O protesto, com a participação de familiares de presos em greve de fome, teve lugar na praça Nelson Mandela, na cidade de Ramallah, na Margem Ocidental, relata a Al-Jazeera. Cerca de 1500 detidos em prisões israelitas começaram a recusar alimentos a 17 de Abril, Dia dos Presos Palestinianos, ingerindo apenas água e sal.
Nos últimos dias têm-se repetido acções de solidariedade para com os presos palestinianos em protesto, com estabelecimentos do sector da restauração na Margem Ocidental a incluirem água com sal nos seus menus. Também em Gaza há relatos de acções idênticas, de acordo com a agência palestiniana Ma'an.
O número de prisioneiros em greve de fome tem vindo a crescer. Ontem, o secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), Ahmed Saadat, aderiu ao protesto, assim como líderes dos ramos prisionais de outras organizações, como o Hamas.
Com a greve de fome, os prisioneiros palestinianos protestam, entre outras coisas, contra as condições extremas de encarceramento, as torturas, os maus-tratos, a negligência médica e o recurso à detenção administrativa – que permite às autoridades israelitas manter os palestinianos presos, sem julgamento e culpa formada, por períodos de seis meses renováveis indefinidamente.
Israel responde com retaliações sobre os prisioneiros
De acordo com a associação de apoio aos presos palestinianos Addameer, há cerca de 6500 presos palestinianos nos cárceres israelitas, 400 dos quais menores de 18 anos, 58 mulheres e cerca de 600 em «detenção administrativa», ou seja, sem qualquer acusação. Vários líderes de diversas organizações palestinianas estão ou passaram por cadeias israelitas e, actualmente, há 13 membros eleitos para o Conselho Legislativo da Autoridade Palestiniana encarcerados.
As represálias por parte dos serviços prisionais israelitas, que começaram logo no primeiro dia de greve de fome, têm vindo a intensificar-se. Após a proibição de visitas, tanto das famílias como dos advogados, chegam relatos de um número crescente de detidos colocados em situação de isolamento.
Na passada semana, advogados da Addameer visitaram três cadeias israelitas, onde tentaram contactar com os prisioneiros em greve de fome. Apesar de o serviço prisional ter recusado a intenção, conseguiram falar com presos palestinianos que não tinham aderido ao protesto e que denunciaram tranferências para secções de isolamento ou para outras cadeias, numa tentativa de quebrar a unidade.
Cruz Vermelha denuncia violações ao Direito Internacional
O chefe da delegação do Comité Internacional da Cruz Vermelha em Israel e nos territórios ocupados divulgou um comunicado, ontem, em que afirma que Israel viola o Direito Internacional Humanitário, colocando obstáculos às visitas aos presos por familiares.
Jacques de Maio lembra que «os palestinianos estão detidos em Israel, e não nos territórios ocupados como obriga a lei de ocupação. Como consequência, os familiares têm muito menos acesso aos seus parentes detidos, já que necessitam de licenças especiais e têm que fazer longas viagens para os visitar, com controlos e tempos de espera nos checkpoints ou nas prisões».
«Desde 1968 que a Cruz Vermelha proporciona visitas familiares aos detidos em Israel, mas sejamos muito claros: esta é, em primeiro lugar, uma obrigação do Estado de Israel enquanto potência ocupante», concluiu.
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