O presidente russo Vladimir Putin convidou o presidente americano Donald Trump a visitar Moscovo, durante uma conferência de imprensa na África do Sul, por ocasião da cimeira dos BRICS. A Casa Branca acolheu favoravelmente a ideia, «apesar do persistente criticismo sobre a cimeira de Helsínquia», noticia a Reuters.
O líder russo afirmou serem necessárias «condições apropriadas» para a realização de uma nova cimeira entre os dois países, uma referência às declarações de vários políticos americanos criticando a recente cimeira de Helsínquia entre os dois países.
A resposta da presidência americana foi favorável («entusiástica, classifica a Reuters), com Sara Sanders, porta-voz da Casa Branca, a declarar que «o Presidente Trump está aberto a visitar Moscovo após receber um convite oficial», relembrando que ele [Trump] «espera receber em Washington o Presidente Putin no início do próximo ano».
Trump tem manifestado intenções de «melhorar as relações entre as duas potências nucleares, cujas relações mergulharam a um máximo [histórico] no pós-Guerra Fria», anota a Reuters, omitindo o papel da presidência Barack Obama e da sua Secretária de Estado, Hillary Clinton, para a degradação das relações entre os dois países.
A proposta do presidente russo pode desbloquear a situação delicada em que ficou Donald Trump depois de ter convidado Vladimir Putin para visitar os EUA, no que se esperava fosse um futuro próximo, e ter sido obrigado a adiar a visita para o próximo ano, face à campanha movida por círculos políticos e nos mídia americanos, a pretexto da «ingerência russa» nas eleições presidenciais americanas.
Responsáveis da segurança e da defesa dos dois países podem reunir-se
O Secretário da Defesa dos EUA, Jim Mattis, afirmou considerar a possibilidade de realizar «as primeiras conversações, em anos, entre os chefes da Defesa dos EUA e da Rússia», embora «ainda não tenha uma decisão nesse sentido», refere outra notícia da Reuters.
Declarações recentes do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Ryabkov, de que «o Consultor Nacional de Segurança dos EUA, John Bolton, poderá encontrar-se, no final do Verão, com o Secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev», vão no mesmo sentido.
A «ingerência russa» e as próximas eleições para o Congresso
O establishment americano tem tido dificuldade em aceitar a derrota do seu candidato, Hillary Clinton, nas passadas eleições presidenciais desse país, com os serviços secretos dos EUA a concluírem que Moscovo exerceu uma «campanha de influência para ajudar Trump, invadindo os computadores do Partido Democrata e usando falsas contas nos mídia sociais para denegrir a candidata Hillary Clinton», como escreve a Reuters. Porém, nenhuns comentários foram feitos nem investigações desenvolvidas sobre as sérias queixas de favorecimento ilegal de Hillary Clinton sobre Bernie Sanders, seu adversário nas eleições primárias do Partido Democrata, e que todas as sondagens davam como claramente vitorioso contra Donald Trump, na corrida à Presidência dos EUA.
Trump «está furioso» pela sugestão de que possa dever a sua vitória nas eleições à Rússia e tem caracterizado a investigação levada a cabo pelo Conselheiro Especial Robert Mueller uma «caça às bruxas». Face às acusações, feitas pelos seus assessores, de que «a Rússia continua a sua interferência na fase preparatória das eleições de Novembro para o Congresso», Trump reuniu com os seus conselheiros nacionais de segurança para garantir «a segurança das eleições», em particular ameaças de «actores estrangeiros malignos» e esforços para prover as autoridades estatais e locais «com assistência em cibersegurança».
Curiosamente, no mesmo dia foram veiculadas notícias de que o Pentágono (sede da CIA) desenvolve um software «não compre» para listar e bloquear vendedores que usem códigos de software originários da Rússia e da China, afirmou um responsável no sector das aquisições do Departamento da Defesa, citado pela Reuters.
Mas o maior desafio nas próximas eleições americanas, para os Democratas e Republicanos que defendem o establishment, parece residir nas candidaturas «rebeldes» à direcção do Partido Democrata, com largo apoio nas classes trabalhadoras e minorias étnicas, que desafiam o sistema a partir de uma postura que reivindicam como «socialista democrática» e já conseguiram um sexto entre os candidatos às primárias do Partido Democrata, como referiu ontem André Levy em artigo publicado no Abril Abril, e que reproduzimos.
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