cinco vezes mais barato se as empresas farmacêuticas não estivessem a beneficiar de grandes lucros em virtude das patentes e do facto de, no caso da Pfizer e da Moderna, cobrarem «até 41 mil milhões de dólares acima do custo estimado de produção». Por outro lado, refere-se no documento, até agora a Pfizer e a Moderna venderam mais de 90% das suas vacinas para países ricos, cobrando até 24 vezes o custo potencial de produção. A análise das técnicas de produção das vacinas do tipo mRNA, só desenvolvidas graças a mais de oito mil milhões de investimento público, sugere que cada dose pode ser feita por pouco mais do que um euro, lê-se no relatório. Em contrapartida, e segundo avançou o Finantial Times no último fim-de-semana, a Pfizer e a Moderna subiram o preço de cada dose, aumentando dos actuais 15,50 euros para 19,50 euros, no caso da Pfizer, enquanto o preço de uma dose da Moderna subiu de 19 para 21,48 euros. O estudo divulgado pela Oxfam conclui ainda que o investimento realizado até ao momento pela Covax poderia ter sido suficiente para vacinar todos os países com vacinas a preço de custo, desde que houvesse uma oferta suficiente. Esta quinta-feira, o enviado especial da União Africana para a Covid-19 afirmou que apenas chegaram a África 10% dos 320 milhões de vacinas que a Covax tinha anunciado que chegariam à região em Agosto. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Os contratos não são mais que uma lista de exigências apresentadas pela Pfizer, a que a Comissão Europeia e os governos compradores anuíram sem o menor sentido de dignidade e de defesa dos cidadãos num caso de tão elevada sensibilidade como é a saúde pública. Um dos aspectos mais graves desta situação é o facto de os governos esconderem as condições dos contratos aos próprios utentes das vacinas através de acordos de confidencialidade com a duração de dez anos. São condições impostas pelos fabricantes e a que os compradores, obedecendo às regras gerais da operação, se sujeitam, além de aceitarem ser responsabilizados pelo gigante farmacêutico no caso de haver fugas de informação. «Os contratos não são mais que uma lista de exigências apresentadas pela Pfizer, a que a Comissão Europeia e os governos compradores anuíram sem o menor sentido de dignidade e de defesa dos cidadãos num caso de tão elevada sensibilidade como é a saúde pública» Apesar disso, felizmente há fugas. Um acordo de promessa de compra e venda, remetendo para o acordo definitivo, entre o governo da República Dominicana e a Pfizer chegou ao domínio público. E partes do acordo definitivo entre o governo da Albânia e a Pfizer passaram fugazmente pelo Twitter, onde rapidamente foram declaradas «indisponíveis», demonstrando a eficácia censória da rede social. Tudo leva a crer que os articulados conhecidos sejam extensíveis a todos os contratos, pois traduzem um padrão de comportamento da Pfizer abrangendo os temas em que considere necessário defender-se e ficar a salvo de qualquer protesto ou indemnização: efeitos das vacinas, preços e prazos de entrega e responsabilidades nulas pelo que correr mal. Além disso, na altura em que a Comissão Europeia decidiu autoritariamente assumir o controlo da vacinação na União Europeia, de modo a entregar o monopólio do processo a alguns gigantes do Big Pharma, circularam informações sobre o tipo de contratos estabelecidos que se enquadram nos termos agora conhecidos através das fugas de informação. Uma primeira e principal conclusão ao penetrar nas normas impostas pela Pfizer: a Comissão Europeia e os governos que fizeram acordos com este fabricante – e provavelmente com outros gigantes farmacêuticos transnacionais – menosprezam a saúde pública em relação aos interesses do Big Pharma, guiados pelo lucro e pela distribuição de dividendos aos accionistas. «corra o que correr mal, a Pfizer não tem nada com isso nem terá de arcar com qualquer responsabilidade. E o governo comprador “não solicitará contribuição ou indemnização ao fabricante por reclamações apresentadas directamente contra os fabricantes”» A vacina da Covid-19 apresentou-se como a grande oportunidade de negócio dos tempos que correm – ainda a pandemia não tinha sido declarada – definida como o caminho praticamente único para o combate clínico ao vírus SARS-CoV2. Por isso a Pfizer impõe nos contratos que «mesmo que seja encontrado um medicamento para tratar a Covid-19 os contratos (de compra das vacinas) não podem ser anulados – e são proibidas devoluções “em quaisquer circunstâncias”». É óbvio que um tratamento eficaz minimizaria os efeitos da doença, tornando desnecessárias as conjecturas sobre a terceira dose, a quarta dose, a quinta dose de vacina, de que fala um investigador sueco do renomado Instituto Karolinska, e assim por diante num processo de facturação eterna e de inoculação interminável de um produto de que não se conhecem os efeitos. Na realidade, nos termos dos contratos impostos pela Pfizer, os compradores «aceitam e estão de acordo que os esforços do fabricante para desenvolver e fabricar a vacina (…) estão sujeitos a riscos e incertezas significativas». Além disso, «as partes reconhecem que a vacina se encontra na fase 2/3 de ensaios clínicos e que, apesar dos esforços de investigação, desenvolvimento e fabrico a vacina pode não ter êxito devido a desafios ou falhas técnicas, clínicas, regulatórias, de fabrico ou de outro tipo». Isto é, as pessoas inoculadas com esta vacina são cobaias humanas, porque o processo de testagem está longe de concluído, como aceitam os governos: «o comprador também reconhece que os efeitos a longo prazo e a eficácia da vacina actualmente não se conhecem e podem apresentar efeitos adversos das vacinas que actualmente se desconhecem». Apesar disso, «o comprador deverá demonstrar de maneira satisfatória ao fabricante que tanto ele como as suas filiais terão uma protecção adequada e suficiente (…) que cubra todas as responsabilidades que derivem de reclamações com respeito à vacina e seu uso». Exigências contratuais que não se ficam por aqui: «o comprador expressa que conta com a autoridade legal e/ou administrativa adequada, e fundos suficientes, para cumprir plenamente as obrigações de indemnização e proporcionar uma protecção adequada a cada fabricante e suas filiais frente às responsabilidades por reclamações que surjam a respeito ou em relação com a vacina e seu uso». Isto é, corra o que correr mal, a Pfizer não tem nada com isso nem terá de arcar com qualquer responsabilidade. E o governo comprador «não solicitará contribuição ou indemnização ao fabricante por reclamações apresentadas directamente contra os fabricantes», devendo então «indemnizar os fabricantes». Esta norma tem um complemento que tranca todas as portas em defesa do Big Pharma: o governo «também renuncia expressa e irrevogavelmente à aplicação de qualquer lei que possa de outra maneira limitar a sua obrigação de pagar os danos e prejuízos derivados de reclamações de indemnização». A cedência dos governos aos gigantes farmacêuticos é total, o que também ajuda a explicar os folhetins sobre as faltas de vacinas, o incumprimento dos prazos de entrega, os aumentos sucessivos de preços a pagar pelos compradores – isto é, pelos contribuintes. A rejeição, pela União Europeia e pelo Governo português, da aquisição diversificada de outras vacinas já reconhecidas pela OMS, enquanto o processo de vacinação acumula atrasos, é pouco compreensível. A afirmação do secretário de Estado da Saúde, na passada sexta-feira, de que a necessidade é ter mais vacinas e não aumentar os centros de vacinação, deu sequência à preocupação manifestada no mês passado na Assembleia da República pelo vice-almirante Gouveia e Melo, relativa ao número limitado de vacinas contra a Covid-19 e aos consequentes constrangimentos na aceleração do processo de vacinação. À luz dessas declarações, torna-se incompreensível a manutenção, por parte da União Europeia (UE) e do Governo português, de uma postura de rejeição em relação à aquisição diversificada de outras vacinas já reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), contribuindo assim para que o processo de vacinação vá acumulando atrasos. As vacinas aprovadas pela UE estão a ser produzidas por farmacêuticas que não têm capacidade de produção suficiente para as necessidades e que não aceitam suspender ou partilhar as patentes. Aliás, em Abril passado, o Parlamento Europeu chumbou as iniciativas do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde, que propunha a consideração das vacinas como bem público e a derrogação temporária dos direitos de propriedade intelectual, incluindo os das patentes. Para o chumbo destas iniciativas contribuíram os votos dos deputados do PSD, do CDS-PP e do PS (com excepção de Sara Cerdas, que votou a favor). Entretanto, Portugal continua dependente das decisões da UE em matéria de vacinas. Uma União Europeia que não só financiou a investigação e a produção de vacinas, como também as comprou antecipadamente, embora abdicando de quaisquer direitos de propriedade e deixando nas mãos das multinacionais farmacêuticas a gestão integral do processo de produção e comercialização, ao sabor dos seus interesses comerciais. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Estabelecem os contratos que «os fabricantes não serão responsáveis se não forem entregues as doses em conformidade com as datas previstas de entrega (…) e o dito incumprimento não dará aos compradores qualquer direito a cancelar os pedidos de qualquer quantidade de vacina. (…) Em nenhuma circunstância os fabricantes estão sujeitos a qualquer multa ou sanção por haver atrasos na entrega nem serão responsáveis por isso». A isto acresce que a Pfizer «pode fazer ajustes no número de doses contratadas e no seu cronograma de entrega (…) com base nos princípios a serem determinados pela Pfizer» e o país comprador «deve concordar com qualquer revisão». Os governos não podem cancelar contratos, a Pfizer pode rescindi-los «por violação material»; e os compradores não podem sequer «rejeitar mercadorias danificadas». É importante recordar o quadro geral em que estes contratos impostos pelo Big Pharma se inserem. Como os próprios fabricantes reconhecem, as vacinas contra a Covid-19, ainda em fase experimental, «estão sujeitas a riscos e incertezas significativas». «os governos que assinam contratos isentando os fabricantes pelos «riscos e incertezas» das vacinas, admitindo até que estas «possam não ter êxito», são os mesmos que tornam a vacinação obrigatória enquanto mentem dizendo que não é obrigatória – submetendo os não-vacinados a um inapelável apartheid social» As vacinas da Pfizer, como as da Moderna, são elaboradas com base no processo de manipulação genética mRNA (RNA mensageiro), nunca experimentado antes em animais e em seres humanos para efeitos de vacinação. Bases de dados nos Estados Unidos, no Reino Unido e na União Europeia testemunham muitos incidentes em pacientes depois de vacinados contra a Covid-19 (o maior número regista-se no caso da Pfizer), entre os quais numerosas mortes. Para efeitos de consumo público continuam a prevalecer as mensagens oficiais segundo as quais não está provado que estes incidentes resultem das vacinas e que, atendendo à gravidade da pandemia, as vantagens da vacinação sobrepõem-se aos riscos. Entretanto há cientistas a defender que só dentro de dois a três anos haverá possibilidades de conhecer os reais efeitos das vacinas fabricadas pelo processo mRNA. Entretanto, os governos que assinam contratos isentando os fabricantes pelos «riscos e incertezas» das vacinas, admitindo até que estas «possam não ter êxito», são os mesmos que tornam a vacinação obrigatória enquanto mentem dizendo que não é obrigatória – submetendo os não-vacinados a um inapelável apartheid social. Poderá até demonstrar-se que a vacinação e todos os métodos utilizados para produzir as vacinas sejam, de facto, o melhor caminho para combater eficazmente a pandemia de Covid-19. Nada está demonstrado contra e a favor. Simplesmente não está demonstrado – são inegáveis os casos em que pessoas vacinadas voltam a ser infectadas – e continuam a existir incertezas, como revelam os contratos impostos pelos gigantes farmacêuticos. Por isso é essencial que os cidadãos conheçam todas as vertentes do problema e não apenas a faceta, ainda empírica, de que «ou as vacinas (as seleccionadas pela Comissão Europeia através de processos obscuros) ou o Covid». Por tudo isto é muito mau sinal que os contratos entre os governos e os fabricantes de vacinas estejam submetidos a rigorosos acordos de confidencialidade. Por que razão os cidadãos não podem conhecer esses contratos? O que esconde a ditadura da Pfizer? Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Opinião|
A ditadura da Pfizer
Internacional|
Monopólios tornam vacinas mais caras e são um entrave à imunidade global
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«A vacina pode não ter êxito»
«Com base nos princípios da Pfizer»
Nacional|
Falta de vacinas: o pecado original
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O quadro geral
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Em termos pessoais, pesados os prós e os contras, optaria sempre por receber a vacina. Aliás, mesmo que pensasse de maneira contrária não teria alternativa, caso desejasse continuar a viver como cidadão de pleno direito com acesso a todas as actividades – desde as laborais às culturais e de lazer – sem ser vítima de discriminação, da segregação social, dos anátemas a que são sujeitos todos que exerçam a opção legítima de não serem vacinados.
Mais uma vez, as autoridades, desde o chefe de Estado ao primeiro-ministro, garantem uma coisa que na realidade não se verifica: a de que a vacina contra a Covid-19 não é obrigatória. É realmente obrigatória para quem deseje viver decentemente, sem exclusões. E, entretanto, existem já actividades presenciais para as quais a exibição do próprio e justamente controverso certificado de vacina já não é suficiente, o que levanta dúvidas, pelos vistos até ao nível oficial, sobre a eficácia dos medicamentos. Ainda assim temos muita sorte, porque, se fosse na Austrália, os que optam por não ser vacinados seriam internados em campos de reeducação, pois a tanto chegou já o autoritarismo político escondendo-se atrás de dogmas sanitários.
Haja a noção, porém, de que ao escrever o que ficou escrito incorro na possibilidade de ser associado aos grupos medievais e ultrarreaccionários dos negacionistas e dos desequilibrados fundamentalistas anti-vacinas. Essa parece ser a pena moral a infligir, fruto de uma cobarde desonestidade intelectual reservada por grandes governantes e pequenos comentadores a quem pense de maneira factual, fundamentada e independente sobre a vacinação e a campanha obsessiva, por vezes histérica, montada em torno dos supostos resultados miraculosos das vacinas. A crítica da opinião única não é negação, para que conste.
O que a realidade desmente
O certo é que a realidade, após dois anos de pandemia, desmente muitos dos resultados prometidos por responsáveis a propósito da criação e aplicação de vacinas contra a Covid-19.
Ao contrário do que foi assegurado anteriormente pelos meios e canais dominantes na comunicação com a sociedade, a vacinação não acabou com a pandemia. E os indicadores actuais, lidos de maneira fria e sem preconceitos – fundamentados em simples aritmética – dizem-nos que essa meta não está próxima. O ressurgimento em força do número de novos casos em muitos países, batendo agora recordes que chegam a duplicar os valores mais altos registados durante a fase da pandemia sem vacinação, indiciam que as fabulosas eficácias das vacinas prometidas por fabricantes e adoptadas como suas pelas instâncias governantes, a começar pela Comissão Europeia e os secretos negócios da sua presidente com o monopólio da Pfizer, estão longe da realidade.
Note-se, por exemplo, que o continente mais vacinado, a Europa, onde as percentagens de cobertura chegam a 99%, como em Gibraltar, é também aquele onde se regista o maior número de novos casos. E o continente menos vacinado, África, vítima das compulsões coloniais do sistema globalista neoliberal no acesso a medicamentos, é também o que regista menos efeitos da pandemia – e com apenas 7,5% de inoculados.
Estas realidades são indesmentíveis e inquestionáveis. Tal como o facto indiscutível de que, ao contrário do que era garantido pelo discurso oficial apenas há alguns meses, a vacinação não criou a imunidade de grupo que deveria permitir o regresso à vida «normal» que existia antes do aparecimento do Sars-Cov2.
Figuras proeminentes das avaliações da pandemia, como o agora desacreditado norte-americano Anthony Fauci, garantiam que uma vacinação da ordem dos 65%, como acontece já na esmagadora maioria dos países da União Europeia, iria garantir a imunidade de grupo porque aos efeitos da inoculação somam-se as pessoas que adquiriam algum grau de imunidade depois de terem sido infectadas pelo vírus.
Nada disto se verifica: pessoas vacinadas voltam a contrair a doença, duas doses de vacinas revelaram-se insuficientes para garantir imunidade e desconhece-se quantos mais «reforços» irão ser necessários. O aparecimento de variantes como a delta e a ómicron – a este ritmo esgotar-se-ão as letras do alfabeto grego, aconselhando-se o recurso a alfabetos mais nutridos como o chinês ou japonês – é oportunamente utilizado em nuances no discurso oficial, atribuindo-lhes imprevistas capacidades para minar a suposta grande eficácia das vacinas produzidas até agora pelo monopólio farmacêutico.
«(...) a vacinação não criou a imunidade de grupo que deveria permitir o regresso à vida «normal» que existia antes do aparecimento do Sars-Cov2.»
Este quadro revelador da estranha realidade em que vivemos evidencia as incertezas com que se deparam os fabricantes dos medicamentos e as inerentes inconsistências das autoridades políticas e sanitárias que dão crédito absoluto às «bulas» dos impérios farmacêuticos elaboradas a partir de testagem e experiência insuficientes e precipitadas.
Procuremos declarações de grandes responsáveis nacionais e, sobretudo, internacionais proferidas há um ano sobre as estratégias de combate à doença, os meios a utilizar e o suposto papel transcendente da vacinação e comparemo-las com as que são feitas actualmente. Revelam uma deriva de conteúdos, medidas e promessas que deveria, pelo menos, evitar a emissão pública de garantias cujo cumprimento não pode ser lucidamente assegurado.
Desse modo enviesado criam-se condições para um fácil acolhimento da imposição de medidas autoritárias desajustadas e, ao mesmo tempo, dissemina-se a cruel ilusão de que o caminho anunciado é irrepreensível e apenas factos inesperados vieram distorcer a inatacável teoria, assente em supostas certezas cientificamente trabalhadas de forma ainda insuficiente – circunstância esta que é natural quando se procura o ténue equilíbrio entre a complexidade da investigação e a pressão da urgência.
A frieza da aritmética
As pessoas não devem ser encorajadas a comportar-se em função do medo, mas sim do esclarecimento. Este deveria ser um princípio inquestionável em qualquer sociedade democrática e humanista. A asserção, porém, não é válida para a política dominante de combate à pandemia de Covid-19.
O leitor que pretenda conhecer dados susceptíveis de o guiar através da selva desinformativa em que se transformou o combate à Covid-19 tem ao alcance, sem grande dificuldade, elementos que muito o esclarecem sobre o assunto. São informações disponíveis a qualquer cidadão servido por internet e, por maioria de razão, a qualquer jornalista que não seja mero papagaio do discurso oficial. A realidade elementar sobre a pandemia e que desconstrói o discurso oficial não está, porém, presente na chamada «grande informação».
Basta clicar em Google.com, pedir a busca através da palavra «coronavírus» adicionada pela designação de um qualquer país e abrir-se-á aos seus olhos, caro leitor, um universo estatístico capaz de lhe permitir formar opinião própria sobre os resultados do combate à pandemia, designadamente da vacinação, e tirar as respectivas conclusões pessoais. Depois, resta-lhe recorrer à aritmética elementar.
E não, não pense que sugiro fontes inquinadas ou fake news servidas por publicações dos subterrâneos da teoria da conspiração. A busca pelo rigor dos números processa-se no site do Center for Systems Science and Engeneering CSSEGISandData/Covid-19 da muito falada universidade norte-americana Johns Hopkins – fonte da Organização Mundial da Saúde, das instituições internacionais em geral e dos governos nacionais. Portanto, acima de qualquer suspeita para os padrões do regime global.
Verificará o leitor, por este caminho, que no continente mais vacinado, a Europa, há países como a Alemanha, a Áustria, a Noruega, a Dinamarca, a Holanda, a Bélgica e a Islândia que estão agora a bater os recordes de novos casos de Covid em relação aos valores registados antes da vacinação. Cito estes países depois de uma busca não exaustiva, pelo que outras nações deverão estar em situação idêntica. Basta navegar por cliques.
As pessoas estão dramaticamente ansiosas pelas vacinas, pelo que não se questionam sobre quem e como as fabrica. E dispensam até a informação que lhes é devida por parte de quem fez as escolhas. A saga das vacinas em Portugal está distorcida. Centra-se na condenável batota para adulteração das listas de prioridades da vacinação que, apesar da sua gravidade, funciona como cortina de fumo para esconder aspectos muito mais inquietantes do processo, o principal dos quais é a submissão do governo e a abdicação da vontade própria perante a inconcebível e corrupta estratégia de selecção, compra e distribuição conduzida pela Comissão Europeia. Uma estratégia que se guia sobretudo pelo lucro e pela secundarização da saúde pública, desvalorizando e silenciando eventuais riscos associados. O governo português prefere não ter voz na questão das vacinas da Covid-19. Remetendo-se à velha e nefasta posição de «bom aluno», sobretudo em tudo quanto diz respeito à imposição ilegítima do federalismo, arrasta os portugueses e o seu combate à pandemia para uma estratégia discricionária e prejudicial, centrada em volumes de negócios, em monopólios abusivos, em fantasmas e fundamentalismos geopolíticos – deixando a saúde pública à mercê de entidades cuja preocupação principal é a distribuição de dividendos aos accionistas e a recompra das suas próprias acções. «As entidades seleccionadas para constituir o monopólio têm uma particularidade em comum: fabricam as vacinas contra a Covid-19 segundo metodologias que nunca foram experimentadas em seres humanos e, neste caso, nem mesmo testadas em animais. Em causa estão a tecnologia do ARN mensageiro (mRNA), no caso da Pfizer e de Moderna; e a utilização de adenovírus de chimpanzé, no caso da AstraZeneca» Os resultados estão à vista. Falha retumbante e permanente nos prazos de entrega assumidos pelo monopólio dos gigantes da indústria farmacêutica na sequência de contratos parcialmente secretos e que os fabricantes das vacinas nunca tencionaram cumprir, sabendo que terão sempre tolerância para o fazer. Não é por acaso que os principais colossos da fabricação de vacinas conseguem amealhar anualmente quase quatro mil milhões de dólares em fugas aos impostos. Como igualmente não é por acaso que a Comissão Europeia tenha assumido, em nome dos governos dos Estados membros, que os fornecedores de vacinas escolhidos a dedo – fugindo às próprias regras de mercado – estejam isentos de qualquer responsabilidade em eventuais danos de saúde sofridos pelos cidadãos vacinados. Esta é, de facto, a corrupção que mina profundamente o processo europeu de vacinação contra a Covid-19. A viciação das listas das prioridades é, neste quadro, um dano colateral, mais uma manifestação da corrupção nacional instaurada e enraizada ao longo de anos e anos de gestão do chamado bloco central. A Comissão Europeia, entidade não eleita que há quase um ano vem fracassando estrondosamente na defesa da saúde dos cidadãos europeus perante a pandemia de Covid-19, assumiu autoritariamente a condução do processo de vacinação em nome dos governos dos 27. A falha no combate à pandemia não é surpresa, sabendo-se que as pessoas nunca foram a preocupação da Comissão, como demonstram a generalização da política de austeridade e o descrédito absoluto do mito da «Europa dos cidadãos». Por isso, entregar-lhe uma questão de vida ou de morte como é a da vacinação é um erro pelo qual os governos deverão ser responsabilizados. Uma irresponsabilidade que assume proporções de atentado contra a saúde das populações e mina o tremendo e desumano esforço que está a ser desenvolvido pelos profissionais do sector. «Tendo em conta que está em causa o bem mais precioso das pessoas, a sua saúde, a Comissão Europeia e os governos não poderiam nem deveriam encerrar-se num processo estanque entregue a um monopólio pouco fiável em termos de respeito pela condição humana» Como era de esperar, a Comissão Europeia entregou um processo tão sensível como o da vacinação ao monopólio dos gigantes farmacêuticos, neste caso representados pela alemã e norte-americana Pfizer em aliança com alemã BioNTech; e pela norte-americana Moderna, guiada por Bill Gates & Cia e protegida pela chamada «Aliança das Vacinas» (GAVI), na chefia da qual foi empossado recentemente Durão Barroso – e fica tudo dito. Como terceiro vértice do negócio, a Comissão tolerou a britânica e sueca AstraZeneca. Os contratos acordados, e que estabelecem o compromisso de fornecimento de centenas de milhões de doses de vacinas, são parcialmente secretos. Informações sobre os seus conteúdos foram remetidas aos membros do Parlamento Europeu em versões censuradas. O que diz bastante sobre a transparência do processo. Bruxelas não se dignou explicar aos cidadãos as razões deste monopólio; em seu entender nem tem de fazê-lo. Sabe que as pessoas estão dramaticamente ansiosas pelas vacinas, pelo que não se questionam sobre quem e como as fabrica. E dispensam até a informação que lhes é devida por parte de quem fez as escolhas. Como já há muito vem dizendo o inevitável criminoso de guerra Henry Kissinger, não há como situações de medo e desconhecimento para que as pessoas se coloquem de bom grado sob poderes discricionários e autoritários. As entidades seleccionadas para constituir o monopólio têm uma particularidade em comum: fabricam as vacinas contra a Covid-19 segundo metodologias que nunca foram experimentadas em seres humanos e, neste caso, nem mesmo testadas em animais. Em causa estão a tecnologia do ARN mensageiro (mRNA), no caso da Pfizer e de Moderna; e a utilização de adenovírus de chimpanzé, no caso da AstraZeneca. Se isso é absolutamente seguro, na verdade não se sabe bem. As agências reguladoras que respondem perante a Comissão Europeia e os governos postulam que sim, que não há perigo. No entanto, basta consultar a base de dados de ensaios clínicos da Biblioteca Nacional dos Estados Unidos para ficar a saber-se, através do exemplo da Pfizer, que as vacinas da Covid-19 estão a ser ministradas ainda em período de testes. Percebe-se nessa documentação que a fase experimental iniciou-se em 29 de Abril de 2020; a fase das primeiras conclusões terminará somente em 3 de Agosto deste ano de 2021; e a data prevista para conclusão do estudo é apenas 31 de Janeiro de 2023. Apesar da situação de emergência que o mundo atravessa – e até por causa disso - um salto no escuro como este exige mais prudência verificada do que tranquilizações apressadas. Exige, sobretudo, informação e esclarecimento, que não são o forte deste processo. Não é necessário investigar muito fundo através da internet para se perceber que existem casos de sintomas registados após a vacinação merecedores de explicações mais satisfatórias do que «situação normal», «coincidência» ou «a vacina não pode induzir a Covid-19». «Alargando horizontes, a Comissão Europeia proporcionaria uma capacidade de escolha informada aos cidadãos e reforçaria a quantidade, minimizando os riscos de ruptura de abastecimentos» Em Israel, por exemplo, onde decorre a mais vasta campanha de vacinação realizada até agora, com utilização do produto da Pfizer, 12 400 dos 189 mil vacinados testaram depois positivo à Covid-19 (6,2%), 69 dos quais já após as duas doses: 5,3% até ao sétimo dia, 8,3% entre o oitavo e o 14.º dia, 7,2% entre o 15.º e o 21.º dia e 2,6% entre o 22.º e o 28.º dia. Por outro lado, no Sistema de Registo dos Efeitos Adversos das vacinas contra a Covid-19 do CDC dos Estados Unidos, VAERS, foram inseridas 9645 incidências até 22 de Janeiro, entre as quais 329 casos mortais, em pessoas que receberam vacinas da Pfizer e da Moderna. Trata-se de uma base de dados aberta e passiva onde são inscritos voluntariamente os casos registados – e que constituem uma pequena parte da realidade. O CDC considera que os números «estão dentro do esperado» e que não permitem deduzir que exista uma relação de causa e efeito entre a vacinação e os efeitos registados. Outras agências de controlo de doenças, designadamente a britânica e a europeia, procedem exactamente da mesma maneira perante a apresentação de situações adversas surgidas depois da vacinação. Na sua ânsia de conduzir o processo de acordo com os interesses que serve, os dos gigantes da indústria de medicamentos, a Comissão Europeia pôs claramente o carro à frente dos bois e arrastou os governos dos Estados membros numa estratégia infundamentada e sanitariamente arriscada. Tendo em conta que está em causa o bem mais precioso das pessoas, a sua saúde, a Comissão Europeia e os governos não poderiam nem deveriam encerrar-se num processo estanque entregue a um monopólio pouco fiável em termos de respeito pela condição humana. «existem governos, certamente não tão "bons alunos" como o de Lisboa, que começaram a traçar caminhos próprios para cuidar da saúde dos seus. O húngaro, do famigerado Orban, comprou vacinas russas; o sueco, farto de tanta espera, está a fazer o seu próprio contrato bilateral com a AstraZeneca; a Alemanha – a própria Alemanha, imagine-se – encara a possibilidade de fabricar a Sputnik V moscovita» Tanto mais que, nos mais puros termos de mercado, existe ampla concorrência em relação à Pfizer, à Moderna e à AstraZeneca. Alguma dela com a vantagem de não ter aproveitado a ocasião para inventar através do recurso a metodologias nunca experimentadas em seres humanos e optar pela imunização à Covid-19 segundo modos mais tradicionais e cientificamente comprovados de produção de vacinas. É o caso, entre outros exemplos, da Coronavac chinesa e da Sputnik V russa. Que estão também elas em fase experimental, porque reduziram o período de duração dos testes e, no caso da russa, saltou também a fase de experiência em animais. Porém, têm a vantagem de resultar de métodos conhecidos e já com décadas de existência e prática, portanto com um histórico de efeitos e incidências menos sujeitos ao risco do desconhecido. A saúde de milhões de pessoas mereceria pelo menos que se pensasse nessas variantes. Alargando horizontes, a Comissão Europeia proporcionaria uma capacidade de escolha informada aos cidadãos e reforçaria a quantidade, minimizando os riscos de ruptura de abastecimentos. A Coronavac e a Sputnik V, no entanto, têm a inultrapassável desvantagem de desafiarem o garbo geopolítico ocidental, que pretende convencer as suas opiniões públicas de que sociedades tão «maléficas» não são capazes de produzir medicamentos pelo menos tão bons e eficazes como os dos monopólios farmacêuticos «civilizados». Que não seja por isso. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, há quase 200 processos no mundo para produção de vacinas contra a Covid-19. Situação que aconselharia a Comissão Europeia e os Estados membros a estudar mais atentamente esses casos e a pesar de maneira muito mais fundamentada e eficaz a defesa do interesse que deveria estar no topo de tudo: a saúde pública. Há, evidentemente, mais por onde escolher do que a Pfizer, a Moderna e a AstraZeneca com o seu penoso cortejo de atrasos, incumprimentos, garantias insuficientemente fundamentadas e ameaças para cidadão ver. A abundância prometida e contratada de centenas de milhões de doses transformou-se numa arrastada entrega de milhares, aos poucos e arrancada a ferros. Por isso existem governos, certamente não tão «bons alunos» como o de Lisboa, que começaram a traçar caminhos próprios para cuidar da saúde dos seus. O húngaro, do famigerado Orban, comprou vacinas russas; o sueco, farto de tanta espera, está a fazer o seu próprio contrato bilateral com a AstraZeneca; a Alemanha – a própria Alemanha, imagine-se – encara a possibilidade de fabricar a Sputnik V moscovita. A estratégia da Comissão Europeia começa a abrir rombos. O receio é que o governo português se lhe mantenha fiel até ao naufrágio anunciado. José Goulão, Exclusivo O Lado Oculto/AbrilAbril Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Opinião|
A saúde pública à mercê dos negócios e da cegueira geopolítica
Monopólio
«Incidências»
Alargar horizontes
Contribui para uma boa ideia
Na Alemanha registaram-se em 24 de Novembro e 1 de Dezembro últimos, com cerca de 69% da população completamente vacinada e mais de 10% com a dose dita «de reforço», os números máximos diários de novos casos – 79 051 e 75 456 respectivamente. Estes valores mais que duplicam o anterior número mais elevado, 36 153 em 20 de Dezembro de 2020, portanto antes de iniciada a vacinação.
Além disso, os dados de novos casos registados durante a Primavera, Verão e início do Outono na Alemanha são mais benignos antes da vacinação do que ao longo do ano de 2021.
Situações idênticas verificam-se na Noruega e Dinamarca, Áustria, Bélgica e Holanda. Em terras nórdicas, os números noruegueses actuais, com vacinação superior a 70% e 17% de dose «de reforço», quase multiplicam por cinco o valor anterior mais elevado de antes da vacinação, 1680 novos casos assinalados em 17 de Novembro de 2020. Em 7 de Dezembro deste ano o número de novos casos na Noruega atingiu 7631. Na Dinamarca, o recorde recente de 7146 novos casos, com 76,6% de vacinação e 16,4% com terceira dose, supera amplamente os 4034 novos casos anotados em 17 de Dezembro de 2020.
Também na Bélgica, na Holanda e na Áustria os resultados máximos de novos casos de Covid-19 excedem os valores mais elevados registados antes da vacinação. Na Bélgica, com 75% de vacinação completa e 20% de terceira dose verificaram-se 42 060 casos em 21 de Novembro deste ano, o dobro dos 20 056 de 30 de Outubro de 2020; na Holanda, com 73% de vacinação, os 22 956 casos de 23 de Novembro de 2021 superam amplamente o máximo de 13 032 em 20 de Dezembro de 2020; e na Áustria, com 68% e 25% que receberam a terceira dose, o máximo de 15 145 novos casos em 18 de Novembro de 2021 ultrapassa francamente os 9586 de 20 de Novembro de 2020 – o recorde anterior.
A situação na Islândia é também um verdadeiro caso para estudo. Na pequena nação nórdica (77% de vacinação e 50% com terceira dose) o valor de 420 novos casos em 15 de Novembro de 2021 – dia que estranhamente desapareceu entretanto da estatística – quadruplica o máximo anterior de 106 em 9 de Outubro de 2020.
O panorama na Irlanda também é de registar. O máximo de novos casos com vacinação (76% e 20% com terceira dose), 5662 em 4 de Dezembro de 2021, é superior a qualquer valor assinalado em 2020.
Países mais quentes do que muitos dos citados anteriormente, Portugal e Itália, por exemplo, registam situações mais benignas, embora com crescimentos acentuados e contínuos de novos casos desde Outubro. No território português, com 87,7% de vacinados e 20,4% com a terceira dose, os 5800 novos casos anunciados em 15 de Dezembro de 2021 não ficam longe dos 6994 de 19 de Novembro de 2020, mas estão distantes dos 16 482 de 28 de Janeiro de 2021. No entanto, a situação na Primavera e Verão de 2020 foi ligeiramente melhor que a de 2021 e, sobretudo, nesse período não se registaram tantos picos diários elevados como este ano.
Em Itália, que viveu uma das mais dramáticas situações nos últimos meses de 2020, o número de novos casos tem vindo a subir em flecha e atingiu 21 035 em 10 de Dezembro de 2021, que comparam com o máximo de 40 902 casos em 13 de Novembro do ano passado. No entanto, a situação na Primavera e Verão de 2020 foi bastante melhor que a de 2021. A cobertura de vacinação é de 74,5% e 21,1% com terceira dose.
Na situação espanhola, o máximo recente de 49 802 novos casos em 13 de Dezembro, com 79,7% de vacinação e 18,6% com terceira dose, está ao nível dos valores da primeira quinzena de Novembro de 2020; continua, porém, aquém do recorde de 84 287 em 27 de Janeiro de 2021, quando se iniciou a vacinação. Na Primavera e Verão, principalmente entre Maio e Setembro, os valores registados no ano passado foram bastante mais benignos que os de 2021.
Em França a situação é idêntica, com a particularidade de o número de novos casos estar a subir em flecha desde Outubro, apesar de a vacinação ser de 70,7% e 16,3% com «reforço». Em 8 de Dezembro – dia que também foi entretanto excluído do quadro estatístico - os dados franceses revelam 61 340 novos casos, um máximo nos últimos meses, apenas superado pelos 86 852 de 7 de Novembro de 2020. Acompanhando a tendência geral verificada nos países consultados, o número médio de novos casos anotados na Primavera e Verão do ano passado é melhor que o deste ano.
Menos mortes
As estatísticas da Covid-19 registadas pela Universidade Johns Hopkins em relação à generalidade dos países europeus revelam uma significativa redução dos casos mortais no Outono deste ano em comparação com idêntico período do ano passado. Mesmo assim, os países europeus analisados revelam uma tendência para uma subida regular, bem menos acentuada, contudo, que a de novos casos. É significativo assinalar que, a exemplo do que acontece com as infecções, os óbitos verificados na Primavera e Verão de 2021 são ainda da mesma ordem ou em número ligeiramente superior aos assinalados na Primavera e Verão de 2020.
As autoridades dos países europeus sublinham, e provavelmente com razão, que a descida do número de mortes verificada genericamente resulta da vacinação, embora as subidas que estão a verificar-se por estes dias coincidam com os valores mais elevados de inoculação.
A vacinação não terá, porém, o monopólio das melhorias em termos de número de óbitos. Ao longo de dois anos a sociedade adquiriu experiência e conhecimentos práticos nos métodos para cuidar das camadas de pessoas mais vulneráveis e mais atingidas, principalmente os idosos, o que tem, inevitavelmente, assinaláveis repercussões na descida do número de fatalidades.
A verdade é que, contrariando as previsões e garantias dadas por instituições europeias, governos e autoridades sanitárias, a vacina, sempre com destaque propagandístico para o sacralizado produto da Pfizer, não erradicou a pandemia; e os sinais existentes não parecem favorecer esse objectivo. Aliás, a dirigente da AstraZeneca a quem atribuem a autoria da respectiva vacina assegura que a próxima pandemia será ainda pior. O que saberá ela? Desconhecemos as suas fontes, mas a previsão é assustadora além de proporcionar, desde já, uma nova oportunidade para a empresa tentar ultrapassar a secundarização no mercado de que foi vítima.
«Aliás, a dirigente da AstraZeneca a quem atribuem a autoria da respectiva vacina assegura que a próxima pandemia será ainda pior. O que saberá ela?»
Problema que a Pfizer não tem, antes pelo contrário, seguindo com as velas enfunadas em direcção a lucros nunca antes amealhados. Conseguiu agora entrar no terreno das crianças através de vacinas específicas, beneficiando, mais uma vez, da cumplicidade dos vários escalões políticos e sanitários de autoridade, apesar de estarem identificados potenciais efeitos secundários – entretanto apresentados como coisas de somenos mesmo num ambiente onde são evidentes as contradições entre peritos. O discurso oficial e a propaganda, contudo, conseguiram induzir na sociedade a ideia de que as crianças seriam agora as responsáveis pela continuação da pandemia, como se fossem portadoras de peste ou o próprio vírus em forma de gente. Mais um mergulho no desconhecido.
A Pfizer, entretanto, anunciou que está já a trabalhar na quarta dose da sua injecção anti-Covid; e também a preparar uma vacina específica para a variante ómicron. Entretanto, o primeiro-ministro da República Portuguesa, orgulhoso de tal jogada de antecipação, anunciou que já encomendou os lotes de vacinas necessários para garantir a quarta dose, pelo que nova romaria irá começar provavelmente ainda antes da actual ser dada por encerrada. Vacinação contínua – eis a solução encontrada. Muito provavelmente estão no horizonte a quinta, sexta, sétima, oitava doses, atapetando desde já a nossa via-sacra de posto em posto durante todo o próximo ano – inundando os organismos dos cidadãos com produtos de efeitos ainda desconhecidos e que, afinal, não parecem tão eficazes como foi prometido. E depois da alfa, delta e ómicron também não será abusivo pensar em novas vacinas para as futuras variantes, provavelmente a zeta, lambda, mu, ómega, tau, sigma e por aí adiante.
Até porque, citando de novo a inventora da AstraZeneca, a próxima pandemia será ainda pior.
Não há dúvida, caro leitor, de que o esclarecimento e a percepção das realidades inquestionáveis, mas encobertas por vícios de má-fé, são armas essenciais para perceber por onde e para onde nos levam estas histórias tão mal contadas.
E também para salvaguardar a nossa lucidez e os direitos enquanto cidadãos. Basta investigar e informar-se, sem medo dos julgamentos morais dos que, julgando-se donos da verdade, a escamoteiam com truques mesquinhos, humilhantes e desonestos, corroendo a sanidade das pessoas.
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