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Há 49 dias em greve de fome

Palestiniano Bilal Kayed intensifica a luta

O preso palestiniano Bilal Kayed, em greve da fome há 49 dias, anunciou ontem numa carta que vai recusar todos os tratamentos ou exames médicos até que um tribunal israelita aceite apreciar o seu caso.

Rahiba Kayed, mãe de Bilal Kayed, segura um retrato do filho, num protesto em Nablus (Margem Ocidental) contra a sua detenção administrativa
CréditosAhmad Al-Bazz / ActiveStills

O militante da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) exige também ser transferido para a prisão, para poder continuar a greve da fome ao lado de outros presos palestinianos. A carta, que pode ser lida em inglês no portal samidoun.net, termina com as palavras: «Liberdade ou martírio. A vitória é inevitável».

Bilal Kayed, actualmente detido em regime de máxima segurança no centro médico de Barzilai, em Ashkelon (Israel), está em greve de fome desde 15 de Junho, em protesto contra o facto de as autoridades israelitas o terem condenado a seis meses de detenção administrativa – internamento sem julgamento nem culpa formada – no dia (13 de Junho) em que devia ter sido libertado, depois de cumprido uma pena de 14 anos e meio de prisão, informa na sua página o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

Desde que foi enviado para o hospital de Barzilai, Kayed tem sempre a mão direita e o pé esquerdo algemados à cama. Além disso, há sempre no quarto três guardas israelitas e uma câmara de vigilância, impedindo qualquer privacidade, mesmo durante as visitas do seu advogado, que são limitadas a meia hora.

Kayed informou igualmente que os deputados da Lista Conjunta – coligação de partidos palestinianos e da esquerda não sionista em Israel – foram proibidos de o visitar. Acrescentou que era molestado por extremistas israelitas que visitam o hospital e pelos seus guardas, que acusou de lhe tirarem fotografias durante o sono e de baixarem a temperatura do ar condicionado quando se queixava de frio, refere ainda o texto divulgado pelo MPPM.

A saúde de Kayed deteriorou-se gravemente ao cabo de mais de mês e meio em greve de fome. O prisioneiro palestiniano tem dificuldade em manter-se de pé ou caminhar, perde repetidamente a consciência, sofre de perda de visão e já perdeu mais de 32 quilos.

Solidariedade com Kayed

Farah Bayadsa, advogada da organização palestiniana de direitos dos presos Addameer, visitou Kayed no domingo e testemunhou as condições da sua detenção. A Addameer considera que o aprisionamento de Kayed é uma violação dos direitos humanos e exige a sua libertação imediata, assim como o fim de todas as medidas punitivas contra os presos que manifestam a sua solidariedade com Bilal Kayed.

Ahmad Sa'adat, destacado dirigente palestiniano e secretário-geral da FPLP, é um dos 23 presos palestinianos das prisões de Ofer e de Ramon que se juntaram a dezenas de outros presos numa greve de fome colectiva e por tempo indeterminado para exigir a libertação de Bilal Kayed. Sa'adat foi imediatamente transferido para reclusão solitária. Neste momento há mais de 100 presos palestinianos em greve de fome para exigir a libertação de Kayed.

A luta pela libertação de Bilal Kayed tem adquirido proporções crescentes, com manifestações tanto na Palestina como a nível internacional. Mais de 170 organizações já assinaram um apelo pela sua imediata libertação.

De acordo com a Addameer, em Maio deste ano mais de 7000 palestinianos estavam encarcerados em centros de detenção israelitas, 715 dos quais eram detidos administrativos.

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