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Parlamento canadiano pede desculpa por homenagear nazi das SS

Nem Zelensky, nem Trudeau, nem as centenas de deputados canadianos se aperceberam de que alguma coisa estava mal quando um nazi foi apresentado como «veterano» da luta contra os «russos» durante a IIª Guerra Mundial.

Momento em que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ao lado do presidente do Canadá, Justin Trudeau, e Chrystia Freeland, ministra das Finanças e putativa candidata a um dos mais altos cargos da NATO, saúda o antigo soldado ucraniano das SS, o nazi Yaroslav Hunka, de 98 anos. Ottawa, 22 de Setembro de 2023 
Créditos

«É devido um pedido de desculpas a todos os sobreviventes do Holocausto e aos veteranos da Segunda Guerra Mundial que lutaram contra os nazis, e é necessário explicar como é que este indivíduo entrou nos corredores sagrados da Câmara dos Comuns canadiana e recebeu o reconhecimento do seu presidente e uma ovação em pé», afirmou a Friends of Simon Wiesenthal Center for Holocaust Studies, uma organização sem fins-lucrativos dedicada à divulgação de informação sobre o Holocausto e o antisemitismo.

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«Há indícios crescentes de que o Canadá treinou extremistas ucranianos»

A denúncia partiu da CTV National News, um dos maiores órgãos de comunicação social do Canadá. Reportagens publicadas ao longo dos últimos anos demonstram o apoio dado aos neo-nazis do batalhão Azov.

Nas redes socias de Kyrylo Berkal, líder de um destacamento do batalhão Azov, estão várias publicações em apoio ao Exército Insurgente da Ucrânia (UPA), que colaborou com os nazis durante a segunda guerra mundial e participou no massacre de milhares de judeus na Polónia. Por entre saudações a colaboradores como Taras Dmytrovych Borovets, memórias da sua participação em marchas da UPA e apologia ao nazismo, está uma foto tirada com oficiais do exército do Canadá, em 2019.
Créditos / ctvnews

Várias investigações levadas a cabo por alguns dos mais importantes órgãos de comunicação do Canadá, publicadas ainda antes da invasão russa, alertavam para a presença de elementos de extrema-direita nas acções de treino do exército canadiano na Ucrânia. Ignorando as denúncias, o Canadá persistiu no apoio, formação militar e financiamento desses movimentos.

Em Outubro de 2021, a CTV National News dirigiu um pedido de informação ao exército canadiano, após a divulgação de mais um relatório alertando para sucessivos casos em que extremistas ucranianos se gabavam do treino e apoio concedido por forças canadianas.

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Mário Machado incorporou neo-nazis portugueses em milícias na Ucrânia

A «acção humanitária 1143», liderada pelo neonazi Mário Machado, cumpriu o seu propósito de integrar elementos da extrema-direita nos «meios de defesa» da Ucrânia, confirma o seu advogado.

O líder dos <em>hammerskins</em>, Mário Machado, fala aos jornalistas à saída do Tribunal Criminal de Lisboa, em Monsanto, após ter sido condenado a quatro anos e dez meses de prisão efectiva por discriminação racial, coacção agravada, posse de arma ilegal e ameaça, dano e ofensa à integridade física qualificada. Lisboa, 3 de Outubro de 2008 
CréditosMiguel A. Lopes / Agência Lusa

José Manuel Castro, advogado do neonazi Mário Machado, garantiu que este regressa a Portugal na sexta-feira, ficando sem efeito o recurso interposto pelo Ministério Público

Em declarações à agência Lusa, o advogado assegura que Mário Machado não chegou a combater durante a semana que passou em território ucraniano, limitando-se à entrega de medicamentos e à recolha de alguns refugiados, que serão transportados até à Alemanha.

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Os neonazis portugueses que vão combater, os que fogem e os amigos deles

Onde se explica o que vão fazer os neonazis à Ucrânia e qual é a guerra de propaganda em que eles estão implicados.

Treinos do Batalhão Azov
CréditosROMAN PILIPEY / EPA

O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) garantiu, esta semana, ao semanário Expresso, que foi informado da situação de sete portugueses que foram combater para a Ucrânia, contra a invasão russa. Entretanto, cinco já desistiram de o fazer e estão de volta a casa.

O MNE revela, numa resposta escrita a esse semanário, que «tem registo de sete cidadãos nacionais (dois deles luso-ucranianos) que contactaram os seus serviços informando da sua deslocação para a Ucrânia a título de combatente voluntário. Os cinco cidadãos portugueses manifestaram, entretanto, vontade de abandonar o território ucraniano, o que já estarão a fazer.»

Apesar dessas rápidas desistências – após o bombardeamento russo da base onde estavam acantonados os combatentes estrangeiros – , mais portugueses são esperados na Ucrânia. No dia 20 de Março, terá partido um grupo de vinte pessoas, oito delas com o objectivo de se juntar a uma milícia neonazi ucraniana que se encontra em Lviv. O Expresso garante não ser o Batalhão Azov, o mais poderoso grupo armado ucraniano, com mais de quatro mil combatentes no início da guerra, perfilhando uma ideologia neonazi.

O grupo é liderado pelo neonazi Mário Machado, que lamentou publicamente não poder ficar mais do que quinze dias na Ucrânia, entre ida e volta e estadia, pois está obrigado a apresentar-se quinzenalmente numa esquadra, dado estar com termo de identidade e residência, por mais um processo criminal que tem às costas [Na sexta-feira, depois deste artigo ser escrito, ficou-se a saber que um juiz preocupado, com tanta viagem em pouco tempo, permitiu-lhe não se apresentar na PSP, enquanto estiver na Ucrânia].

O AbrilAbril enviou várias perguntas para o Gabinete do Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna (SSI), ao cuidado do seu secretário-geral, Paulo Vizeu Pinheiro:

«Em várias notícias e redes sociais, elementos neonazis ligados ao grupo de Mário Machado afirmam que vão sete pessoas combater na Ucrânia. Queria saber se o Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna tem alguma preocupação a esse respeito e como encara o facto de neonazis cadastrados ganharem experiência militar e poderem-na utilizar quando regressarem a Portugal».

«É verdade que a causa da independência da Ucrânia é bastante mais nobre que a do Califado do Daesh, mas não deixam de ser extremistas cadastrados a ganharem experiência a matar pessoas».

«Em outros países, como o Reino Unido, o governo colocou entraves à deslocação de pessoas e de ex-militares para combater na Ucrânia, em Portugal vai ser feito alguma coisa nesse sentido»?

«A actividade, nesse país, dessas pessoas será alvo de particular atenção? Serão tomadas medidas de segurança depois do seu eventual regresso?».

Até agora, a missiva não mereceu nenhuma atenção dos responsáveis de segurança de Portugal.

Os neonazis que segundo as televisões não existem na Ucrânia

Há pouco tempo, o Batalhão Azov começou a recrutar nos canais de propaganda, em língua portuguesa, na rede social Telegram. Com as bandeiras de Portugal e do Brasil no cimo do texto, os nazis ucranianos dão conselhos sobre as rotas mais seguras para os voluntários chegarem a Lviv ou a Kiev, bem como as zonas a evitar por causa do risco de emboscadas de tropas russas. «Se tiver o seu próprio equipamento, como equipamentos de primeiros socorros, capacetes, roupas militares, equipamentos militares, sacos de dormir, almofadas para dormir, armamento, leve consigo também», escrevem.

«Olá, pode por favor reencaminhar uma mensagem uma vez que dois de nós estamos a tentar obter uma partilha de carro da Alemanha para a Ucrânia», lê-se numa mensagem de 26 de Fevereiro reencaminhada para um popular canal web neonazi, citado num texto do Washington Post.

«Somos três franceses, partimos amanhã de manhã de Estrasburgo com o nosso carro», respondeu outra mensagem. «Há lugar para dois lutadores alemães».

Estes são os tipos de conversas que têm inundado todos os dias os locais neonazis ocidentais e neo-supremacistas brancos online desde que Vladimir Putin ordenou a invasão da Ucrânia: utilizadores a organizar carpools, a conspirar como atravessar a fronteira entre a Polónia e a Ucrânia para se juntarem à luta contra a Rússia.

Alguns neonazis vêem esta nova guerra como um lugar para realizarem as suas fantasias violentas e ganharem experiência de combate e contactos para usar nos seus países. «Para outros, a força que os puxa para o conflito é uma visão partilhada para um etno-estado ultra-nacionalista. Vêem a Ucrânia como uma oportunidade de ouro para perseguir este objectivo e transformá-la num modelo para exportar para todo o mundo.», conclui Rita Katz, directora executiva do SITE Intelligence Group e uma analista de terrorismo, num texto publicado no diário norte-americano Washington Post.

Como escreveu o administrador de um popular grupo de conversação neonazi alemão e inglês, enquanto exortava os membros a juntarem-se ao Azov, «Não estou a defender a Ucrânia, estou a defender o nacional-socialismo».

«De qualquer forma, quando chegar à Ucrânia, vou matar judeus sempre que os vir», garantiu um neonazi inglês com experiência no exército, que se identifica como D. «Vou juntar o meu equipamento, saudar Hitler, glória à Ucrânia e vamos todos matar alguns judeus para Wotan!» (Wotan é um deus da mitologia nórdica, a que muitos extremistas de extrema-direita apelam na sua retórica e estética). D. indicou mais tarde que tinha formado um «grupo do Reino Unido» para se dirigir para a Ucrânia.

Os militantes foram recrutados por grupos como o Batalhão Azov, absorvido pela guarda nacional ucraniana em 2014. Esse batalhão tem acolhido abertamente os ocidentais nas suas fileiras através de sites supremacistas brancos. Foram vistos autocolantes e símbolos do Batalhão Azov um pouco por todo o mundo: numa manifestação neonazi em Julho de 2020, no Tennessee, e na moto usada numa tentativa de ataque à bomba de uma mesquita em Itália.

De acordo com os dados de um estudo do Soufan Center, organização não-governamental que estuda o fenómeno dos extremismos, pelo menos quatro mil voluntários estrangeiros fizeram parte desta milícia ucraniana, havendo o registo de um português que já combateu nas fileiras do Batalhão Azov entre 2014 e 2019. O número poderá até ser um pouco maior, de acordo com reportagens recentes, como a do jornalista Ricardo Cabral Fernandes no Público. E há uma ligação umbilical entre movimentos da extrema-direita portuguesa com estes ucranianos, com a realização de seminários e torneios de artes marciais tanto em Portugal como na Ucrânia nos últimos anos.

Em 2019, o Soufan Center, que segue grupos terroristas e extremistas em todo o mundo, advertiu: «O Batalhão Azov está a emergir como um nó crítico na rede extremista transnacional de extrema-direita violenta. ... [A sua] abordagem agressiva ao trabalho em rede serve um dos objectivos globais do Batalhão Azov, de transformar as áreas sob o seu controlo na Ucrânia no centro principal da supremacia branca transnacional».

O Soufan Center descreveu como a «rede agressiva» do Batalhão Azov chega a todo o mundo para recrutar combatentes e espalhar a sua ideologia de supremacia branca. Os combatentes estrangeiros que treinam e lutam com o Batalhão Azov regressam depois aos seus próprios países para aplicar o que aprenderam e recrutar outros.

Os extremistas estrangeiros violentos com ligações a Azov incluíram Brenton Tarrant, que massacrou 51 muçulmanos em duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, em 2019, e vários membros do Movimento «Rise Above Movement» dos EUA, que foram processados por atacarem pessoas que participavam no comício «Unite the Right» em Charlottesville, em Agosto de 2017. Outros veteranos de Azov regressaram à Austrália, Brasil, Alemanha, Itália, Noruega, Suécia, Reino Unido, Portugal e outros países.

Para os mais extremistas entre estes neonazis, o plano é ainda mais sinistro. Eles vêem a Ucrânia como uma oportunidade para promover uma agenda «acelerista», que procura apressar um colapso de toda a civilização e depois construir estados étnicos fascistas a partir das cinzas.

O SITE Intelligence Group, organização que estuda a actividade da extrema-direita nas redes sociais, denuncia uma série de publicações de uma das vozes neonazis aceleracionistas mais influentes da extrema-direita, «o eslovaco», que estaria implicado na guerra da Ucrânia. A 25 de Fevereiro, «o eslovaco» anunciou que estava a deixar um país desconhecido para lutar na Ucrânia. «Esta guerra vai queimar a fraqueza física e moral do nosso povo, para que uma nação forte possa levantar-se das cinzas», escreveu. «A nossa tarefa é assegurar que as condições permaneçam terríveis o suficiente, por tempo suficiente, para que esta transformação aconteça, e deve acontecer. O nosso futuro está em jogo e podemos não ter outra oportunidade, certamente não uma tão boa como esta».

Em muitos aspectos, a situação da Ucrânia lembra a Síria. Tal como o conflito sírio serviu de terreno fértil para grupos como a al-Qaeda e o Estado islâmico, condições semelhantes podem estar a fermentar na Ucrânia para a extrema-direita. A Síria tornou-se um terreno de conspiração e treino para os terroristas montarem ataques no Ocidente, tais como os ataques em Paris em 2015 e em Bruxelas em 2016.

Os extremistas que conseguirem chegar à Ucrânia poderão regressar a casa com novas armas e experiência de combate – ou permanecer na Ucrânia, onde poderão influenciar ainda mais os seus compatriotas online. Só porque os extremistas estão «noutro lugar», não os torna menos perigosos para os países de onde vêm.

«Putin é um judeu», garante um combatente do Azov

«Não tenho nada contra os nacionalistas russos, ou contra uma grande Rússia», disse Dmitry, ao repórter Shaun Walker do diário britânico The Guardian, enquanto acelerávamos pela noite escura de Mariupol numa pick-up, uma metralhadora posicionada na parte de trás. «Mas Putin nem sequer é um russo. Putin é um judeu».

A reportagem datada de 2014, acompanhou a reconquista de Mariupol pelos neonazis. Dmitry – que disse não ser o seu verdadeiro nome – é natural da Ucrânia Oriental e membro do Batalhão Azov, que tem feito grande parte da linha da frente na guerra da Ucrânia com separatistas pró-Rússia.

Dmitry afirmou não ser um nazi, mas confessa-se admirador Adolf Hitler como líder militar, e acredita que o Holocausto nunca aconteceu. Nem todos no batalhão Azov pensam como Dmitry, mas depois de ter falado com dezenas dos seus combatentes e de ter participado em várias missões durante a semana passada na cidade estratégica portuária de Mariupol e arredores, o The Guardian encontrou, em muitos deles, opiniões políticas perturbadoras, quase todos com a intenção de «trazer a luta para Kiev» quando a guerra no leste acabar.

O símbolo do batalhão é igual ao Wolfsangel nazi, que encimava os batalhões SS ucranianos, embora fonte oficial do batalhão garante que, de facto, é suposto ser a letra N, representando uma «ideia nacional». Muitos dos seus membros têm ligações com grupos neonazis, e mesmo aqueles que se riram da ideia de que são neonazis não deram as negações mais convincentes.

«Claro que não, é tudo inventado, há apenas muitas pessoas que estão interessadas na mitologia nórdica», disse um combatente quando interrogado se havia neonazis no batalhão. Quando lhe perguntaram quais eram as suas próprias opiniões políticas, contudo, ele respondeu «nacional-socialista». Quanto às tatuagens da suástica vistas em homens na base de Azov, corrigiu: «a suástica nada tem a ver com os nazis, era um antigo símbolo do sol».

Tortura e violação como forma de actuação

O Batalhão Azov tem suas origem numa grupo claque ultra do clube de futebol FC Metalist Kharkiv chamado «Sect 82» (1982 é o ano de fundação do grupo). No final de Fevereiro de 2014, durante a crise ucraniana de 2014, ajudou a reprimir manifestações pró-russas em Kharkiv, o «Sect 82» ocupou o prédio da administração da Oblast [região] em Kharkiv e serviu como uma força de «autodefesa» local.

Em 13 de Abril de 2014, o ministro de Assuntos Internos, Arsen Avakov, emitiu um decreto autorizando a criação de novas forças paramilitares de até 12 mil pessoas. O Batalhão Azov foi formado em 5 de Maio de 2014, em Berdiansk.

O batalhão começou a actuar em Mariupol, onde esteve envolvido em combates, tendo sido determinante na reconquista da cidade aos separatistas russos, na segunda batalha por essa cidade.

Em relação ao cessar-fogo acordado em 5 de Setembro, o líder do grupo, Biletskiy, declarou: «Se foi um movimento táctico, não há nada de errado com isso. Se é uma tentativa de chegar a um acordo sobre o solo ucraniano com separatistas, obviamente é uma traição».

A ocupação de Mariupol e a acções do Batalhão Azov e de outras forças neonazis, desde aí, não foi pacífica. Já em 2014, a Amnistia Internacional apelou ao governo ucraniano para investigar abusos de direitos e possíveis execuções por parte dos batalhões neonazis Aidar e Azov.

«A incapacidade de pôr fim aos abusos e possíveis crimes de guerra por parte dos batalhões voluntários corre o risco de agravar significativamente as tensões no leste do país e minar as intenções proclamadas das novas autoridades ucranianas de reforçar e defender o Estado de direito de forma mais ampla», disse, o na altura, Salil Shetty, Secretário-Geral da Amnistia Internacional, em Kiev.

Segundo um relatório da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) que monitorizava o cumprimento do cessar-fogo entre ucranianos e separatistas, datado de 2015, as forças de segurança ucranianas e as unidades neonazis estavam envolvidas em práticas generalizadas de tortura aos prisioneiros e população suspeita de ter simpatias pelos separatistas russos.

«Os prisioneiros foram electrocutados, espancados cruelmente ao longo de vários dias com diferentes objectos (barras de ferro, bastões de basebol, bastões, espingardas, espingardas, beatas, facas de baioneta, bastões de borracha). Técnicas amplamente utilizadas pelas forças armadas ucranianas e pela segurança forças incluem o waterboarding, o estrangulamento com um «garrote banderista» e outros tipos de estrangulamento. Em alguns casos, os prisioneiros, para fins de intimidação, foram enviados a campos minados e atropelados com veículos militares, matando-os. Outros métodos de tortura utilizados pelas forças armadas ucranianas e as forças de segurança incluem o esmagamento de ossos, esfaqueamento e corte com uma faca, marcas com objectos incandescentes, e disparos contra partes do corpo com armas de pequeno calibre».

No relatório, do Gabinete das Nações Unidas Alto Comissário para os Direitos Humanos, «Violência Sexual Relacionada com Conflitos em Ucrânia», de 2017, foram recolhidos inúmeros testemunhos da utilização, pelos serviços secretos ucranianos e dos batalhões neonazis, da violação como forma de tortura sobre civis suspeitos de simpatizarem com rebeldes pró-russos.

A verdadeira história dos nazis e a falsa história da desnazificação

O Presidente russo Vladimir Putin afirmou ter ordenado a invasão da Ucrânia para «desnazificar» o seu governo, enquanto funcionários ocidentais, como o antigo embaixador dos EUA em Moscovo Michael McFaul, chamaram a isto pura propaganda, insistindo: «Não há nazis na Ucrânia».

No contexto da invasão russa, as relações problemáticas dos governos ucranianos pós-2014 com grupos de extrema-direita e partidos neonazis tornaram-se um elemento da guerra de propaganda, com a Rússia a usá-la como um pretexto para a guerra e o Ocidente a tentar varrê-la para debaixo do tapete.

A verdade é que os neonazis foram importantes para o golpe de Estado de 2014, como foram importantes para combater os separatistas russos na Ucrânia oriental. A invasão russa, longe de desnazificar a Ucrânia, é susceptível de espalhar neonazis treinados por vários países.

O Partido neonazi Svoboda, da Ucrânia, e os seus fundadores, Oleh Tyahnybok e Andriy Parubiy, desempenharam papéis de liderança no golpe apoiado pelos EUA em Fevereiro de 2014. A secretária de Estado adjunta, Victoria Nuland, e o embaixador dos EUA, Geoffrey Pyatt, mencionaram Tyahnybok como um dos líderes com quem estavam a trabalhar antes do golpe de Estado.

Nunca se saberá quão diferente teria sido o novo governo da Ucrânia se um processo político pacífico tivesse sido autorizado a seguir o seu curso sem a interferência dos EUA ou de extremistas violentos de direita.

Mas foram os neonazis que subiram ao palco na praça Maidan e rejeitaram o acordo de 21 de Fevereiro de 2014 negociado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros francês, alemão e polaco, segundo o qual o Presidente Viktor Yanukovych e os líderes políticos da oposição concordaram em realizar novas eleições no final desse ano. Em vez disso, Yarosh e o sector de direita recusaram-se a desarmar e lideraram a marcha sobre o Parlamento que derrubou o governo.

Desde 1991, as eleições ucranianas tinham oscilado entre líderes como Yanukovych, que era de Donetsk e tinha laços estreitos com a Rússia, e líderes apoiados pelo Ocidente, como o Presidente Viktor Yushchenko, que foi eleito em 2005 após a «Revolução Laranja», a que se seguiu a uma eleição disputada. A corrupção endémica da Ucrânia manchou todos os governos, e a rápida desilusão pública com qualquer líder e partido que ganhasse o poder levou a um equilíbrio e alternância entre as facções alinhadas pelo Ocidente e pela Rússia.

Em 2014, Nuland e o Departamento de Estado conseguiram que o seu favorito, Arseniy Yatsenyuk, se instalasse como primeiro-ministro do governo pós-golpe de Estado. Durou dois anos até que também ele perdesse o cargo devido a um sem fim de escândalos de corrupção. Petro Poroshenko, o Presidente que se seguiu, durou um pouco mais, até 2019, mesmo depois dos seus esquemas pessoais de evasão fiscal terem sido expostos nos Panama Papers de 2016 e nos Paradise Papers de 2017.

Quando Yatsenyuk se tornou primeiro-ministro, recompensou o papel do Svoboda no golpe com três cargos de gabinete, incluindo Oleksander Sych como vice-primeiro-ministro, e governadores de três das 25 províncias da Ucrânia. Andriy Parubiy, do Svoboda, foi nomeado presidente do Parlamento, um cargo que ocupou durante os cinco anos seguintes. Tyahnybok concorreu à presidência em 2014, mas obteve apenas 1,2% dos votos, e não foi reeleito para o parlamento.

Os eleitores ucranianos viraram as costas à extrema-direita nas eleições pós-eleitorais de 2014, reduzindo a quota de Svoboda de 10,4% dos votos nacionais em 2012 para 4,7%. Svoboda perdeu o apoio em áreas onde detinha o controlo dos governos locais mas não tinha cumprido as suas promessas, e o seu apoio foi dividido agora que já não era o único partido a concorrer com slogans e retórica explicitamente anti-russa.

Após o golpe, a extrema-direita ajudou a consolidar a nova ordem, atacando e quebrando os protestos anti-golpistas, no que o líder do Sector Direito, Yarosh, descreveu à revista Newsweek como uma «guerra» para «limpar o país» dos manifestantes pró-russos. Esta campanha culminou a 2 de Maio com o massacre de mais de 40 manifestantes anti-golpistas queimados vivos na Casa dos Sindicatos em Odessa.

Após os protestos anti-golpistas terem evoluído para declarações de independência em Donetsk e Luhansk, a extrema-direita na Ucrânia foi armada para um confronto em grande escala. Os militares ucranianos tinham pouco entusiasmo em combater o seu próprio povo, pelo que o governo formou novas unidades da Guarda Nacional, com neonazis, para o fazer.

O Sector Direito formou um batalhão, e os neonazis também dominaram o Batalhão Azov, que foi fundado por Andriy Biletsky, um supremacista branco declarado que afirmava ser o objectivo nacional da Ucrânia livrar o país dos judeus e outras raças inferiores. Foi o batalhão Azov que liderou o assalto do governo pós-golpe às repúblicas auto-proclamadas e retomou a cidade de Mariupol das forças separatistas.

O acordo de Minsk II, em 2015, pôs fim aos piores combates e criou uma zona tampão em torno das repúblicas separatistas, mas uma guerra civil de baixa intensidade continuou. Estima-se que tenham sido mortas 14 mil pessoas desde 2014. A representante Ro Khanna, Democrata eleita pela Califórnia, e outros membros progressistas do Congresso tentaram durante vários anos pôr fim à ajuda militar dos EUA ao Batalhão Azov. Finalmente, fizeram-no na Lei de Apropriação de Defesa de 2018, mas o Azov terá continuado a receber armas e treino dos EUA, apesar da proibição.

Independentemente do sucesso decrescente de Svoboda nas eleições nacionais, grupos neo-nazis e nacionalistas extremistas, cada vez mais ligados ao Batalhão Azov, têm mantido o poder nas ruas da Ucrânia, assim como na política local, no coração nacionalista ucraniano em torno de Lviv, na Ucrânia ocidental.

Após a eleição do Presidente Volodymyr Zelenskyy, em 2019, a extrema-direita ameaçou-o de destituição, ou mesmo de morte, se negociasse com líderes separatistas de Donbass e seguisse em frente com os acordos de Minsk. Zelenskyy tinha concorrido às eleições como «candidato à paz», mas sob ameaça da direita, recusou-se mesmo a falar com os líderes de Donbass, que descreveu como terroristas, como afirmam Medea Benjamin e Nicolas J.S. Davies, num artigo sobre o papel dos neonazis no conflito, publicado no site fairobserver.

Durante a presidência de Trump, os EUA inverteram a proibição de Obama de vender armas à Ucrânia, e a retórica agressiva de Zelenskyy levantou receios em Donbass e na Rússia de que ele estaria a preparar as forças da Ucrânia para uma nova ofensiva para retomar Donetsk e Luhansk pela força.

O neoliberalismo antecipou a guerra

A guerra civil combinou-se com as políticas económicas neoliberais do governo para criar um terreno fértil para a extrema-direita. O governo pós-combatente impôs mais da mesma «terapia de choque» que foi imposta em toda a Europa de Leste nos anos 90. A Ucrânia recebeu uma ajuda de 40 mil milhões de dólares do Fundo Monetário Internacional e, como parte do acordo, privatizou 342 empresas estatais; reduziu o emprego no sector público em 20%, juntamente com cortes salariais e nas pensões; privatizou os cuidados de saúde e desinvestiu na educação pública, fechando 60% das suas universidades.

Juntamente com a corrupção endémica da Ucrânia, estas políticas levaram à pilhagem de bens estatais pela classe dominante corrupta, e à queda do nível de vida e de medidas de austeridade para todos os outros. O governo pós-golpe manteve a Polónia como modelo, mas a realidade estava mais próxima da Rússia de Boris Ieltsin dos anos 90. Após uma queda de quase 25% do PIB entre 2012 e 2016, a Ucrânia é ainda o país mais pobre da Europa.

Tal como noutros lugares, os fracassos do neoliberalismo alimentaram o aumento do extremismo de direita e do racismo, e agora a guerra com a Rússia promete proporcionar a milhares de jovens alienados de todo o mundo treino militar e experiência de combate, que poderão então levar para casa para aterrorizar os seus próprios países.

Neste momento, os ucranianos estão unidos na sua resistência à invasão da Rússia, mas não devemos ficar surpreendidos quando a aliança dos EUA com as forças neonazis na Ucrânia, incluindo a entrega de milhares de milhões de dólares em armas sofisticadas, resultar em algo incontrolado.

O silêncio não fará a extrema-direita ucraniana desaparecer de imediato. Agir como se qualquer menção ao problema alimente a propaganda do Kremlin só está a piorar a situação.

Mas, enquanto fala de desnazificação, a Rússia também tem dado novos passos para fortalecer as suas fileiras com elementos ligados à extrema-direita. Desde o início da invasão russa que os mercenários do Grupo Wagner, co-fundado por Valeryevich Utkin, neonazi condecorado pelo presidente russo, e considerado o braço militar não oficial do Kremlin, têm estado presentes na guerra. O Grupo Wagner também está a recrutar através do Telegram, diz o Counter Extremism Project, citado pelo site Setenta e Quatro.

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O objectivo da «acção humanitária 1143» cumpriu-se em todos os seus aspectos, com a integração de elementos do grupo de neonazis nos «meios de defesa» da Ucrânia, como os descreve José Manuel Castro.

Numa publicação feita hoje, na plataforma Telegram, um serviço de mensagens online, Machado salienta alguns dos pontos mais importantes da participação do seu grupo na Ucrânia: pretendemos, «se necessário ou possível, participar na secção militar e ajudar na colocação de homens nossos no terreno», assim como «colocar a nossa área política de forma cabal e inequívoca, do lado certo da história». 

«Com o apoio de patriotas de todo o país, foi possível concretizar todos os quatro objectivos», afirma Mário Machado, satisfeito por ter ajudado na «colocação, em território ucraniano, de vários portugueses, luso-descendendentes e de outras nacionalidades, no domínio militar».

Ao Diário de Notícias, Sergii Malyk, adido militar da Embaixada da Ucrânia em França, afirmou não ser possível integrar cidadãos estrangeiros nas milícias paramilitares em actividade no país. «Isso não é possível. Não pode juntar-se a milícia nenhuma. Não, não, isso não acontece», cita a notícia divulgada ontem.

Mas a tese de que «alguém que tem os crimes mencionados no cadastro não pode entrar nas nossas forças armadas», e que «não é qualquer pessoa que pode servir o nosso país», referindo-se ao facto de Mário Machado ser neonazi, cai por terra com a integração de outros elementos nacionalistas e racistas do mesmo grupo.

Vários destes indivíduos, pertencentes ao movimento nacionalista, de supremacia branca, de Machado, já se encontram, neste momento, perfeitamente integrados nas milícias ucranianas: «consegui entrar nesse país, completamente despercebido, e fui ter com patriotas portugueses, ucranianos, ingleses, alemães e espanhóis que me deram todo o apoio», descreve o próprio.

Mário Machado reforça que «sempre, desde o início, deixou bem claro no áudio disponível no meu canal que não iria combater pela Legião Internacional».

«Raparigas brancas lutarão!»

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Combate à glorificação do nazismo com voto contra dos EUA e abstenção da UE

A Assembleia Geral da ONU aprovou, de forma esmagadora, uma resolução que a Rússia apresenta há vários anos contra a «glorificação do Nazismo», que não voltou a contar com o apoio dos países da NATO.

Marcha em honra de Stepan Bandera em Kiev
Marcha em honra de Stepan Bandera em Kiev Créditos / Twitter

Por iniciativa da Rússia, a resolução «Combater a glorificação do Nazismo, Neonazismo e outras práticas que contribuem para alimentar formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância relacionada» foi aprovada esta quarta-feira, na Assembleia Geral das Nações Unidas, com 130 votos a favor, dois votos contra (EUA e Ucrânia) e 51 abstenções (incluindo a de Portugal, de todos os estados-membros da União Europeia e outros países «sérios», como o Reino Unido, que definem o que são eleições «sérias» ou «direitos humanos», e decretam sanções contra «países não sérios»).

A resolução apela aos estados membros da ONU para que aprovem legislação para «eliminar todas as formas de discriminação racial» e expressa «profunda preocupação sobre a glorificação, sob qualquer forma, do movimento nazi, do neonazismo e de antigos membros da organização Waffen-SS».

Neste sentido, refere-se à construção de monumentos e memoriais, bem como à celebração de manifestações públicas em nome da glorificação do passado nazi, do movimento nazi e do neonazismo.

Os apoiantes da resolução mostram-se preocupados com «as tentativas cada vez mais frequentes de profanar ou demolir monumentos erigidos em memória daqueles que combateram o nazismo na Segunda Guerra Mundial, bem como de exumar ou remover os restos mortais dessas pessoas», informa a agência TASS.


O texto da resolução destaca também o alarme da Assembleia Geral das Nações Unidas perante «a utilização das tecnologias de informação, da Internet e das redes sociais, por grupos neonazis, bem como outros grupos extremistas e indivíduos que defendem ideologias de ódio, para recrutar novos membros, visando em especial crianças e jovens».

A Assembleia Geral, refere a TASS, recomenda aos estados que «tomem as medidas concretas apropriadas, incluindo legislativas e educativas (...) para evitar o revisionismo sobre a Segunda Guerra Mundial e a negação de crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos na Segunda Guerra Mundial».

A representação diplomática dos Estados Unidos junto das Nações Unidas, refere a RT, lembrou que vota repetidamente contra a resolução russa, todos os anos, porque se trata de um documento bem conhecido pelas suas tentativas de legitimar as «narrativas de desinformação russa», que «denigrem os países vizinhos sob a aparência cínica de travar a glorificação do nazismo».

Para além disso, afirmou que a resolução é contrária ao «direito de liberdade de expressão», a que também os «nazis confessos» têm direito, tal como estipulado pelo Supremo Tribunal dos EUA.

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No dia em que era noticiada a suposta proibição da sua entrada no país em guerra, o militante neonazi divulgou algumas imagens da sua actividade na Ucrânia através do seu grupo no Telegram. Também na passada quinta-feira, Machado partilhou fotos de milicianas ucranianas a posar, armadas, com símbolos nazis (suásticas e o sol negro, usadas pelas SS) e t-shirts com inscrições supremacistas (White Pride/Worldwide; Orgulho Branco/em todo o mundo), com o comentário «Raparigas brancas lutarão!».

Noutra publicação, no mesmo dia, afirmava: «Não se preocupem traidores, quando o dia chegar, também aí estarão lado a lado com os militantes do PCP e BE na fila para o cadafalso» (palanque em que é montada a forca). «Em sentido figurado, claro», acrescenta no final da mensagem, editada horas depois da publicação.

Azov e a NATO, com Israel pelo meio. «Se a paz vier com o governo do Zelensly, o palhaço judeu, ainda no poder, vai haver guerra civil»

Num dos «canais de referência para quem quiser obter mais informações sobre o conflito Rússia vs. Ucrânia», disponibilizados pelo próprio, todos repletos de iconografia supremacista, é publicado um texto de um membro americano do Batalhão Azov, conhecido por Kent.

Para além de assumir a relação que este batalhão neonazi mantém com a NATO, «estritamente por questões de realpolitik e uma tolerância temporária entre os dois lados devido a um inimigo comum», Kent afirma que muitos «nacional-socialistas ucranianos já só querem sangue e a cabeça de judeu do Zelensky enfiado num espeto».

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Zelensky suspende a actividade de 11 partidos políticos na Ucrânia

A pretexto da lei marcial, Zelensky proibiu hoje 11 partidos políticos, do centro à esquerda, na Ucrânia, incluindo o maior da oposição. A extrema-direita, por seu lado, não vê qualquer restrição à sua actividade.

Volodymyr Zelensky, presidente da república da Ucrânia, reúne com os homólogos da República Checa, Polónia e Eslováquia. Kiev, Ucrânia, 15 de Março de 2022 
CréditosGoverno da Ucrânia / EPA/Agência Lusa

«Primeiro vieram buscar os comunistas (...)», lembrava Bertolt Brecht, e agora, por fim, levam o que restava do centro/centro-esquerda ucraniano. O processo de «descomunização», em marcha desde 2015, que resultou na ilegalização e perseguição do Partido Comunista da Ucrânia, aproveita o contexto da guerra para afastar os restantes rostos da oposição anti-NATO/anti-corrupção ao governo de Zelensky.

Sob pretexto de se tratarem de partidos «pró-russos», uma narrativa rapidamente adoptada pelos meios de comunicação ocidentais, 11 partidos, com ou sem assento parlamentar, foram impedidos de exercer a sua função principal numa democracia: exercer a representação política dos seus eleitores e militantes.

O Ministério da Justiça terá agora de «tomar imediatamente medidas abrangentes para proibir as actividades desses partidos políticos».

No princípio de Fevereiro o partido ucraniano "Socialistas" ainda celebrava a maioria absoluta de António Costa nas últimas eleições legislativas. O partido, que há muito denunciava os atentados do regime de Kiev contra a liberdade de imprensa e liberdades políticas, foi agora proibido sob a acusação de "pró-russo" - um chapéu usado nos últimos anos para extinguir as vozes da oposição democrática e meios de imprensa adversos no país. Kiev, 20 de Março de 2022 Créditos

A explicação dada pelo presidente ucraniano, numa declaração proferida hoje, 20 de Março, na qual anuncia o prolongamento da lei marcial por um novo período de 30 dias, falha na prova dos factos. Muitos destes partidos, acusados de pró-russos, participam activamente na defesa da Ucrânia. Há pouca margem para interpretar esta acção que não seja a de afastar o que resta da oposição ao seu mandato, e aos interesses que ele serve.

A Plataforma de Oposição - Pela Vida, que nas eleições parlamentares de 2019 ficou em segundo lugar, com 13,05% dos votos e 43 assentos no parlamento, não só denunciou publicamente a invasão da Rússia, chegando mesmo a expulsar um deputado por não o fazer e remover um vice-presidente com ligações a Vladimir Putin, como incitou à participação nas milícias de defesa do país. Nada impediu a suspensão.

No caso do Socialistas, trata-se de um pequeno partido político pró-União Europeia [ver foto em caixa] que defende a reintegração da Crimeia na Ucrânia, ao mesmo tempo que defende a nacionalização de vários importantes sectores da economia ucraniana e o combate à corrupção nas instituições governamentais.

O verdadeiro crime destas formações políticas, algumas com quase 30 anos de actividade, foi, em alguns casos, continuarem a defender posições anti-NATO ou representarem as populações russófilas do país,  enquanto outros, apoiantes do projecto europeu, se limitam a defender uma solução pacífica para o conflito no Donbass e se opõem aos ímpetos privatizadores do governo de Zelensky.

O projecto iniciado em Maidan, em 2014/15, concluiu finalmente uma das suas principais ambições políticas: afastar todos os grupos partidários que contestem a hegemonia dos interesses económicos norte-americanos na Ucrânia.

Para além da Plataforma de Oposição - Pela Vida, também os partidos Sharia, Nosso, Bloco de Oposição, Oposição de Esquerda, União das Forças de Esquerda, Estado, Partido Socialista Progressista da Ucrânia, Partido Socialista, Socialistas e Bloco de Volodymyr Saldo, foram suspensos.

A necessidade de uma «política de informação unificada» levou Zelensky a assinar um decreto que funde todos os canais de informação, públicos e privados, num único órgão informativo, sob gestão da presidência da república da Ucrânia.

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A posição do batalhão em relação a Israel é desmentida por Kent, que colabora com o Azov desde 2014 (quando se deu Maidan): O que Andriy Biletsky, fundador do batalhão e membro do parlamento ucraniano entre 2014 e 2019, quis dizer com o apoio a Israel é que este é um «etno-estado». «Lendo nas entrelinhas, é óbvio que é isso que ele quer que a Ucrânia seja: um etno-estado».

Mário Machado partilha muitas das desconfianças do batalhão Azov, integrado oficialmente nas forças armadas ucranianas e cujo braço político, o Svoboda (pelo qual foi eleito Biletsky), não viu qualquer restrição à sua actividade, ao contrário de todos os partidos de centro e esquerda.

«Jamais estaria sobre ordens do Governo de Zelensky, porque nada o distingue de todos os outros governantes europeus», afirma, equiparando-o a Vladimir Putin.

Machado foi condenado, ao longo de mais de 20 anos, pelos crimes de extorsão, sequestro, agressão, posse ilegal de armas (algumas proibidas), ofensa à integridade física qualificada (num dos casos, pelo assassinato de Alcindo Monteiro), discriminação racial e coacção agravada.

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Os treinos terão ocorrido ao abrigo da operação UNIFIER, que desde Abril de 2015 apoia activamente as forças militares da Ucrânia, após o golpe de estado de 2014. Só entre 2015 e 2018, mais de dez mil efectivos ucranianos foram armados, treinados e preparados por algumas centenas de militares do Canadá.

Esta operação é coordenada internacionalmente com as forças enviadas, para o mesmo efeito, pelos Estados Unidos da América, Reino Unido, Suécia, Polónia, Lituânia e Dinamarca.

Em resposta à CTV National News, o exército do Canadá negou estar a par da participação de elementos extremistas, de extrema-direita ou mesmo neo-nazis, nas suas operações. Reconhecem, no entanto, não ter mandato para fazer qualquer averiguação sobre as dezenas de milhares de soldados que treinaram. É um imenso cheque em branco passado às instituições ucranianas.

Vários relatórios e reportagens comprovam a relação entre o Canadá e forças neo-nazis

Uma investigação do diário Ottawa Citizen, publicada em Novembro de 2021, dá conta de vários momentos em que oficiais do exército do Canadá se encontraram com elementos do batalhão Azov. Tudo isto, apesar das conclusões da Task Force, criada especificamente para supervisionar a sua actividade na Ucrânia, alertarem para o facto de «vários membros do Azov se declararem nazis».

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À boleia de Zelensky, neonazis falam no parlamento grego

Durante a sua intervenção no parlamento da Grécia, Zelensky mostrou um vídeo onde dois terroristas do neonazi Batalhão Azov, um deles afirmando-se de ascendência grega, se dirigiram aos deputados gregos.

Militante do neo-nazi Batalhão Azov dirige-se aos deputados por iniciativa de Volodymyr Zelensky, durante a videoconferência do presidente da Ucrânia com o parlamento grego. Atenas, 7 de Abril de 2022
Créditos / Cumhuryet

Os homens, que se identificaram como membros do Batalhão Azov, cujas fardas exibem como símbolo um sol negro, oriundo do ocultismo nazi alemão e que resulta da sobreposição de três cruzes suásticas, apareceram a falar aos deputados gregos num vídeo mostrado pelo Presidente ucraniano, durante a sua intervenção, por videoconferência, no parlamento grego.

Apanhados desprevenidos, deputados gregos, na reacção ao facto de membros do neonazi Batalhão Azov, integrado pelo regime de Kiev na Guarda Nacional ucraniana, ter sido autorizado a dirigir-se-lhes, falaram mesmo em «vergonha histórica».

A propósito desta tentativa de instrumentalização dos parlamentos nacionais, convém lembrar que esta quarta-feira a Assembleia da República aprovou, com o voto contra do PCP, um convite formal ao presidente Volodimyr Zelensky para intervir no parlamento português, por videoconferência.

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Os encontros, promovidos e organizados pelo governo ucraniano, só vieram a público através de publicações nas redes sociais do grupo neo-nazi. Recorrendo a fotografias de soldados canadianos, o Azov legitimou o seu discurso de ódio, assinalando a disponibilidade do exército ucraniano em «continuar a desenvolver uma colaboração proveitosa» para ambos os lados.

Ao Ottawa Citizen, Bernie Farber, da Rede Contra o Ódio no Canadá, lamentou o «tenebroso erro» cometido pelo exército do seu país, «é perturbante saber que o batalhão Azov vai usar canadianos para branquear a sua ideologia de extrema-direita».

Segundo comunicações internas do exército canadiano, divulgadas publicamente pelo diário daquele país, a principal preocupação das forças armadas não era impedir que grupos neo-nazis voltassem a receber apoio do Canadá, mas sim evitar que a informação fosse tornada pública.

Mesmo após as denúncias, forças armadas canadianas continuaram a treinar neo-nazis

A rádio pública do Canadá, Radio Canada, conseguiu identificar outras situações em que oficiais canadianos estiveram envolvidos no treino de membros do Azov, apesar da promessa assumida publicamente pelo governo de não voltar a apoiar estes grupos.

Em 2020, dois anos depois dos primeiros casos identificados, foram promovidas sessões conjuntas entre o exército e o batalhão, no centro de treino da cidade de Zolochiv, na zona oeste da Ucrânia.

Kyrylo Berkal, líder de um destacamento do batalhão Azov, partilhou nas suas redes sociais uma fotografia tirada perto de Mariupol, a 12 de Fevereiro de 2019, com uma insígnia do grupo. Um dos símbolos na insígnia é o Sol Negro, usado pelas SS, a organização paramilitar do partido Nazi. CréditosKyrylo Berkal /

Por esta altura, o carácter supremacista, racista e nazi do Azov, integrado na Guarda Nacional da Ucrânia, era sobejamente conhecido em todo o mundo, reiterado em numerosas reportagens e denunciado por várias organizações de direitos humanos por todo o mundo. As instituições canadianas não foram excepção.

Nas redes sociais do líder de um regimento do batalhão Azov, Kyrylo Berkal, a CTV National News conseguiu identificar imagens de 2019 que mostram, uma vez mais, soldados canadianos numa sessão de formação promovida para nazis do Azov. Para além desse encontro, Berkal partilha frequentemente imagens com simbologia nazi.

Face a estas informações, um porta-voz do exército do Canadá reiterou as desculpas dadas anteriormente: «todos os membros da operação UNIFIER receberam formação para identificar insígnias usadas pela extrema-direita», mas «a Ucrânia é um estado soberano a quem cabe decidir quem é aceite nas suas forças armadas».

O facto de a Ucrânia integrar elementos de extrema-direita, anti-semitas, racistas, homofóbicos e neo-nazis nas suas forças armadas, não vai impedir o Canadá de continuar a dar formação a estes grupos.

Para além dos 900 milhões de dólares investidos na operação UNIFIER, o Canadá continua, e vai continuar, a fornecer armas à Ucrânia, plenamente consciente (porque os treinou e o reconheceu) que um número significativo dos seus membros perfilha ideologias de ódio.

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Em causa está a sessão organizada pela Câmara dos Comuns do Canadá para receber o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na passada sexta-feira (22 de Setembro). Depois de se dirigir aos parlamentares e ao executivo governamental, liderado por Justin Trudeau, Anthony Rota, presidente da assembleia, anunciou a presença de Yaroslav Hunka, de 98 anos, um «herói de guerra».

Este veterano da Primeira Divisão Ucraniana, explicou Rota, combateu pela independência da Ucrânia, durante a Segunda Guerra Mundial, «contra os russos e continua, ainda hoje, a apoiar as tropas ucranianas». A reacção foi unânime: centenas de representantes eleitos pela população canadiana, para além de toda a delegação da Ucrânia, ergueram-se para saudar o valoroso combatente.

«É um herói ucraniano, um herói canadiano!», afirmou Rota, «agradecemos-lhe por todo o seu serviço».

Nenhum deles, nem Volodymyr Zelensky, nem Justin Trudeau, nem Chrystia Freeland, ministra das Finanças do Canadá e pretendente a um dos mais altos cargos da NATO (neta, ela própria, de um colaborador nazi, facto que tentou ocultar ao afirmar que apenas se tratava de desinformação russa), nem Rota, nem nenhum dos 338 deputados estranhou o sentido para o qual Hunka decidiu, de livre e espontânea vontade, apontar a espingarda.

Como é amplamente sabido, esses tais «russos» integravam, durante todo o período da Segunda Guerra Mundial (tal como a Ucrânia), a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Tal como o Canadá, a União Soviética foi uma parte fundamental da resistência dos Aliados contra o nazi-fascismo. É perturbante que tal facto, parte do currículo de qualquer aluno do ensino básico, não tenha despertado qualquer tipo de questionamento por parte de qualquer um dos presentes, que continuaram a aplaudir acefalamente. 

Mais de 7 milhões de ucranianos combateram, nas fileiras soviéticas, o nazi-fascismo, recebendo, pela sua coragem, determinação e sacrifício, mais de 2,5 milhões de condecorações enquanto heróis soviéticos, como destaca a embaixada ucraniana na Grécia. Yaroslav Hunka era o inimigo.

É possível que Zelensky não conheça a Primeira Divisão Ucraniana? 

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À boleia de Zelensky, neonazis falam no parlamento grego

Durante a sua intervenção no parlamento da Grécia, Zelensky mostrou um vídeo onde dois terroristas do neonazi Batalhão Azov, um deles afirmando-se de ascendência grega, se dirigiram aos deputados gregos.

Militante do neo-nazi Batalhão Azov dirige-se aos deputados por iniciativa de Volodymyr Zelensky, durante a videoconferência do presidente da Ucrânia com o parlamento grego. Atenas, 7 de Abril de 2022
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Os homens, que se identificaram como membros do Batalhão Azov, cujas fardas exibem como símbolo um sol negro, oriundo do ocultismo nazi alemão e que resulta da sobreposição de três cruzes suásticas, apareceram a falar aos deputados gregos num vídeo mostrado pelo Presidente ucraniano, durante a sua intervenção, por videoconferência, no parlamento grego.

Apanhados desprevenidos, deputados gregos, na reacção ao facto de membros do neonazi Batalhão Azov, integrado pelo regime de Kiev na Guarda Nacional ucraniana, ter sido autorizado a dirigir-se-lhes, falaram mesmo em «vergonha histórica».

A propósito desta tentativa de instrumentalização dos parlamentos nacionais, convém lembrar que esta quarta-feira a Assembleia da República aprovou, com o voto contra do PCP, um convite formal ao presidente Volodimyr Zelensky para intervir no parlamento português, por videoconferência.

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A Primeira Divisão Ucraniana é um eufemismo para 14.ª Divisão de Granadeiros da Waffen-SS, conhecida como divisão Galícia, uma divisão de infantaria, voluntária, integrada no exército nazi, composta por soldados com origem ucraniana. Yaroslav Hunka, herói do parlamento canadiano, é nada mais, nada menos, do que criminoso de guerra nazi, responsável pelo assassinato de milhares de cidadãos polacos e judeus.

Esta divisão foi, por exemplo, responsável pelo massacre de Huta Pieniacka, em que uma pequena aldeia de pouco mais de mil habitantes foi destruída, tendo a maioria das pessoas sido encurralada em edifícios a que os voluntários nazis ucranianos atearam fogo, queimando-as vivas. Relatos recolhidos pela Comissão de Instrução dos Crimes contra a Nação Polaca descrevem um cenário macabro, em que um bebé foi morto, atirado contra uma parede, e a barriga de uma mulher grávida aberta à facada.

Uma sobrevivente do ataque da Primeira Divisão Ucraniana, do veterano Hunka, Filomena Franczukowska, perdeu os pais e os três irmãos mais novos nesse dia. Numa entrevista dada ao jornal polaco de extrema-direita Gazeta Polska, Franczukowska descreveu como os ucranianos não mataram, deliberadamente, dois gémeos de 4 anos, rindo-se das crianças que tentavam acordar a mãe, por eles assassinada.

A acção do general polaco Władysław Anders (representante do governo polaco antes da guerra) e do Vaticano (estes nazis eram «católicos ferverosos e anti-comunistas» explicou Anders) foi fundamental para garantir que os sobreviventes desta divisão das SS não tenham sido enviados para a URSS, onde os esperarava um tribunal de guerra. Para além do Reino Unido, também o Canadá recebeu entre 600 a 2000 criminosos nazis ucranianos da 14.ª Divisão de Granadeiros da Waffen-SS, protegendo-os de alguma vez serem responsabilizados pelos seus crimes, ocultando as suas identidades.

Outro nazi adoptado pelo Canadá foi Peter Savaryn, também ele um ucraniano que se voluntariou para combater ao lado das SS, que veio a ocupar, nos anos 80, a posição de Reitor da Universidade de Alberta. O nazi Savaryn foi responsável por, em 1983, inaugurar o primeiro monumento em todo o mundo em homenagem às vítimas do Holodomor. Em 2015, a Rússia exigiu a deportação do nazi ucraniano Vladimir Katriuk, envolvido em massacres na Bielorússia (que inspiraram o grande clássico do cinema soviético, Vem e Vê, de Elem Klimov): o Canadá rejeitou o pedido.

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Extrema-direita ucraniana celebrou aniversário de divisão nazi no centro de Kiev

Moscovo afirmou que a marcha evidencia mais uma vez que «o neonazismo na Ucrânia não é uma invenção ou propaganda da Rússia» e criticou Kiev por «glorificar os colaboradores nazis».

Marcha nas ruas de Kiev em honra da 14.ª Divisão de Granadeiros da Waffen-SS, conhecida como divisão Galícia 
Créditos / RT

Cerca de cem pessoas participaram, a meio desta semana, na marcha promovida na capital ucraniana por grupos nacionalistas de extrema-direita para assinalar o 78.º aniversário da criação da 14.ª Divisão de Granadeiros da Waffen-SS, conhecida como divisão Galícia.

Os manifestantes avançaram pelo centro da cidade, na quarta-feira à noite, com faixas, bandeiras e símbolos da divisão, que lutou lado a lado com os nazis durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto algumas mulheres levavam flores amarelas e azuis, as cores da bandeira nacional da Ucrânia.

No final, penduraram uma faixa numa ponte em que se mostrava soldados com uniforme nazi e se lia «a Ucrânia não esquecerá o soldado com o leão dourado na manga», em alusão ao emblema da divisão da Waffen-SS composta por voluntários ucranianos. De acordo com a RT, a Polícia bloqueou o trânsito para possibilitar a passagem da marcha.

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Combate à glorificação do nazismo com voto contra dos EUA e abstenção da UE

A Assembleia Geral da ONU aprovou, de forma esmagadora, uma resolução que a Rússia apresenta há vários anos contra a «glorificação do Nazismo», que não voltou a contar com o apoio dos países da NATO.

Marcha em honra de Stepan Bandera em Kiev
Marcha em honra de Stepan Bandera em Kiev Créditos / Twitter

Por iniciativa da Rússia, a resolução «Combater a glorificação do Nazismo, Neonazismo e outras práticas que contribuem para alimentar formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância relacionada» foi aprovada esta quarta-feira, na Assembleia Geral das Nações Unidas, com 130 votos a favor, dois votos contra (EUA e Ucrânia) e 51 abstenções (incluindo a de Portugal, de todos os estados-membros da União Europeia e outros países «sérios», como o Reino Unido, que definem o que são eleições «sérias» ou «direitos humanos», e decretam sanções contra «países não sérios»).

A resolução apela aos estados membros da ONU para que aprovem legislação para «eliminar todas as formas de discriminação racial» e expressa «profunda preocupação sobre a glorificação, sob qualquer forma, do movimento nazi, do neonazismo e de antigos membros da organização Waffen-SS».

Neste sentido, refere-se à construção de monumentos e memoriais, bem como à celebração de manifestações públicas em nome da glorificação do passado nazi, do movimento nazi e do neonazismo.

Os apoiantes da resolução mostram-se preocupados com «as tentativas cada vez mais frequentes de profanar ou demolir monumentos erigidos em memória daqueles que combateram o nazismo na Segunda Guerra Mundial, bem como de exumar ou remover os restos mortais dessas pessoas», informa a agência TASS.


O texto da resolução destaca também o alarme da Assembleia Geral das Nações Unidas perante «a utilização das tecnologias de informação, da Internet e das redes sociais, por grupos neonazis, bem como outros grupos extremistas e indivíduos que defendem ideologias de ódio, para recrutar novos membros, visando em especial crianças e jovens».

A Assembleia Geral, refere a TASS, recomenda aos estados que «tomem as medidas concretas apropriadas, incluindo legislativas e educativas (...) para evitar o revisionismo sobre a Segunda Guerra Mundial e a negação de crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos na Segunda Guerra Mundial».

A representação diplomática dos Estados Unidos junto das Nações Unidas, refere a RT, lembrou que vota repetidamente contra a resolução russa, todos os anos, porque se trata de um documento bem conhecido pelas suas tentativas de legitimar as «narrativas de desinformação russa», que «denigrem os países vizinhos sob a aparência cínica de travar a glorificação do nazismo».

Para além disso, afirmou que a resolução é contrária ao «direito de liberdade de expressão», a que também os «nazis confessos» têm direito, tal como estipulado pelo Supremo Tribunal dos EUA.

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A SS Galicia, formada em Lvov em 1943, era integrada sobretudo por ucranianos que queriam lutar ao lado da Alemanha nazi contra a União Soviética e que combateram, acima de tudo, grupos de partisans locais.

Posteriormente, serviu de base à formação do Exército Nacional Ucraniano e assim se manteve até ao final da guerra na Europa, em Maio de 1945. Foi acusada de participar em múltiplas atrocidades, incluindo a eliminação das comunidades polacas no Ocidente da Ucrânia e o massacre de civis durante as suas acções anti-guerrilheiras.

«Os seguidores da ideologia nazi-fascista sentem total impunidade na Ucrânia»

Na quinta-feira, Maria Zakharova, porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, afirmou que a marcha de homenagem à SS Galicia se vem juntar a uma série de factos que evidenciam mais uma vez que «o neonazismo na Ucrânia não é uma invenção ou propaganda da Rússia», tendo lamentado ainda que «a escala e a frequência dos eventos dos neonazis vá em crescendo, adquirindo um carácter cada vez mais agressivo», informa a RT.

A funcionária russa acusou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de manter uma «política permissiva para com os nacionalistas radicais ucranianos, de manipular a história da Grande Guerra Pátria e de glorificar os colaboradores nazis».

«Os seguidores da ideologia nazi-fascista sentem total impunidade na Ucrânia e, inclusive, o apoio das autoridades. Esta política oficial de Kiev é um insulto à memória não só do povo russo e ucraniano, mas de todos os povos da antiga União Soviética, cujos soldados deram a vida pelo futuro das gerações vindouras, incluindo as dos cidadãos da actual Ucrânia», declarou Zakharova.

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O jornal judaico norte-americano Forward identificou, num blogue de veteranos desta divisão, uma biografia dedicada a Hunka, com imagens da sua participação enquanto membro das SS, incluindo uma que o identifica como um dos soldados que recebeu a visita de Heinrich Himmler (da cúpula do Partido Nazi, idealizador do Holocausto), em Neuhammer, na Polónia, em 1943.

Em Maio de 2021, o AbrilAbril noticiou a realização de uma marcha de homenagem aos nazis desta divisão, contando com a participação de algumas centenas de ucranianos no centro de Kiev. Nessa altura, após críticas de Israel e da Alemanha, Zelensky condenou «categoricamente qualquer manifestação de propaganda de regimes totalitários, em particular o nacional-socialista, e as tentativas de revisão da verdade sobre a Segunda Guerra Mundial». 

Zelensky já soube, em tempos, o que era a Primeira Divisão Ucraniana, mas pela forma acolhedora com que recebeu o nazi no Canadá, sorrindo e erguendo o punho, parece já se ter esquecido da maior parte. Uma imagem partilhada pela neta do veterano nazi dá a entender que tanto o presidente ucraniano e canadiano se encontraram com Hunka antes da sessão.

Associações judaicas e de memória do holocausto exigem explicações, embaixador polaco no Canadá denuncia «branqueamento» do nazismo e instituições canadianas tentam encontrar bode expiatório

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Protesto no Canadá contra política militarista de Trudeau e pela saída da NATO

O «retiro» do executivo de Trudeau em Hamilton, na província de Ontário, ficou marcado por protestos na segunda-feira, um dos quais a exigir ao governo do Canadá a saída da NATO.

Mobilização da Hamilton Coalition to Stop the War (HCSW)
Créditos / HCSW

Membros da Hamilton Coalition to Stop The War realizaram uma concentração frente à Art Gallery local, esta segunda-feira, exibindo cartazes em que se lia «Não aos novos caças, não aos novos navios de guerra para a NATO» e «STOP à guerra por procuração na Ucrânia».

O grupo, revela o portal cbc.ca, criticou a resposta do governo de Justin Trudeau à guerra na Ucrânia, bem como a decisão do governo de Otava de comprar 88 novos caças F-35 à norte-americana Lockeed Martin, que irão custar mais de 14 mil milhões de dólares.

Doug Brown, co-presidente da Coligação de Hamilton contra a guerra, disse que a compra dos F-35 «é um desperdício terrível do dinheiro dos contribuintes», que devia ser direccionado para outras áreas, prioritárias.

Em seu entender, quando o orçamento com as despesas militares aumenta, os outros, que garantiriam «segurança económica, ambiental e de saúde» aos canadianos, encolhem.

Brown frisou ainda que o objectivo primeiro da compra não é defender o Canadá, mas «atar o país a uma estrutura militar comandada pelos EUA, para as operações ofensivas da NATO no estrangeiro».

A este propósito, lembrou que foi assim, «desta forma destrutiva», que os F-18 canadianos actuaram na ex-Jugoslávia e na Líbia.

Participar na diplomacia, não enviar mais armamento

Por seu lado, Ken Stone, também membro da Coligação anti-guerra, disse que a mobilização se enquadrava numa «semana de protestos na América do Norte contra as guerras da NATO».

«No Canadá, nos Estados Unidos e também nalguns pontos da Europa, tem havido manifestações que se opõem às guerras dos EUA pelo mundo, incluindo a guerra por procuração da NATO na Ucrânia», disse.

Para Stone, as origens da actual guerra na Ucrânia remontam à expansão da NATO para o Leste da Europa e ao incumprimento das promessas feitas à URSS; passam ainda pelo golpe de Maidan, pelo ataque às populações do Donbass e pelo não respeito pelos Acordos de Minsk.

Com a guerra a arrastar-se, Ken Stone defendeu que Trudeau devia participar nos esforços diplomáticos com vista a acalmar o conflito e a encontrar uma solução negociada para ele, em vez de mandar mais armas e tanques para a Ucrânia.

Na semana passada, a ministra canadiana da Defesa, Anita Anand, visitou Kiev, onde anunciou que o seu país ia enviar 200 veículos blindados para a Ucrânia.

«O Canadá precisa de uma política externa independente. Devemos sair da NATO», destacou Ken Stone.

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Embora Justin Trudeau tenha considerado a situação «profundamente embaraçosa para o Parlamento do Canadá e, por extensão, para todos os canadianos», deixou o alerta: mesmo que as instituições canadianas tenham acabado de homenagear um nazi, é indispensável «continuar a reagir contra a desinformação e propaganda russa» (a mesma habilidade que Chrystia Freeland tentou usar para desviar as atenções da sua tentativa de apagamento do passado nazi do avô).

Anthony Rota, presidente do Parlamento, acabou por cair sobre a espada: «quero, em particular, apresentar as minhas mais sinceras desculpas às comunidades judaicas do Canadá e de todo o mundo. Assumo a total responsabilidade pelas minhas acções». 

«É escandaloso que o Parlamento tenha homenageado desta forma um antigo membro de uma unidade nazi», afirmou a organização judaica B’nai Brith Canada. Soldados como Hunka «sonhavam com um Estado ucraniano etnicamente homogéneo e apoiaram a ideia da limpeza étnica».

«Os soldados canadianos lutaram e morreram para libertar o mundo dos males da brutalidade nazi». O embaixador polaco, Witold Dzielski, anunciou nas redes sociais já ter exigido um pedido de desculpas formal, endereçado ao seu país.

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