Caças da coligação liderada pelos sauditas atingiram, no passado dia 9, um autocarro escolar na zona de Dahyan, na província iemenita de Sa'ada, provocando mais de 50 vítimas mortais – 40 das quais terão sido crianças, de acordo com as autoridades hutis – e cerca de 80 feridos.
Poucos dias depois, surgiram as primeiras evidências no terreno de que a bomba utilizada no ataque ao autocarro escolar era de fabrico norte-americano – situação que a cadeia CNN confirmou.
Apesar disto, das imagens das crianças mortas, das feridas a receber assistência hospitalar, do funeral que se seguiu, ontem, numa entrevista à CNN, o coronel Turki al-Maliki, representante da aliança que, desde Março de 2015, mantém uma ofensiva militar contra o Iémen, negou que a viatura atingida naquele ataque fosse um autocarro cheio de crianças.
De acordo com o militar saudita, tal não podia ser «porque não havia escola quando o incidente ocorreu». «Jamais vimos quaisquer crianças no autocarro», disse al-Maliki à cadeia norte-americana, acrescentando que «a coligação levou a cabo um ataque contra comandantes e combatentes hutis que seguiam no autocarro». Neste sentido, o alvo atacado foi «legítimo», defendeu.
No entanto, sublinha a PressTV, as observações feitas pelo porta-voz da coligação liderada pelos sauditas parecem chocar com o que disse na véspera Mansour al-Mansour, porta-voz da equipa conjunta de avaliação de incidentes (JIAT, na sigla inglesa), ao afirmar que «uma investigação sobre o caso tinha encontrado erros anteriores ao ataque que "provocaram danos colaterais"».
Al-Mansour, coronel do Bahrain que, de acordo com The Independent, está ligado à violenta repressão e tortura sobre manifestantes no seu país, foi apontado pela Arábia Saudita como conselheiro legal da JIAT para lidar com as acusações relativas a massacres de civis cometidos pela coligação saudita no Iémen.
«Aparente crime de guerra»
A tentativa de limpar a imagem da coligação agressora no Iémen nos ecrãs da CNN ocorreu no mesmo dia em que uma organização não governamental (ONG) caracterizou o massacre de 9 de Agosto como um «aparente crime de guerra».
A ONG pediu que se acabe com a venda de armas à Arábia Saudita, lembrando que, para além do «ataque a um autocarro cheio de jovens rapazes», a aliança liderada pelos sauditas «detém um registo macabro de matar civis em casamentos, funerais, hospitais e escolas no Iémen».
Acusou ainda «os países que têm conhecimento desse historial e que fornecem mais bombas aos sauditas de serem cúmplices de futuros ataques mortíferos a civis», informa a PressTV.
Mais recentemente, os sauditas foram acusados de perpetrar um novo massacre no distrito de Duraihimi, na cidade costeira de Hudaydah. De acordo com as autoridades imenenitas, pelo menos 31 pessoas morreram – 22 das quais mulheres e quatro crianças – na sequência de bombardeamentos levados a cabo pela aviação de Riade no passado dia 23 de Agosto.
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