Estima-se que este domingo um quarto da população libanesa (1,2 milhões de pessoas) tenha vindo para as ruas participar em manifestações de protesto contra a elevada inflação no país, o aumento do custo de vida, a tentativa de imposição de novos impostos, por parte do governo, e a corrupção das elites, informa a Prensa Latina.
Em Beirute, a praça Riad al-Solh tem sido o epicentro das manifestações e voltou a sê-lo ontem, segundo a AlManar, que dá conta de grandes manifestações ainda em cidades como Trípoli, no Norte do país, e Tiro, no Sul.
Hoje, quinto dia dos protestos – que rebentaram na quinta-feira passada, após ser conhecida a intenção do governo de taxar as mensagens através de aplicações como a WhatsApp –, várias estradas permanecem cortadas pelos manifestantes em cidades como Beirute, Jounieh, Trípoli, Sídon, Tiro e Nabatiyeh.
Executivo reunido
A sessão do executivo libanês, que é presidida pelo presidente do país, Michel Aoun, e teve início às 11h (locais), conta com a presença de todos os ministros, à excepção de Violet al-Safadi e dos quatro ministros do Partido das Forças Libanesas que integravam o governo e se demitiram no sábado.
Em cima da mesa está o pacote de reformas do primeiro-ministro, Saad Hariri, que, na sexta-feira passada, deu aos ministros do seu governo um prazo de 72 horas para apresentarem um plano de reformas visando o reforço das finanças do país e assegurar a «ajuda económica externa» – que, segundo a PressTV, deve implicar a privatização de serviços (nomeadamente do sector das telecomunicações), o envolvimento dos bancos na «ajuda» e a redução dos salários de ministros e deputados.
Antes de a sessão começar, o presidente libanês disse à imprensa estar solidário com os protestos dos manifestantes, que «expressam o sofrimento das pessoas», mas considerou injustas as acusações de corrupção contra toda a classe política por igual.
A palha que derrubou o camelo
No sábado, o secretário-geral do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, disse que a taxa proposta foi a palha que vergou o lombo do camelo, querendo com tal significar que a actual crise «não é nova» e que resulta de factores que se têm vindo a acumular «nos últimos dez ou 20 anos».
Nasrallah, que não se mostrou favorável à demissão do governo, disse ainda que o povo libanês não pode tolerar mais impostos e tarifas, sublinhando que a solução para os graves problemas que o país enfrenta não passa por ir ao bolso dos mais desfavorecidos, informam a Al-Mayadeen e a PressTV.
Valorizou as manifestações como «espontâneas e transparentes», pondo de parte a tese da «conspiração estrangeira», mas avisou os manifestantes para estarem alerta, para não se deixarem manipular.
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