|Ucrânia

Extrema-direita ucraniana celebrou aniversário de divisão nazi no centro de Kiev

Moscovo afirmou que a marcha evidencia mais uma vez que «o neonazismo na Ucrânia não é uma invenção ou propaganda da Rússia» e criticou Kiev por «glorificar os colaboradores nazis».

Marcha nas ruas de Kiev em honra da 14.ª Divisão de Granadeiros da Waffen-SS, conhecida como divisão Galícia 
Créditos / RT

Cerca de cem pessoas participaram, a meio desta semana, na marcha promovida na capital ucraniana por grupos nacionalistas de extrema-direita para assinalar o 78.º aniversário da criação da 14.ª Divisão de Granadeiros da Waffen-SS, conhecida como divisão Galícia.

Os manifestantes avançaram pelo centro da cidade, na quarta-feira à noite, com faixas, bandeiras e símbolos da divisão, que lutou lado a lado com os nazis durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto algumas mulheres levavam flores amarelas e azuis, as cores da bandeira nacional da Ucrânia.

No final, penduraram uma faixa numa ponte em que se mostrava soldados com uniforme nazi e se lia «a Ucrânia não esquecerá o soldado com o leão dourado na manga», em alusão ao emblema da divisão da Waffen-SS composta por voluntários ucranianos. De acordo com a RT, a Polícia bloqueou o trânsito para possibilitar a passagem da marcha.

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Combate à glorificação do nazismo com voto contra dos EUA e abstenção da UE

A Assembleia Geral da ONU aprovou, de forma esmagadora, uma resolução que a Rússia apresenta há vários anos contra a «glorificação do Nazismo», que não voltou a contar com o apoio dos países da NATO.

Marcha em honra de Stepan Bandera em Kiev
Marcha em honra de Stepan Bandera em Kiev Créditos / Twitter

Por iniciativa da Rússia, a resolução «Combater a glorificação do Nazismo, Neonazismo e outras práticas que contribuem para alimentar formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância relacionada» foi aprovada esta quarta-feira, na Assembleia Geral das Nações Unidas, com 130 votos a favor, dois votos contra (EUA e Ucrânia) e 51 abstenções (incluindo a de Portugal, de todos os estados-membros da União Europeia e outros países «sérios», como o Reino Unido, que definem o que são eleições «sérias» ou «direitos humanos», e decretam sanções contra «países não sérios»).

A resolução apela aos estados membros da ONU para que aprovem legislação para «eliminar todas as formas de discriminação racial» e expressa «profunda preocupação sobre a glorificação, sob qualquer forma, do movimento nazi, do neonazismo e de antigos membros da organização Waffen-SS».

Neste sentido, refere-se à construção de monumentos e memoriais, bem como à celebração de manifestações públicas em nome da glorificação do passado nazi, do movimento nazi e do neonazismo.

Os apoiantes da resolução mostram-se preocupados com «as tentativas cada vez mais frequentes de profanar ou demolir monumentos erigidos em memória daqueles que combateram o nazismo na Segunda Guerra Mundial, bem como de exumar ou remover os restos mortais dessas pessoas», informa a agência TASS.


O texto da resolução destaca também o alarme da Assembleia Geral das Nações Unidas perante «a utilização das tecnologias de informação, da Internet e das redes sociais, por grupos neonazis, bem como outros grupos extremistas e indivíduos que defendem ideologias de ódio, para recrutar novos membros, visando em especial crianças e jovens».

A Assembleia Geral, refere a TASS, recomenda aos estados que «tomem as medidas concretas apropriadas, incluindo legislativas e educativas (...) para evitar o revisionismo sobre a Segunda Guerra Mundial e a negação de crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos na Segunda Guerra Mundial».

A representação diplomática dos Estados Unidos junto das Nações Unidas, refere a RT, lembrou que vota repetidamente contra a resolução russa, todos os anos, porque se trata de um documento bem conhecido pelas suas tentativas de legitimar as «narrativas de desinformação russa», que «denigrem os países vizinhos sob a aparência cínica de travar a glorificação do nazismo».

Para além disso, afirmou que a resolução é contrária ao «direito de liberdade de expressão», a que também os «nazis confessos» têm direito, tal como estipulado pelo Supremo Tribunal dos EUA.

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A SS Galicia, formada em Lvov em 1943, era integrada sobretudo por ucranianos que queriam lutar ao lado da Alemanha nazi contra a União Soviética e que combateram, acima de tudo, grupos de partisans locais.

Posteriormente, serviu de base à formação do Exército Nacional Ucraniano e assim se manteve até ao final da guerra na Europa, em Maio de 1945. Foi acusada de participar em múltiplas atrocidades, incluindo a eliminação das comunidades polacas no Ocidente da Ucrânia e o massacre de civis durante as suas acções anti-guerrilheiras.

«Os seguidores da ideologia nazi-fascista sentem total impunidade na Ucrânia»

Na quinta-feira, Maria Zakharova, porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, afirmou que a marcha de homenagem à SS Galicia se vem juntar a uma série de factos que evidenciam mais uma vez que «o neonazismo na Ucrânia não é uma invenção ou propaganda da Rússia», tendo lamentado ainda que «a escala e a frequência dos eventos dos neonazis vá em crescendo, adquirindo um carácter cada vez mais agressivo», informa a RT.

A funcionária russa acusou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de manter uma «política permissiva para com os nacionalistas radicais ucranianos, de manipular a história da Grande Guerra Pátria e de glorificar os colaboradores nazis».

«Os seguidores da ideologia nazi-fascista sentem total impunidade na Ucrânia e, inclusive, o apoio das autoridades. Esta política oficial de Kiev é um insulto à memória não só do povo russo e ucraniano, mas de todos os povos da antiga União Soviética, cujos soldados deram a vida pelo futuro das gerações vindouras, incluindo as dos cidadãos da actual Ucrânia», declarou Zakharova.

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