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Quase 90 milhões de mexicanos vão hoje às urnas

As eleições que se celebram no México, consideradas históricas pela sua dimensão, têm interesse acrescido no caso da Presidência pela possibilidade de eleição do candidato que reivindica a «mudança».

O candidato progressista López Obrador no encerramento da campanha, na Cidade do México
Créditos / La Jornada

Mais de 89 milhões de eleitores são hoje chamados a votar nas maiores eleições da história do México. Para além da Presidência da República, a nível federal a votação decidirá a constituição do Senado e da Câmara dos Deputados. A nível local, estão em causa oito governadores, a chefia do governo da Cidade do México e as suas 16 delegações – que passarão a ser municípios –, congressos estatais, autarquias e milhares de cargos municipais.

Os locais de voto abrem às 8h (hora do Centro do México; 14h em Portugal continental) e encerram às 18h (duas horas mais tarde na zona mais ocidental do país, devido à diferença horária). O Instituto Nacional Eleitoral (INE), que acolheu dezenas de observadores estrangeiros desde sexta-feira, garantiu que as eleições «estão blindadas contra a fraude», indica a Prensa Latina.

A presença dos observadores estrangeiros e o trabalho conjunto desenvolvido com a Universidade Autónoma do México (UNAM) visam evitar cenários de «escândalo» semelhantes aos dos escrutínios de 2006 e 2012, marcados por fortes alegações de fraude e compra de votos.

34 mil polícias na Cidade do México

Só para a Cidade do México foram destacados 34 mil polícias, para proteger a recta final de um processo eleitoral muito distante da «democracia», marcado por extrema violência, nos períodos de campanha e pré-campanha, durante os quais foram registadas centenas de agressões, e mais de 130 políticos foram assassinados, alguns dos quais candidatos.

A era Peña Nieto continua aí e não vai desaparecer do pé para a mão, ganhe quem ganhar as eleições de hoje ao nível da chefia do Estado. Quem receber o testemunho do abanderado do PRI (um dos partidos do regime mexicano) terá uma herança mista de que fazem parte 50 milhões de mexicanos a viver na pobreza, a entrega ao capital privado de sectores fundamentais da economia, uma maior dependência do vizinho do Norte (EUA), altos níveis de corrupção, elevada «presença» do narcotráfico e do crime organizado, recordes de homicídios dolosos (mais de 29 mil em 2017) e de desaparecimentos forçados (os números variam mas apontam para mais de 30 mil nos últimos anos).

A corrupção, também na campanha

Ao longo da campanha eleitoral, vieram a público acusações que atingem sobretudo os dois candidatos do «sistema»: Ricardo Anaya (coligação Por México al Frente) é acusado de fraude fiscal e José Antonio Meade (Todos por México) foi acusado de realizar um desfalque na Petróleos de México (Pemex).

Ambos aparecem atrás, nas intenções de voto (Anaya em segundo e Meade em terceiro), de Andrés Manuel López Obrador, candidato progressista, da coligação Juntos Haremos Historia (que integra o Movimento de Regeneração Nacional (Morena), o Partido do Trabalho e o Partido Encontro Social). Jaime Rodríguez é candidato independente.

Uma eventual vitória de López Obrador, sistematicamente à frente das sondagens desde o início da campanha, está a ser encarada como um sinal de «saturação» por parte do povo mexicano, um desejo de «mudança», e teria também um forte significado político a nível internacional – quer pela proximidade dos EUA, quer pela actual conjuntura de ofensiva neoliberal contra a soberania e os interesses dos povos da América Latina.

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