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Resistência dos povos indígenas defendida em Cuba

Os debates da quinta edição do Colóquio Internacional de Estudos sobre Culturas Originárias da América centram-se esta quarta-feira, 12 de Outubro, no Dia da Resistência Indígena.

Povo Yanomami realiza manifestação na região do Ajarani, em Roraima
Créditos / Blog da Funai

Assinalado nalguns países latino-americanos e caribenhos como o Dia da Raça e em Espanha como o da Hispanidade, 12 de Outubro é designado noutros países da região como Dia da Resistência Indígena.

Pretende-se desta forma chamar a atenção para as lutas dos povos originários em defesa das suas culturas face à colonização espanhola, depois de o marinheiro genovês Cristóvão Colombo ter chegado com os seus navios ao continente americano, a 12 de Outubro de 1492.

Em Havana, desde ontem que representantes de seis países – investigadores, promotores culturais e activistas sociais – debatem na Casa das Américas os perigos e desafios que enfrentam desde o final do século XV as tradições e as línguas das nações autóctones da região, informa a Prensa Latina.

A quinta edição do Colóquio Internacional de Estudos sobre Culturas Originárias da América decorre até dia 14, procurando dar visibilidade às realidades dos povos indígenas da América Latina e das Caraíbas através de testemunhos de representantes de várias comunidades originárias e ao trabalho de investigadores.

Em declarações à Prensa Latina, a escritora mexicana Nadia López disse que, por vezes, a língua nativa do seu povo (mixteco) é vista como inferior ao espanhol, o que provoca um isolamento das raízes indígenas.

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Venezuela celebra Dia da Resistência Indígena

Num dia marcado pelo içar da bandeira tricolor no Panteão Nacional, em Caracas, será ainda tributada uma homenagem ao comandante Hugo Chávez. Também há cerimónias de carácter nacional na Bolívia, cujo presidente denunciou o «neocolonialismo imperialista».

Momento da cerimónia do içar da bandeira no Panteão Nacional, em Caracas
Créditos / minci.gob.ve

Nesta quinta-feira, feriado nacional na Venezuela, as comemorações do Dia da Resistência Indígena tiveram início às seis da manhã com o içar da bandeira tricolor no Panteão Nacional, num acto que contou com a presença do ministro da Defesa, Vlamidir Padrino López, e da ministra para os Povos Indígenas, Yamileth Mirabal Calderón, informa a Prensa Latina.

Entre as actividades previstas para hoje, destaca-se uma homenagem ao comandante Hugo Chávez, no Quartel da Montanha, em Caracas, «para reafirmar o juramento ao líder socialista da lealdade dos povos indígenas da Venezuela com a Revolução e a defesa do seu legado».

Pelo Twitter, o presidente venezuelano reivindicou o papel assumido pelos povos originários «face ao genocídio perpetrado pelo império espanhol no continente», salientando os «525 anos de luta pela sua dignidade, a sua cultura e o reconhecimento dos seus direitos», indica a AVN.

A Constituição da República Bolivariana da Venezuela, aprovada em 1999, consagrou os direitos dos povos indígenas. No artigo 119.º afirma-se que «o Estado reconhecerá a existência dos povos indígenas, a sua organização social, política e económica, as suas culturas, usos e costumes, idiomas e religiões, bem como os seus territórios e direitos originários sobre as terras que ancestral e tradicionalmente ocupam e que são necessárias para desenvolver e garantir as suas formas de vida».

Antes da Revolução Bolivariana, neste dia assinalava-se a chegada de Cristóvão Colombo ao continente americano – ou seja, o início da colonização espanhola destas terras e o extermínio da sua população indígena.

Vingava a noção de «descobrimento» ou «descoberta», e 12 de Outubro chegou a ser celebrado como «Dia da Raça». Contudo, na Venezuela revolucionária, um decreto do presidente Hugo Chávez, datado de 10 de Outubro de 2002, instaurou o Dia da Resistência Indígena. Desde então, a 12 de Outubro assinala-se a gesta heróica dos povos aborígenes da América e o reconhecimento da luta pela sua dignidade, diversidade cultural e humana.

Evo Morales condena «neocolonialismo»

Também na Bolívia se assinala a resistência dos povos indígenas. No Dia da Descolonização (12 de Outubro), além do reconhecimento aos que foram mortos durante a colonização, o Estado Plurinacional boliviano promove actividades destinadas a fomentar, divulgar e implementar políticas públicas de descolonização, informa a TeleSur.

O chefe de Estado boliviano, que em múltiplas ocasiões instou os governantes mundiais a empreender acções colectivas para defender o direito dos povos indígenas ao desenvolvimento, mantendo a sua cultura e costumes, denunciou o facto de «actualmente ainda se esconderem os crimes do imperialismo contra os povos indígenas».

No Twitter, Evo Morales criticou o facto de «se chamar "descobrimento" ao que na verdade foi uma invasão» e denunciou a existência dos «muros segregacionistas» erguidos pelo «neocolonialismo imperialista», que «procura dividir-nos com o racismo e alienar-nos com o consumismo», disse, citado pela TeleSur.

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Como parte dos direitos linguísticos desta linhagem, a sua comunidade trabalha na criação de sistemas de educação bilingue e em assembleias para criar espaços seguros de uso da língua, referiu a também poeta.

O Programa de Estudos sobre Culturas Originárias da América tornou pública uma declaração a 9 de Agosto último, Dia Internacional dos Povos Indígenas, precisamente como resposta às denúncias sistemáticas sobre reivindicações não atendidas e direitos violados destes povos.

O encontro em Cuba conta com a participação de delegados de Brasil, Chile, Colômbia, Estados Unidos da América, Guatemala e México, e faz parte das acções da Década Internacional das Línguas Indígenas proclamada pela Organização das Nações Unidas.

Sobre a chegada dos espanhóis à América, a agência cubana lembra que o escritor uruguaio Eduardo Galeano, grande defensor das culturas autóctones do continente, escreveu, em Los hijos de los días:

«En 1492, los nativos descubrieron que eran indios, descubrieron que vivían en América, descubrieron que estaban desnudos, descubrieron que existía el pecado, descubrieron que debían obediencia a un rey y a una reina de otro mundo y a un dios de otro cielo, y que ese dios había inventado la culpa y el vestido y había mandado que fuera quemado vivo quien adorara al sol y a la luna y a la tierra y a la lluvia que la moja».

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